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Olhar Peregrino
chorar. Ao contemplar aquilo tudo, dava-me aquela certeza de
comunhão comDeus.
Chegamos ao primeiro Albergue, chamado Vieira, lugar
agradável, limpo, comida cheirosa um bom vinho e com a minha
consciência tranquila. Passei uma noite agradável: a minha
expectativa de dormir em albergue foi ótima, tudo muito
organizado, nada como umbombanho, sentei para jantar, durante
o qual rolou muita conversa com os outros peregrinos, vindos de
muitos países diferentes. Mesmo não falando a mesma língua,
tínhamos a linguagemuniversal que era peregrinar. Amanheceu e
me rez, sempre foi assim na minha vida, sou verdadeira. No
Caminho fui percebendo que, às vezes, ao falar só com o coração
não conseguimos viver emgrupo.
Iniciei no segundo dia com passos não tão rápidos como
estava acostumada, receosa emnão dar conta do recado. Enquanto
alguns davam passos marchantes e fortes, eu continha minha
força, para conseguir vencer os obstáculos. Meu humor estava
péssimo, logo eu que sou uma pessoa tão alegre, que tenho amigos
legítimos, naquela situação... Mas, ao caminhar, fui resgatando
todo meu lado simples e voltado para a fé que sempre carreguei
em meu coração. Não que seja fácil caminhar muitas horas, mas
tudo é tão especial, que tinha horas que parecia que estava em
outra esfera cósmica. Adentrava em meu lado místico, onde
realidade externa parecia-me ser umsó detalhe.
No terceiro dia, minha coluna e minha tendinite nos
ombros me impediram de levar minha mochila nas costas. Para
mim não seria problema, porque o meu Caminho seria trilhado
com minhas passadas, meu olhar profundo a tudo que
apresentava. Firmei meu pensamento nas belas paisagens, nos
vilarejos, nas pessoas que nos desejavam “
¡Buen Camino!
”. Como
era gostoso, quando parava para fazer um lanche, observar
aquelas pessoas oriundas de vários lugares do mundo com um
aspecto de que todo o sacrifício estava valendo a pena, a vivência,
a troca de comunicação. Foi umaprendizado inesquecível. Porque