Página 137 - Olhar Peregrino paginadaOK4

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ode parecer um exagero caminhar tanto assim. Repetição
de trajetos, rotas, trilhas. Quem os fez saberá que não. Cada
Caminho e cada momento é único. E omais intrigante, é sentir que
ainda preciso de mais introspecção e tenho necessidade de passar
mais tempo dentro demim.
Todos estes Caminhos zeram-me chegar até Santiago de
Compostela por vias diversas - em2001, 2005, 2008 e 2012 - e nunca
da mesma maneira física ou mental, porque todos são
extremamente ímpares.
Enquanto caminhamos, buscamos algo maior, que nos
aprimore como pessoas e que nos sirva de aprendizado de vida.
Caso contrário, regressaremos insatisfeitos e decepcionados com
nossa incapacidade de reconhecer os sinais que certamente se
apresentam.
Mas, qual foi o ponto de partida para tudo isto?
Infelizmente foi um acontecimento trágico, que me
desnorteou por completo. Foi a morte inesperada de minha mãe
que me levou ao desespero e à necessidade de aceitar este fato
como inexorável. A partir daí, o caminhar era o meu momento de
reexão e de entendimento próprio. E continua sendo.
Passado o luto, mas nunca o esquecimento, os Caminhos
não me deixaram mais e estão comigo até hoje. Através deles,
pude chegar mais perto de valores que buscava e entender melhor
as diferenças de cada um.
Chegar a Santiago de Compostela depois de tantos dias,
caminhando emcondições árduas, é uma sensação própria e difícil
de descrever. Entrando na Catedral do Apóstolo e vendo aquela
multidão toda unida e arraigada na fé - aqueles peregrinos
emocionados e incrédulos por terem vencido as distâncias e ali
Caminhos de Santiago de Compostela
Maria Zilda Pereira Staub
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