Página 109 - Olhar Peregrino paginadaOK4

Versão HTML básica

urante vinte e oito dias de caminhada, atravessei terrenos
com muita neve, lama, asfalto, pedregulho, areia, enm todos os
tipos de terreno imagináveis. Longos trechos planos com retas
intermináveis e outros commontanhas muito íngremes, num teste
constante de resistência física. Enfrentei também muita chuva,
períodos de sol, com temperaturas oscilando entre 0 e 30 graus
centígrados.
À proporção que caminhava, senti um forte impulso para
seguir em frente, sem me preocupar com o que já havia deixado
para trás ou com o que ainda o futuro me reservava. Sabia que, a
partir daquele momento, a individualidade e os limites do corpo
seriam respeitados. Esses limites ditariam o ritmo e a distância a
ser percorrida.
Pratiquei e recebi neste período várias demonstrações de
solidariedade e partilha: como fazer de uma toalha duas, tornar
comum o alimento ou dividi-lo com quem estivesse com fome,
troca de objetos que possuía a mais e o outro não tinha: barbeador
descartável, sabonete, remédios, cremes de massagem, entre
outros.
Veriquei, também, como poderia viver muito bem como
mínimo possível e comsimplicidade.
Uma pequena demonstração de que somos eternos
aprendizes. Acho que cada um de nós está na terra com uma
missão que é muito simples: tornar o mundo um pouquinho
melhor.
Importante observar a natureza e caminhar em sintonia
com ela, pois ela nos ensina muito. As leis da vida são muito
simples e todas as coisas são realmente obras de Deus. Tudo
D
Reflexão de um peregrino a Caminho de
Santiago de Compostela
João Élcio Trierveiler