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as pessoas... Como é graticante conhecer pessoas de todomundo,
conversar com elas, ouvir suas histórias, reetir sobre as nossas e
descobrir que algumas sãomuito parecidas.
Cada passo é para o desconhecido, pois por mais que
façamos uma, duas ou três vezes o Caminho, sempre surgirá algo
novo, sentimentos diversos e situações inusitadas, até mesmo nos
locais onde já estivemos antes.
Era o vigésimo primeiro dia de caminhada. Saímos cedo.
Este seria o dia em que passaríamos por Foncebadón. Eu estava
ansiosa porque havia lido a lenda sobre o povoado fantasma,
citado por PauloCoelho, e é realmente umótimo palco para contos
e histórias. Segundo a lenda, a situação de ruínas em que se
encontra Foncebadón foi motivada pela praga de uma cigana que
teve seu lho morto ali e jurou pelo seu sangue que a cidade
acabaria emruínas, o que de fato ocorreu.
O dia cinzento contribuiu para tornar ainda maior o
desconforto que se apossava de mim, não só pela lenda, mas pelos
cães que, pensava, iria encontrar. Por outro lado sentia que este dia
seria cheio de emoções.
Felizmente passei ilesa e aliviada avistei a Cruz de Ferro.
Este cruzeiro é um dos marcos mais famosos da peregrinação,
onde os peregrinos deixam uma pedra trazida de seu país, param
para rezar e solicitar um
¡Buen Camino!
. Dali, rumamos para El
Acebo, onde almoçamos todos juntos.
Enquanto os demais caram um pouco mais no
restaurante, saí sozinha e sozinha atravessei a mata. Percebi que já
estava quase sem água. Distraída peguei uma trilha com uma
descida íngreme. Fui descendo, descendo... A trilha terminou.
Fiquei apavorada, olhei em volta e não vi ninguém, além disto
estava sem água e muito cansada. Também não havia as típicas
marcas de botas. Sim, eu estava perdida. Felizmente o sol ainda
estava alto. Teria que subir novamente e tentar encontrar uma
trilha que me levasse a Molina Seca. Havia muitas trilhas e eu
estava confusa. Apavorada, sentei embaixo de uma minúscula
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Olhar Peregrino