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Olhar Peregrino
falei com o padre e pedi uma benção. O padre que me deu sua
benção falou para eu ir tranquila, pois estaria comDeus e que tudo
daria certo. Quando saí da Igreja, peguei lá do pátio uma
pedrinha, que levaria comigo até a Cruz de Ferro e na volta para
casa, depois de falar com o padre, segurando forte a pedrinha, eu
me sentia muito segura e tranquila, pois tinha certeza que tudo
daria certo.
Durante o caminho, superei bem os obstáculos. O maior
deles foi com relação ao clima. Apesar de ser primavera, nos
primeiros dias havia muita chuva, frio, lama, vento muito forte e
até neve. Foi um verdadeiro teste de resistência, logo na saída.
Mesmos com todas as adversidades iniciais, não existiamedo nem
desânimo. Diante disso, preparei-me para dias difíceis, o que
acabou não acontecendo, pois os demais dias foram um pouco
mais tranquilos.
Consegui fazer todo o Caminho com certa tranquilidade,
não tive problemas de saúde, e também não tive problemas com
bolhas, apenas o cansaço e a saudade da família. Optei por car
sempre que possível nos albergues públicos, pois no nal do dia
nos albergues, enquanto você se restabelece do cansaço de mais
um dia de caminhada, é onde acontece a interação com outros
peregrinos. São pessoas de todas as partes do mundo, com seus
sonhos, seus costumes e com seus idiomas. Às vezes o diálogo se
dá mais por gestos do que por palavras, mas todos acabam se
entendendo. Isso émagico, e os albergues propiciam isso. Alémdo
mais, a presença de muitas pessoas nos albergues, as conversas, as
histórias e as brincadeiras, as orações ajudam a amenizar a
saudade de casa.
No Caminho não existem dias iguais, não tem rotina, nem
monotonia. Cada dia é especial, seja pelo roteiro em si, pelos
locais, por vezes surpreendentes, pelos quais a gente passa ou
pelas pessoas que a gente encontra. É muito bom encontrar um
brasileiro, com sua alegria e simpatia, ou reencontrar algum
peregrino que se aproxima com um agradável “
Olá, Brazil!
” com