Página 133 - Olhar Peregrino paginadaOK4

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Estes momentos desagradáveis se deram quando passei
uma tarde e um pernoite na localidade de Foncebadón. Ali tive
minha primeira experiência e sensação de estar em um lugar que
me trazia lembranças anônimas, frias e obsoletas. Parecia que,
sobre nós estavam nuvens escuras e esta nos tentava envolver a
todo instante com energias negativas. Foi durante este dia que
acreditei que ali se encontravameu primeiro divisor de águas para
minha superação. Em todo o caminho que percorri, não senti nada
parecido.
Foncebadón tambémé conhecida como cidade fantasma.
Ali, confesso que em certos momentos tive que respirar
fundo e buscar recursos espirituais para manter o capricho e a
calma de minha alma, pois se houvesse qualquer deslize meu ou
de alguém do grupo, poderíamos ter surpresas desagradáveis a
qualquermomento.
Na manhã seguinte saímos cedo e logo chegamos a uma
parte do Caminho que para todos seria um momento muito
especial e esperado, pois ali estava instalada a Cruz de Ferro. E,
como manda a tradição, ali seria o momento de fazermos nossos
agradecimentos, orações e com muita fé deixar ao pé da cruz, as
pedrinhas levadas do Brasil por todos do grupo. Ao pé da cruz
estão pedras de todo mundo, que são deixadas pelos peregrinos
que por ali passam.
Este ato signica algo, como se estivéssemos tirando
pedras de nossos caminhos. Confesso que levei e deixei as minhas,
mas tambémoutras, que levei a pedido de amigos e familiares.
Saímos da Cruz de Ferro e seguimos caminho,
deslumbrados com as montanhas com seus topos cobertos de
neve, comseus belos vales emuito verde.
Após uma noite confusa e pesada em Foncebadón,
confesso que, ao sair dali, senti o meu espírito renovado e com
muito mais energia. A partir dai, comecei a enxergar um caminho
mais leve e aindamais bonito.
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Luiz Gonzaga Pires