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estava mesmo. O mal entendido só foi desfeito depois que o
alemão foi até a suamochila e para nossa surpresa voltou vestindo
a sua jaqueta cor verde “marca texto”, “geminha da silva”,
daquela domeu amigo. Coisas doCaminho.
No caminho para Arudy, passamos por imensos bosques
de castanheiras. Quando falo de castanhas, falo daquelas que
encontramos em cada esquina, quando viajamos nos meses de
novembro e dezembro, para qualquer capital europeia. As
castanhas assadas, as quais os europeus têm o costume, também,
de servir nas ceias natalinas. Castanhas portuguesas.
Coletamosmuitas, eu e João Élcio. Comome havia dito que
jamais provara aquele tipo, disse-lhe que ao chegar no próximo
Albergue assaria algumas para ele poder provar sua gostosura.
Ficamos sozinhos na cozinha e numa chapa de ferro que
esquentamos até quase avermelhar, juntamos umas trinta
castanhas e deixamos o calor do fogo fazer a sua parte. Viramos
quando estavam com um lado já tostado, tendo deixado o João
Élcio com a missão de acompanhar o término da empreitada. Não
se passou mais de três minutos e passei a ouvir gritos de quase
desespero na cozinha. Creio que em função do excessivo calor, as
castanhas começaram a explodir, saltar, grudar no teto, nas
paredes, para desespero do peregrino amigo. Ainda assim, apesar
do estrago, pudemos experimentar, e, tinham o mesmo gosto e a
doçura daquelas que eu havia experimentado em outros lugares.
A curiosidade e a vontade, naquele dia nos deu muito mais que a
novidade, nos deu uma necessidade urgente de limpeza, a qual
nos tirou horas de descanso.
Nosso Caminho seguiu pelo trajeto Aragonês. Chegamos
em Somport, por volta das cinco horas da tarde. Aqueles que já
caminharam por lá, sabem que existe um Albergue de Montanha,
e que para abri-lo você pega uma senha, se vem do lado francês,
duas cidades antes, junto a Prefeitura. Com a senha nas mãos
achamos que seria fácil. Levamos um “baile” da fechadura
eletrônica. Naquele dia, como era um domingo e não havia nada
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