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Olhar Peregrino
algo na Caminhada. Um objeto que desaparece, um sol que é
encoberto por uma nuvem, uma unha que cai, uma oportunidade
de tirar uma foto que é desperdiçada. E a maior delas? Perder a
companhia daqueles que compartilharamas alegrias e tristezas do
caminho. Na vida, como no Caminho, as pessoas entram e saem a
todo o momento. E isto doi um bocado, pois se quer levar consigo
os tesouros que encontra, mas como? Os tesouros devem ser
guardados no coração e é lá que devem car. Quando se
reencontrar com os companheiros de caminhada será ótimo, mas
quando distantes estiverem deve-se lembrar deles com carinho e
gratidão, pois a vida permitiu que juntos se caminhasse por um
pequeno trecho e também permite que juntos estejam a cada dia
através da lembrança.
Em oitavo lugar abre-se o espaço para a espontaneidade.
Libertos, mesmo que temporariamente, dos papéis sociais (pais,
professores, dirigentes, esposo(a), empregados, patrões, etc),
pode-se permitir ser visto por inteiro, mostrando as fraquezas, as
limitações, os talentos, as habilidades. Vê-se que é possível dar
risadas de si mesmo e que o mundo não vai acabar por isto, que se
pode cometer erros e que nem por isto a caminhada vai acabar,
pode-se permitir a dar gostosas gargalhadas ou chorar de emoção
por ter superado um grande obstáculo e que isto não faz cair
pedaços. Pode-se experimentar contatar com aquela criança que
habita dentro de si, brincalhona e sensível, e passar bons
momentos em companhia das crianças internas dos outros
caminhantes.
Enm, o que realmente se ganha é a humildade. A
humildade adquirida ao deparar-se comoGrandeMistério que é a
natureza, com suas nuances e diferenças, as quais se repetem no
ser humano. Consegue-se perceber, nalmente, a presença da
força e da fragilidade dentro de cada coração, e com esta vivência
ocorre uma transformação interna no caminhante, acarretando
uma mudança em sua visão de mundo. E quando há uma
mudança na visão de mundo, nos transformamos, e o mundo se
transforma conosco.