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a obra de Paulo Coelho “O Alquimista”. Confesso que não tinha
muita paciência para discutir o autor. Porém, ela era tão
entusiasmada que não tinha como fugir da sua ingênua
insistência.
No seu imaginário fantasiava como faria a rota que a
conduziria até Santiago de Compostela. Questionava a
quantidade de grana que seria necessária para semanter durante a
empreitada. Suas interrogações eram constantes. Todos os dias ela
vinha com o mesmo papo e trazia sempre uma novidade. Esta era
talvez a forma de construir o seu castelo e buscar alimento diário
para manter a chama acessa, embora soubesse das suas
diculdades nanceiras. No seu jeito simples, focava no seu
objetivo e colocava todos os dias um tijolinho na esperança. Às
vezes sua insistência educada me cansava, mas trabalhando no
mesmo espaço não tinha como fugir as suas colocações. Escuto!
No ambiente em que me encontro era impossível não estar
em contato com o Caminho todos os dias, pois a “chaminha”,
chamadaMaria, fazia questão de construir na tentativa de decifrar
o código genético que a fazia partícipe da história, da sua história
ligada aos antepassados ibéricos.
A partir da experiência com a Maria Garcês a todo
momento o Caminho aparece na minha vida com mais
intensidade e das mais variadas formas. Ora através de artigos,
bate-papos, documentários e outras através do meu próprio
contato realizado por viagens na antiga região da Galícia e das
Astúrias.
Diante de tantos encontros, são muitos os retalhos,
estreitado a partir da amizade com a fotógrafa Catarina
Maria
Rüdiger, iniciada numdia qualquer, de ummês qualquer, no nal
da década de 90. Entre uma conversa e outra, a amigamencionava:
“vou fazer o Caminho de Santiago”. Falava com tanta convicção e
determinação que não tive dúvida.
A perspectiva era sair da cidade francesa de Saint Jean-
Pied-de-Port. Faria o caminho mais tradicional de todos e
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Olhar Peregrino