certa altura de nossa existência questionamos o enigma
da vida e isso leva-nos a três perguntas fundamentais, que não são
patrimônio de ninguém, pois presentes em escolas de
pensamento, religiões e sistemas losócos: Quem sou eu? De
onde venho ou vim? Para onde vou?
Essas interrogações estão plantadas no coração ou no
interior do ser humano e aí cam em dormência até que um dia
mentes que pensam ou seres com alguma consciência de si
mesmos formulam tais questionamentos, tenham ou não religião,
seja sua cultura renada ou não. Tais perguntas são atávicas.
De onde vim? Para onde vou?
Ora, se vime vou, os verbosmostramclaramente que estou
aqui, mas não sou daqui e aqui não carei, logo, aqui não é meu
lugar, portanto, estou temporariamente, de passagem, em
trânsito.
Todos os dias o sol vem e vai e, assim como ele, também
nós aqui estamos de passagem. Ele, assim como outras coisas,
indica que nossa estada aqui é temporária. A caminhada diária
dele mostra-nos movimento, impermanência, mudança. Nossa
vida aqui é um acampamento, indicando trânsito, passagem,
chegada ou partida. Na realidade, conscientes ou não, somos
caminhantes, somos peregrinos vindos de..., a caminho de...,
caminhando para...
No evangelho de Tomé – logion 47 – consta: “
Jesus dizia:
2
Sede passantes
” e isto é de uma clareza imensa.
3
O sermão da montanha, fala das Bem-aventuranças . Na
versão latina é empregado o termo “
beati
” e na grega, “
macarioi
”,
entretanto, exegetas falam que Jesus, muito provavelmente, teria
A
Ambulare pro Deo
¹
Suenon Ma a Pinto
1
SHRADY, Nicholas, Caminhos sagrados, 1999; 1ª edição; Editora Objetiva Ltda, Rio de Janeiro; pg.
14; tradução: “caminhar por Deus / para Deus”
2
LELOUP, Jean-Yves, Se minha casa pegasse fogo, eu salvaria o fogo, 2002, Editora UNESP, São
Paulo, pg. . 48 e 90.
3
MATEUS 5, 1-11, Bíblia Sagrada, 1980; 28ª edição; Editora Ave Maria, São Paulo, pg. 1.288