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Voltando da peregrinação, algumas pessoas curiosas
perguntam ao caminhante o que mudou na fé, na vida, enm...
Como se o Caminho fosse uma varinha de condão, dotado de
poderes sobrenaturais, que numtoque tudo transforma.
Vale lembrar que o Caminho continua lá, desde milênios,
extenso e imóvel, molhando-se na chuva; iluminando-se nas
noites de estrelas e de luar; orindo na primavera; cobrindo-se de
neve no inverno; despindo-se no outono e derretendo os
peregrinos no verão. A responsabilidade do fracasso ou da vitória
ca a cargo de quempisa o seu chão.
O Caminho assemelha-se a um rio límpido e caudaloso,
que só refresca e mata a sede dos que buscam o refrigério de sua
fonte inesgotável.
Durante a jornada física, a Santa Estrada oferece centenas
de lições, que conduzem ao conhecimento interior. O objetivo
maior é a busca da paz, responsável pela harmonia entre o mundo
interior e o exterior.
Na busca de respostas pessoais, não devemos temer as
acareações com nossas verdades, pois é somente através dos
confrontos que nos autoconhecemos.
Após a complementação da rota, assimilamos, querendo,
as lições aprendidas das circunstâncias e dos fatos que nos ajudam
a reconstituir nossas vidas.
O ritmo de cada um demandará o tempo preciso para a
absorção e a prática dos ensinamentos colhidos. Por isso, dizem, é
somente depois de concluído o trecho que o verdadeiro caminho
principia.
A qualidade da nova fase depende de nós mesmos e dos
rumos que tomaremos daí para frente, na direção do crescimento
pessoal.
Não existe esperança sem medo, nem medo sem
esperança. Quem quiser pôr em prática a esperança, tem que
mudar; emudança provocamedo.
O Caminho de Santiago pode servir, às vezes, como um
jogo de queba-cabeça, cujas peças principiam a se encaixar e fazer
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Olhar Peregrino