Peso na mochila

Sempre que alguém busca saber o limite de peso a carregar na mochila encontra como resposta que o peso da mochila deve representar 10% do peso corporal do peregrino. Então, quem recebe a informação calcula os dez por cento de seu peso, sem levar em consideração outras questões, e toma essa medida como limite.

Assim, um peregrino com 60 quilos entende que o limite de peso de sua mochila cheia deva ser de seis quilos e uma pessoa com 95 quilos, o limite de nove quilos e meio para o peso de sua mochila.

Em princípio eu aceitava essa recomendação e até cheguei a repassar a mesma a algumas pessoas, assim, sem senões.

Depois de pensar sobre o assunto formei outro juízo e hoje defendo a tese de que essa teoria é errônea e deve ser desprezada, pelo menos na forma como vem sendo tratada.

Não conheço uma fórmula matemática para a solução desta questão mas acho que quando passamos essa informação para terceiros devemos salientar das exceções.

Explico a seguir o porquê de discordar dessa teoria.

Tomemos como ponto de partida três pessoas do mesmo sexo, neste caso homens e todas as três com 1,80 metros de altura, onde:

. O sujeito “A” pesa 78 quilos e leva uma vida normal, sem se exercitar;
. O sujeito “B” também pesa 78 quilos mas faz exercícios regulares e possui massa muscular;
. O sujeito “C” pesa 98 quilos e também leva uma vida sem exercícios.

Segundo a tabela de IMC (Índice de Massa Corpórea), o peso considerado ideal para pessoas com 1,80 m de altura é entre 60 e 81 quilos. Desta forma, os sujeitos “A” e “B” estão na faixa normal e o sujeito “C” já saiu da faixa normal, ultrapassou a faixa “Acima do Peso” e se encontra na faixa de Obesidade 1. E, para agravar, o sujeito “C” não possui massa muscular desenvolvida.

Partindo dessas premissas podemos inferir que o sujeito “C” já está impondo ao seu esqueleto e ao seu conjunto de músculos o ônus de carregar 17 quilos extras de gordura [98(seu peso) – 81(peso máximo para sua altura].

Segundo a teoria de que cada pessoa pode carregar 10% de seu peso, os dois primeiros poderiam carregar uma mochila com 7,8 quilos e o sujeito “C” poderia levar uma mochila com 9,8 quilos.

Ora, se o sujeito “C” já está com uma sobrecarga no próprio organismo como pode carregar mais peso?

Da mesma forma o sujeito “A”, que tem o mesmo peso do sujeito “B”, mas não possui preparo físico, como pode levar o mesmo peso do outro?

Se passarmos a dizer que o peso máximo é de dez por cento do peso ideal segundo cálculo do IMC, ainda teríamos a questão do preparo físico do peregrino.

O conteúdo deste artigo não tem fundamentação científica e retrata meu modo de pensar sobre este tema e busca levantar a questão para que e as pessoas tenham consciência dos riscos do excesso de peso nas mochilas, buscando evitar algumas lesões. Afastar a tentação de levar a casa nas costas.

Você concorda ou discorda? Tem alguma opinião ou sugestão? Gostaria de complementar o raciocínio? Então expresse-se nos comentários.

Por: Maurício Berka