Mães Excepcionais

Autor: Lígia Maria Knabben Becker

Há tanto o que dizer sobre as mães! Muitas vezes esperamos para fazer isso em uma data cheia de festa como a que se comemora em Maio – o comercializadíssimo Dia das Mães, com mil presentes e homenagens bacanas. Mesmo com o conhecimento que nada supera os sentimentos verdadeiros cultivados nos corações sensíveis e amorosos, também aqui agora estou em rendição parcial ao escolher para festejar a data, um árduo tema, às mulheres, mães ou não. Com lucidez e amorosidade.

Embora constatada a enorme transformação na identidade feminina ao longo dos tempos, ainda assim, nós mulheres a buscamos bem intensamente. Da obscuridade à banalização do sexo, da pressão social à maternidade ao aborto, do casar-descasar, da jornada tripla de trabalho, enfim, inquietude e tensão em resposta a este novo ambiente para se adaptar e tentar construir um caminho de completude com escolhas seguras.

Neste universo de opções aparece o desejo de ser mãe. Mulher-mãe. Aquela que vai saborear a mais fantástica experiência humana. Exercitar o verbo amar em todas as suas potencialidades, tornar-se um ser excepcionalmente singular.

E quero falar neste escrito dessas mulheres excepcionais, as mães, especialmente as que geraram filhos ditos excepcionais, principalmente as crianças anencéfalas, questão discutida à exaustão neste ano de 2012, no Brasil.

A anencefalia é uma má-formação fetal congênita e irreversível, conhecida como a ausência parcial do encéfalo ou do crânio que leva à morte da criança poucas horas depois do parto, às vezes ainda no útero. Há casos de maior sobrevivência não ultrapassando mais de um ano de vida.

A mãe que sabe e decide gestar e dar à luz a uma criança com Síndrome de Down, com cegueira, muda ou surda, bebês sem braços ou pernas, ou outro tipo de deficiência física como a anencefalia, é uma mãe excepcional!

Soberbamente corajosa aquela que permite o serzinho sem cérebro progredir no seu ventre até ao nascimento e viver por breve tempo. Fado cumprido. Não precisa de leis que regulamentem sua conduta de amor, ao valorizar e respeitar o dom da vida, contrariando opiniões que pregam a liberdade do aborto eugênico seguindo os passos da eugenia feita nos moldes das matanças gregas do passado quando se assassinavam as crianças que nasciam com imperfeições ou eram afogadas conforme faziam algumas tribos primitivas.

Esses serezinhos necessitam dessa experiência no corpo mesmo que a má formação orgânica os tenha destituído do órgão cerebral, e há vida sim, embora em padrões diferentes dos considerados normais pelo conhecimento genético atual.

Os homens da lei ajuizaram a favor do aborto eugênico! Argumentaram que é em defesa à dignidade humana.

Não cabe a mim julgar nem negar o direito a quem aceita o aborto dos anencéfalos. Aqui estou no papel daquela escrevente que acredita na valorização do ser humano não pela sua estrutura biológica e na oportunidade reencarnatória das criaturinhas com anomalias físicas junto aos próprios familiares na programação dos caminhos da evolução a eles oferecida pelo plano Divino.

Um excepcional Dia das Mães!!!