Era tardinha do dia 03 de agosto de 2012, havia em mim uma certa inquietude, sabia que também outras 26 pessoas estavam inquietas, uns viajando de Blumenau para Florianopolis, outros daqui, dirigindo-se para o Terminal Urbano, naquele trânsito caótico. Havia também uma particularidade comum, todos calçados com suas botas de caminhada, roupas esportivas, cajados, mochilas, chapéus e todos apetrechos que utilizam os peregrinos e então somos outros, possuídos pelo espírito de busca e inquietude “peregrinos” ao rumo de São Martinho(SC). Bom ônibus, boas vindas a todos, palestra da Rosângela sobre a programação da caminhada, oração, parada para lanche no Restaurante do Boi, mais estrada e o paradisíaco Lago Heinzen. A recepção, fomos acomodados em lindos chalés de madeira de eucalipto, construídos sobre o lago, com camas, cadeiras, mesa e pia tudo em eucalipto.
Que paz! Que silêncio! Que energia! Que sono reparador!
Dia 04 de agosto, logo pela manhazinha encontramos o Guido Heizen e sua esposa Marcia (estes um capítulo a parte), juntamente com os zeladores do local Luiz e Zélia, preparando o café da manhã. Aos poucos fomos nos reunindo em torno da farta mesa, onde também era farta a alegria, cordialidade e a receptividade.
Reunidos em frente ao restaurante, sob o comando da super Rosângela, assessorada pelo “falante” Stanis, agradecemos a Deus por tudo, pelo sol, pela natureza, pela saúde e por podermos estar ali e ao Guido e a Márcia por nos oferecerem um local tão acolhedor, com tamanha simpatia e desprendimento.
Iniciamos a caminhada por estradinhas floridas, por estrada de chão batido com matas de matizes diversos, predominando o verde, é claro, que as vezes era quebrado pelas multicoloridas flores dos manacás. Trilhas roçadas para nossa passagem, com subidas, barrancos, aguadas, vistas de admirável distância e recheadas por árvores de frutas cítricas, onde em suas sombras fazíamos nosso descanso saboreando doces laranjas e bergamotas.
Assim vencemos os 14,9 km, Como combustível, tivemos ao longo do caminho alegres “charlas” peregrinas, aquecidas pelas anedotas e causos e sem dúvida pelos “stop pinga”. Houve também um pequeno contratempo digestivo, por alguém que não posso citar o nome porque não sou dedo duro, mas que comeu demais, isso comeu. Mas nós somos pessoas felizes e somos felizes porque sabemos aceitar as adversidades, dominá-las, resolvê-las ou aceitá-las com resignação.
Fim da trilha, São Martinho, restaurante Fluss Haus. Destaque para o almoço, entre outras maravilhas o purê de maçã com leitão a pururuca.
Retorno opcional, de ônibus ou a pé, mais 7 km, a maioria optou por ir a pé, inclusive eu, hehehe.
Banho, repouso e aos poucos fomos nos reunindo no restaurante para saborear bom vinho ou cervejas, desfrutar de ambiente acolhedor, da beleza do local, da simpatia do casal Guido e Márcia, em animadas conversas, ao som de música ao vivo, com acompanhamento do coral de peregrinos, jantar espetacular, com uma carpa de 6 kg, como prato principal e finalmente um cordial boa noite.
Dia 04.08, manhazinha cinzenta, mas o clima entre os participantes era tão contagiante como se fosse a luz do sol. Alguns matutinos inquietos caminharam no contorno do lago, eu os observava pela varanda do chalé, com uma pontinha de inveja.
Café, oração, agradecimentos e vamos caminhar por estradas rurais, com as mesmas matas verdes, sempre com o ruído agradável de águas a correr por riachos com cascatas, casas com jardins de plantas orgulhosamente cuidadas, até a fábrica KLEINER SCHEIN.
Eis o capítulo a parte, para contar daria um livro, farei breve referência, de início com uma pergunta: já entraram em uma marcenaria sem deparar com nenhum pozinho ou serragem? Esta é a Kleiner Schein, moderna, a pouca madeira que é cortada com serras tradicionais operam sob potentes exaustores e todos os demais cortes, principalmente em lâminas de MDF são feitos com a precisão do laser que possibilita cortes artísticos e extrema beleza em peças ornamentais com foco artesanal. Todos os modelos das peças produzidas são criados pelas mãos da Márcia, artista nata, que Deus enviou para dar beleza e vida às casas que possuem suas obras. E o Guido! Sorri orgulhoso ao mostrar sua empresa, moderna e avançada, sob o padrão de beleza total, tanto nos pavilhões como na organização de equipamentos, com aproximadamente 300 empregos diretos e que iniciou em uma garagem que ficou pequena. Parabéns! KLEINER SCHEIN, pequeno brilho!
Voltamos caminhando até o Lago Heinzen, para o almoço de despedida entre conversas que traduziam a felicidade e o amor fraterno.
Como o Beto, que sabe ler o futuro nas linhas da vida, na palma das mãos, eu sei ler o momento pelo brilho dos olhos. Lá estavam olhos azuis, verdes, castanhos e negros, todos com o mesmo brilho de felicidade. Como o Stanis e a Rosângela convidaram a Associação Catarinense dos Amigos do Caminho de Santiago e seus associados para a visita a seus grandes amigos Guido e Márcia, como gratidão por este inesquecível final de semana lhes oferecemos o brilho de nossos olhos.
Muito obrigado!
Rudi Zen
Bom dia!
Realizamos entre os dias 3 a 5 próximo passado a programada caminhada.
Sentimos o brilho nos olhos dos peregrinos, por conta da recepção oferecida pelo Guido e pela Márcia.
Dizer que nos sentimos em casa é muito pouco. Foram dois dias muito felizes onde comemos bem, bebemos bem e caminhamos bem, além de, no domingo recebermos uma boa dose de cultura sobre manuseio da madeira o do laser.
Desde a abertura da trilha, às maravilhosas refeições, ao lugar encantador, sentimos em cada detalhe o carinho e o prazer com que os anfitriões nos receberam.
Obrigada Guido e Márcia e a equipe de apoio, Zélia, Luiz, e aos cozinheiros, Deus os abençoe.
Obrigada Ana e Rudi pela perfeita logística.
Obrigada aos peregrinos que com nossa alegria contagiamos a todos.
Obrigada aos 3 peregrinos que foram alojados um tanto precariamente, vocês foram ótimos. (Jota, precisas aprender umas piadas menos machista . . .)
Rosângela Balzan
Associação Catarinense dos Amigos do Caminho de Santiago de Compostela