Caminho Lagunar

De 06 a 10 de maio de 2014

Dia 06 de maio de 2014, saída de Maceió, de ônibus, da Praça de Santiago na orla da Ponta Verde até Santa Luzia do Norte. Recepção por autoridades e povo da cidade, bênção na igreja e apresentação folclórica e banda locais.

Santa Luzia do Norte é uma das povoações mais antigas de Alagoas, seus primeiros registros datam de 1633, quando foi ocupada por holandeses. Santa Luzia abriga hoje um bairro chamado Quilombo, onde moram remanescentes do tempo da escravidão em Alagoas.

Dia seguinte, caminhada até Coqueiro Seco que está situado às margens da Lagoa Mundaú, onde moram pescadores e marisqueiras. Tem o nome originário dos encontros frequentes de mercadores e viajantes à sombra de um coqueiro de palhas queimadas, diferenciado dos demais, onde eram realizados grandes negócios. O único registro histórico diz respeito à construção da Igreja revestida de azulejo português e um grande pátio (foi também visitada por D. Pedro II), que continua até hoje como a matriz da padroeira, Nossa Senhora Mãe dos Homens construída no século XVII pelo português José Cabral.

Na região dos canais que interligam as Lagoas Mundaú e Manguaba, aproveitamos para nos refrescar com um banho no Balneário do Broma, em piscinas de água corrente de fontes naturais do riacho do mesmo nome.

Seguimos para Riacho Velho, ponto de referência para os negros fujões na época da escravidão. Era o lugar onde primeiro se escondiam aqueles que conseguiam, a nado, atravessar a Lagoa Manguaba, vindos de engenhos da vila Alagoas, entre os séculos XVII e XIX, hoje Marechal Deodoro. Pernoitamos na sede da Associação de Alagoas.

De Riacho Velho, atravessamos a lagoa de barco, desembarcando em Massagueira de Cima, povoamento também conhecido como Massagueira. Na rua principal e no acesso ao povoado, encontramos rústicas barracas de venda de cocadas de variados sabores, broas de goma, bolos e suspiros, feitos pelos moradores. Em frente a Praça há a estátua de Padre Cícero e a capela de Nossa Senhora da Conceição.

Os moradores de Santa Rita sempre estiveram ligados à agricultura familiar de subsistência, principalmente o maxixe, o quiabo, e a macaxeira, plantados à sombra dos coqueirais, além das atividades que envolvem o coco, tais como subidores e tiradores, cambireiros, descascadores, o que é muito comum acontecer a cada dois meses, fazendo rodízio nos vários sítios existentes na Zona dos Canais. A pesca também tem seu lugar. Está presente no cotidiano da população, podendo-se ver à sombra das mangueiras, jaqueiras e fruta- pão, pescadores tecendo redes ou fabricando armadilhas de pesca. Percorrer esses canais possibilita conhecer a suavidade e a tranquilidade da vida que ali transcorre em meio à paisagem rural, manguezais, coqueirais e a Mata Atlântica de encosta.

Atravessando de barco, da lagoa Manguaba até a Prainha chegamos em Massagueira de Baixo. A paisagem é relaxante, com pescadores deslizando mansamente de canoa nas águas do canal, formando um conjunto com a ocupação antiga de sítios de coqueiros com casas- sede, de arquitetura típica, construídas a partir do final do século XIX.

Caminhamos os 8 quilômetros à beira da praia do Francês, a mais famosa de Alagoas com suas dunas, coqueirais, vegetação de restinga, águas azuis e areias brancas, chegando até a Barra de São Miguel, cidade que é um porto natural e foz do rio São Miguel, um dos primeiros pontos explorados pelos portugueses.

Na caminhada recolhemos uma pedra para ser depositada na Cruz de Ferro (como a de Santiago), onde tivemos uma celebração e homenagem pela comunidade de Malhadas.

Depois de trilharmos os últimos 11 km após a Cruz de Ferro, passamos pelo povoado de Taperaguá, e logo à entrada, um peregrino e uma peregrina da delegação de Santa Catarina sofreram assalto a mão armada, ficando sem suas mochilas. Alertados, a polícia e os moradores da região em nada puderam ajudar. Sentindo-se vulneráveis os participantes foram aconselhados pelos organizadores da caminhada a interromper o final do percurso que seria a visita à cidade histórica de Marechal Deodoro, lugar onde nasceu o primeiro Presidente da República do Brasil, Deodoro da Fonseca.

De ônibus, seguimos até o local do almoço, onde houve o encerramento com avaliação dos momentos solidários, das dificuldades, das emoções e da troca de conhecimentos. Importante foi constatar o trabalho social desenvolvido pela AACS-AL com as comunidades que se encontram na passagem do Caminho Lagunar. Uma solicitação importante foi feita à organização: mais segurança neste caminho. Após o almoço e avaliação retornamos à Maceió, ponto final da nossa caminhada que foi regada com chuva, sol, tempo nublado e travessias em diversos pontos de água, pois estávamos no período das chuvas na região.

Catarina Maria Rüdiger


Fotos: Catarina Maria Rüdiger

Detalhes do Evento