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E mais, nestas comparações entre fazer o Caminho a pé ou
de bicicleta, me ocorre outra situação. Em quais estações do ano é
melhor para fazer um ou outro? Nos meses mais frios - novembro
a fevereiro -, com risco de neve, diminui bastante o número
absoluto de participantes, mas se nota uma redução signicativa
do percentual de ciclistas. Já nos meses de abril a setembro o
percentual de ciclistas aumenta. Como pedalamos em agosto, a
temperatura predominante durante o dia era acima de 30 graus
centígrados, às vezes atingindo os 37 graus, apesar do ar quente
ainda pedalava sem o desconforto que percebia nos peregrinos a
pé, como ocorre na região das mesetas. O ciclista o faz sem
desconforto extremo.
O Caminho Francês é Patrimônio da Humanidade. A
maioria o faz a pé, um percentual signicativo e crescente em
bicicleta. Alguns a cavalo e poucos em suas cadeiras de roda. A
experiência de fazê-lo de bicicleta foi muito rica, exigiu muito
esforço físico. Valeu muito a pena. Meu companheiro foi essencial
para que eupudesse completar todo percurso.
Tenho a seguinte convicção quanto ao número de ciclistas
para fazer juntos o Caminho: num grupo muito grande vai
imperar a opção de competir. O que não é bom. O número de dois
ou três funciona bemparamanter o ritmo e atender às paradas que
alguém sugere. Fazer sozinho temo problema de segurança e falta
de alguém com quem compartilhar nesta longa jornada. Fizemos
em dois e constatei como sendo organizador e guia a
reponsabilidade que tinha, mas a força que cada umdava ao outro
foi de uma riquezamuito grande.
Quanto a fazer oCaminho a pé, minha preferência é fazê-lo
em pequenos grupos. Bem cedo, a força da união vai atrair outros
peregrinos para seu lado. Quando caminhamos, fazemos nossas
reexões internas, recuperamos lembranças muito antigas e
esquecidas, como há oportunidade de compartilhar vivências e
aspirações com seus companheiros de momento. O Caminho é
longo, passam-se os dias, juntam-se novas companhias na
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Itamar Oliveira Vieira