Página 155 - Olhar Peregrino paginadaOK4

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os albergues sempre tinha a impressão de estar na Torre de
Babel, tal a variedade de pessoas e idiomas. Mas o idioma que
impera é o da solidariedade: todos se entendem e se auxiliam,
desde oferecer alimento ou remédios, principalmente em querer
ajudar, nasmais inusitadas situações.
Numa das missas que assisti em Carrión de Los Condes -
na paróquia de SantaMariaDel Camino, padroeira dos peregrinos
-, um grupo de freiras e noviças cantava lindas melodias. Ao nal
da celebração, o padre pediu que os peregrinos chegassemà frente
do altar para receberem a benção e uma noviça de pouca idade
falou sobre o Caminho. Foram palavras certeiras e carinhosas a
todos que ali estavam: “Vocês peregrinos não deveriam
preocupar-se com a mochila que trazem nas costas, mas, sim com
aquela que trazemno coração, bemmais pesada e importante, pois
é ela que contém seus maiores valores”. Ao nal, as freiras nos
presentearam com uma pequena estrela de papel, dizendo que
quando nos sentíssemos fracos e desanimados deveríamos olhar
para o céu e lembrar que ela sempre estaria lá brilhando e que
deveríamos fazer o mesmo e brilhar no Caminho e nunca desistir
de nósmesmos.
Sempre tive uma grande curiosidade em saber como eram
e pensavam as pessoas que moravam e nasciam em países
diferentes, como agem e como realmente são no dia a dia. E esta
oportunidade me foi dada no Caminho. Mesmo com meu inglês
de banco de escola e um portunhol enrolado consegui ver e sentir
que estas pessoas nadamais são que pessoas comuns e idênticas às
que conheço, com os mesmos sentimentos, e que, embora de
lugares diferentes sempre agem de modo igual. Percebi que
inúmeras pessoas do meu convivo diário-conhecidos, parentes ou
N
Amigos do Caminho, irmãos do coração
Osvaldo E. Hoffmann