Bom Jardim da Serra/SC

10 a 12/08/2012

Das leituras que fazíamos para a Marina quando criança, ficou-nos na memória uma palavra usada por Mary Poppins para expressar algo extremamente maravilhoso. E essa palavra me parece muito apropriada para definir este evento: SUPERCALIFRAGILISTIC*!

Aportuguesando um pouco, podemos afirmar que nosso final de semana foi supercalifragiliscamente maravilhoso, delicioso, aconchegante e ímpar.

Desta vez ousamos ao iniciar as atividades na sexta-feira, incluindo mais um dia de caminhada. O horário marcado para a saída era às 6 horas da manhã e, merece registro aqui, que todos os associados participantes chegaram antes do horário marcado, sinalizando que estavam todos afinados com o espírito participativo. Uma alegria geral no terminal demonstrava o alto nível de entrosamento do grupo.

Ali a primeira surpresa. Nosso Presidente Rudi, que num gesto de carinho e consideração pulou cedo da cama e deslocou-se ao terminal para dar as boas vindas a todos e desejar um bom caminho, apesar de que não iria conosco.

Bagagem guardada, contagem dos passageiros efetuada, a mensagem de boas vindas do motorista que fez uso do microfone e lá estávamos na estrada acompanhando o despertar do novo dia. Rumávamos ao sul do Estado de Santa Catarina.

Esta atividade foi organizada por Margareth Schmitz Ferreira, Sérgio da Silva Conceição e Patrícia Coimbra. Infelizmente a Patrícia não pode nos acompanhar. A Margareth e o Sérgio já mostravam no Terminal Urbano e no ônibus que não deixariam detalhe sem cuidado especial. Falavam com todos questionando se estava tudo bem e se havia algo a ser melhorado.

Uma parada para o lanche matinal e mais estrada. Por volta das 10h30min, chegamos a localidade de Guatá, no município de Lauro Müller. O ônibus estacionou no pátio de um hotel que fica à margem da SC-438, mais conhecida como a Serra do Rio do Rastro. Ali fizemos os alongamentos e oração, tudo sob a orientação do experiente Fernando Higa que coordenou este papel durante todo o evento.

O relógio marcava 11h02min quando começamos a caminhada à margem da rodovia rumo ao topo.

Caminhávamos devagar porque a natureza não parava de chamar a nossa atenção. Quando se passa em algum lugar de carro consegue-se apreciar a natureza, mas de uma forma superficial. Caminhando, praticamente todos os detalhes são percebidos. E gostamos de absorver cada um deles com calma, como se faz quando se toma um bom vinho ou quando se ouve uma bela melodia. Queremos também eternizar toda essa exuberância em fotos, das quais algumas são divulgadas aqui.

E assim subíamos. Muitas vezes acenando para os motoristas e passageiros dos carros que passavam e buzinavam e também acenavam para nós. Muitos motoristas deixavam claro que apoiavam e curtiam nossa aventura.

Parávamos para as fotos, para beber água ou bicar as destiladas do cinturão do Beto.

O dia de sol permitia-nos apreciar a paisagem até bem longe. Quando os raios do sol jogavam-se sobre as escarpas da montanha, iluminando as matas que teimam em crescer naquelas rochas, davam-nos um show de luzes e sombras.

O Cláudio, motorista do ônibus, com sua paciência dava-nos um tempo para caminhar e depois subia até um ponto pouco acima de onde estávamos e parava novamente para o caso de ser necessário algum socorro.

O relógio registrava 16 horas no momento em que chegamos ao mirante do topo da serra. Divino. Maravilhoso.

Ali fizemos um lanche e seguimos de ônibus para a Fazenda Santa Rita, situada numa bela propriedade rural cuja paisagem cravejada de araucárias deixava claro que estávamos na serra. A fazenda está situada no município de Bom Jardim da Serra, conhecida como a Capital das Águas pela grande quantidade rios e cascatas que enriquecem sua paisagem.

Amigos, boa comida, ambiente aconchegante, cantoria e um bom vinho. Assim foi nossa primeira noite depois da caminhada de subida da serra. Todos de banho tomado, refeitos e agasalhados nos reunimos no salão do restaurante da fazenda. Ao canto uma lareira que sob o vigor do fogo aquecia o ambiente. Comida deliciosa, em quantidade e variedade para todos os gostos. Conversas nas mesas entre as garfadas. Muitas histórias e estórias. Alegria e compartilhamento. Daí veio o violão e o Beto nos presenteou com canções que cantamos com ele, neste momento já agrupados ao redor de uma única mesa. Fusão.

O sono merecido.

O céu amanheceu azul e o sol com uma tonalidade extremamente dourada derramava-se sobre a relva e nos trazia o conforto do aquecimento na manhã fria da altitude.

Aguardamos a abertura do salão de refeições para o café da manhã no jardim. Cada um chegando ao seu tempo. Fotos com o cavalo que já pastava, no açude ou com a araucária bela e imponente ao fundo.

Então tocou o sino e a porta se abriu. Um festival de exclamações foi o que se ouviu. Como dizer em palavras a fartura que havia sobre a mesa? Só de grandes potes de biscoitos eram doze. Dois rocamboles. Cinco bolos. Pães de todos os tipos e formatos. Apfestrudel de maçã, sucos, doces, orelhas de gato e um sem fim de quitutes.

Neste dia íamos ao Cânion das Laranjeiras. Seguimos de ônibus até determinado ponto e dali partimos sob a orientação de três guias.

Caminhamos aproximadamente 12 km até chegarmos ao cânion. Passamos por muitos pastos e alagados onde tínhamos que nos equilibrar no topo das touceiras para não afundarmos o pé na lama preta. Em determinado momento, onde passaríamos por mata um pouco mais densa, os guias solicitaram que ficássemos bem próximos porque havia felinos na região. Chegamos a ver as marcas da pata de um deles às margens de um pequeno córrego, provavelmente onde foi beber. Ainda durante a caminhada de ida, quando passamos num trecho de estrada rural, um carro da fazenda nos trouxe sanduíches, água e maçã para lancharmos, o que fizemos mais à frente quando encontramos um pouco de sombra. Mais tarde tivemos que atravessar um pequeno riacho. Tiramos as botas, arregaçamos as pernas da calça e entramos na água que estava gelada. O Fernando, deu travessia para a Carlota.

Assim que chegamos próximos ao cânion pudemos sentir a força da natureza. Aqueles paredões de rocha com centenas de metros de altura davam a impressão de que parte da paisagem afundara para formar a planície que vai até o litoral. Do outro lado uma longa cachoeira projetava-se no ar e caía sobre um degrau de rocha onde formava uma piscina e, dali, caía novamente em três cachoeiras menores. Ficamos ali algum tempo absorvendo aquela beleza toda.

Depois caminhamos por mais três km até o local onde o ônibus nos esperava para levar à fazenda.

Lá a caixinha de surpresa nos esperava com novidades. Desta vez um fogo de chão com uma panela de pinhão dentro de um paiol com vários bancos e um violeiro. Sentados, conversávamos ouvindo as músicas e comendo pinhão enquanto esperávamos o jantar, neste dia churrasco e mais uma mesa cheia de opções.

Muita confraternização e conversas nas mesas durante o jantar.

Mais uma noite reconfortante de sono.

Na manhã seguinte novamente o farto e delicioso café da fazenda.

Seguimos, então para visitar o Cânion do Funil. No local onde o ônibus nos deixou soprava um forte vento e as jaquetas mostraram sua grande utilidade.

Numa caminhada de 7 km de ida e retorno pela mesma trilha, perfazendo 14 km, visitamos este impressionante cânion onde o planalto está bem definido nos paredões de rocha e, lá no meio, bem à nossa frente o funil emborcado apontando para o céu. Um dos guias levou seu filho, Artur, que caminhou parte do percurso com o grupo. Em determinado momento ele sentiu dor na perna e foi assistido pela Clarice e Vanisi. Depois seguiu um pouco com o carro de apoio.

Após a caminhada do Cânion do Funil, seguimos para o centro da cidade onde almoçamos.

Terminado o almoço fomos até a praça e, em frente a igreja formamos um círculo onde alguns deram seus depoimentos sobre a caminhada, sempre elogiosos aos organizadores presentes Margareth e Sérgio, fizemos a tradicional oração e encerramos com o abraço peregrino (coração com coração), selando nossa amizade fraternal, ficando a certeza de que muitos caminhos nos esperam.

Neste final de semana caminhamos 42 km de belíssimas paisagens.

Difícil também expressar o capricho e dedicação da Margareth e do Sérgio na organização e acompanhamento do evento. Tudo de forma voluntária, como tem sido com todos os sócios que têm colaborado com a ACACSC na organização das caminhadas.

Obrigado Margareth e Sérgio por este agradável final de semana que ficará registrado na mente dos que tiveram a sorte de poder participar. Acreditamos que este é o sentimento de todos. Gratidão.

Por: Maurício Berka


* A expressão completa é “Supercalifragilisticexpialidocious” e as raízes da palavra foram definidos da seguinte forma: super=”acima”, cali=”beleza”, fragilistic=”delicado”, expiali=”expiar”, e docious=”educável”, com a soma de estas peças signifique aproximadamente “expiar educabilidade através de delicada beleza.” (fonte: Wikipédia)


Mapas com trajetos percorridos:


Fotos de Maurício e Clarice Berka:


Fotos de Sérgio da Silva Conceição:


Fotos de Ruy Eduardo Barrios Pratini:

Detalhes do Evento