PRESIDENTE GETÚLIO

    

   

Ubatan Gomes Gurgel*

 

INTRODUÇÃO

O município de Presidente Getúlio foi colonizado por imigrantes suíços, alemães e italianos. Mesmo com o pouco contato que tivemos com os atuais habitantes, notou-se que os mesmos guardam características e cultuam valores como: o amor ao trabalho, a honestidade; o zelo pelos bens públicos e muitos outros aspectos que contribuem para a formação de um povo acolhedor, alegre e participativo.

A natureza parece ter privilegiado a região dotando-a de um extenso vale de terra fértil e bem irrigada, cercada por morros com altitudes entre 200 e 800 m. Nesse gigantesco vaso natural, a vegetação se faz presente com enorme variedade de espécies formando florestas matas e campos agriculturáveis.

A irrigação de Presidente Getúlio é garantida pela bacia do Rio Krauel, que tem como afluente principal o Rio dos Índios. Inúmeros outros riachos e ribeirões estão espalhados por todo o território e desembocam nos dois rios citados.

Contando com os benefícios da natureza e um povo trabalhador, a economia do município é garantida por diferentes pilares como a agricultura, a pecuária, a indústria moveleira, a têxtil e outras.

PRIMEIRO DIA – 24/08/2019 – Sábado.

Para acomodar o grupo, foram necessários dois ônibus de trinta lugares cada. Os ônibus eram confortáveis e os motoristas educados, prestativos e cautelosos na direção. Não havendo banheiro a bordo, após uma hora de viagem, fizemos uma parada para o café da manhã. Seguimos a viagem tranquilamente e chegamos ao nosso hotel às 10:20 h. A programação prevista era comer algumas frutas e partir para a primeira caminhada. Houve entretanto um imprevisto, causado pelo engarrafamento na utilização dos banheiros disponíveis na recepção do hotel. Para evitar atrasos, foi colocado em ação um plano B emergencial, e os recepcionistas entregaram as chaves aos hóspedes que puderam então utilizar os banheiros dos respectivos quartos já devidamente distribuídos. Ao contrário do que se esperava para um leve lanche, estava disponível um café da manhã completo. Todos realimentados, partimos para a atividade mais desejada – caminhar.

Percorremos um pequeno percurso urbano, até pegarmos uma estrada de terra, com menos trânsito. Passamos por Morstifer e seguimos até a Serra Tucano. Daí, passamos por Urucurana. Pegamos então o trecho mais íngreme até chegarmos ao topo da Serra Vencida. Fomos então agraciados com uma vista deslumbrante do vale. Ele parecia ter sido emoldurado pelas elevações suaves que o cercam. Ali foi disponibilizado um lanche com frutas, refrigerantes e água. Recuperadas as energias, voltamos a caminhar. Passamos a seguir pela Igreja São Pedro, quase paralelamente ao percurso realizado inicialmente. Passamos então por uma região de compras da área rural identificando a Granja Barbeta e o alambique onde se produzem as Cachaças Pereira – Morro dos Ventos. Chegamos em seguida ao Rancho Alegre, onde foi servido um bom lanche, com comidas típicas regionais. Estava terminada a primeira caminhada do programa.

Para mim, houve oportunidade de experimentar tudo que um caminhante deseja encontrar: natureza exuberante, campos com plantações variadas, rebanhos de gados de várias espécies, ouvir o murmúrio das águas, o farfalhar das árvores e o canto dos pássaros, trocar ideias com amigos de outras jornadas e novos companheiros, só agora embarcados na mesma viagem.

Após o lanche, os ônibus nos conduziram ao hotel para o merecido banho e descanso. As acomodações do hotel eram muito boas. Quartos amplos, cama confortável e ótimo banho. O jantar foi farto, variado e saboroso, com música ao vivo garantida por uma dupla sertaneja que entoava com entusiasmo suas canções chorosas

O SEGUNDO DIA – 25/08/2019 – Domingo.

O dia começou bem, quando já no café da manhã foi anunciado o aniversário do nosso Presidente Carreirão. Cantou-se o “Parabéns” e todos o cumprimentaram com muito entusiasmo. A jornada desse segundo dia da programação teve características bem diferentes da que experimentamos no primeiro dia. Embora tenhamos caminhado tanto quanto na véspera, contamos com o apoio dos ônibus para cobrir alguns trechos mais longos e possibilitar a visita a algumas cachoeiras que são pontos de atração turísticas da região. A jornada teve início de ônibus, que nos levou até uma pequena trilha que dá acesso ao Salto Grahl. O local marca a confluência de dois riachos, afluentes do rio Índio que unem suas águas para o belo salto da Pedra do Leão. Voltando aos ônibus, fomos conduzidos até próximo da igreja de São Roque. À entrada da mesma, um casal de paroquianos aguardava o rebanho de devotos para um culto que aconteceria em seguida. Curiosos com nossa presença, fizeram muitas perguntas e acabaram participando da tradicional oração do grupo ao redor dos cajados dispostos ao centro. Após algumas instruções sobre os procedimentos esperados para a caminhada que iríamos iniciar, alertando para os cuidados exigidos no acesso às duas outras cachoeiras que estavam na programação.

Iniciamos a caminhar em direção à Barra da Jacutinga, acompanhando o Rio dos Índios. Ao longo do caminho, surgiram indicações de várias cachoeiras tais como: do Encanto, do Cará, da Anta e Tabarelli. Essas cachoeiras estão próximas umas das outras parecendo convidar os visitantes a apreciá-las. Nosso grupo visitou a Cascata São José, cujo acesso se fez de forma tranquila até o local de onde pudemos apreciar toda sua pujança. O cenário é para levar o visitante a meditar sobre a força da natureza, capaz de construir obras tão grandiosas. Nosso último desafio foi visitar a Cascata da Serraria, cujo acesso exigiu muito cuidado, orientação e ajuda dos guias. Os que venceram as dificuldades do caminho, foram brindados com mais um espetáculo da natureza.

Retornando à estrada, passamos por alguns locais de compras de produtos rurais e chegamos, enfim, ao restaurante onde foi servido o almoço. O cardápio da culinária catarinense agradou a todos. Um detalhe que chamou minha atenção e certamente a de muitos companheiros foi a forma como foi disponibilizada a bebida. Havia uma grande geladeira repleta de cervejas, refrigerantes e outras bebidas. A orientação era para que cada cliente se servisse à vontade e apresentasse ao final do almoço o seu consumo. Jamais tive conhecimento de tal prática em qualquer estabelecimento comercial no Brasil. Encerrado o almoço os ônibus nos levaram ao hotel para pegarmos as bagagens e encerrarmos as contas.

A viagem de volta transcorria normalmente, com a maior parte do grupo dormindo, até que na proximidade de Itajaí o trânsito parou. Enfrentamos um engarrafamento enorme devido a obras e uma carreta enguiçada que reduziu drasticamente o número de pistas disponíveis. Em consequência, a viagem foi retardada em uma hora além do tempo previsto. Nem esse contratempo foi capaz de abater o nível de satisfação do grupo. Parecia que todos estavam com energias renovadas e capazes de enfrentar situações como aquela sem aumentar seu nível de estresse.

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* Já na ida para nosso destino – Presidente Getúlio, na parada para o café da manhã, senti-me lisonjeado por ter sido escolhido para fazer um relato sobre a viagem que estávamos iniciando. Cheguei a identificar a escolha como uma ousadia do recém-empossado Presidente da ACASCS, o senhor Carreirão. Certamente no grupo formado, havia gente mais experiente e qualificada que eu, para o trabalho pretendido. Tentei esquivar-me da incumbência alegando uma agenda cheia de compromissos na volta do programa. Não consegui convencê-lo. Tive que acabar aceitando o desafio. Descrevi o que me foi dado apreciar no cumprimento da missão. É lógico que qualquer dos registros descritos terá tantas visões e interpretações quantos foram os componentes do grupo. Cada qual com seu modo de ver, seus gostos, sua formação cultural e suas experiências de vida.