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Assim como a Catedral de Santiago, adornada com
segredos do passado, abraçava uma multidão dentro de si, mãe
amorosa acolhendo milhares e milhares de peregrinos
alvoroçados em seu seio nutridor e farto, mãe anciã pela
permanência na forma e na dignidade da sua poeira, do sol, do
vento, da chuva dos séculos e cujo destino escrito fora por mãos
habilidosas, erguia-se a outra Catedral, interior, sábia, serena,
silenciosa e conectada comseu propósito divino de retornar ao seu
próprio centro. Osonho secular no silêncio.
O caminho Sagrado da alma peregrina havia sido feito,
chegara à Catedral, ultrapassando o Pórtico da Glória com os
passos da compaixão, da alegria, da solidariedade, do desapego,
do exercício do amor e principalmente com uma parcela de
autoconhecimento.
Amulher saboreava a memória singular da jornada da sua
alma e domomento quando encontrara a chave que abriria a porta
da Catedral dentro da gaveta do seu sentir, a chave que abriria a
porta do seu santuário interno, e mais – aquela chave abria
somente pelo lado de dentro, o da sua alma, una com o Todo e
cheia de Luz!
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Olhar Peregrino