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Ao nal de cada missa, havia uma prece especial, a Oração
dos Peregrinos, na intenção dos caminhantes. Em algumas igrejas,
a prece é recitada em vários idiomas, dependendo das
nacionalidades dos peregrinos presentes. Tivemos a alegria de
ouvi-la em línguas como alemão, coreano, japonês, espanhol,
italiano e inglês. Eram momentos de emoção, preparação e
coragempara enfrentar a jornada diária.
Outro aspecto singular é a verbalização, ao longo de todo o
Caminho até Compostela, da expressão, em língua espanhola,
¡Buen Camino!
(Bom Caminho!). Essa sentença signica tanto
saudação quanto despedida, um desejo de bênção para os passos
do dia a dia. O cumprimento não intenciona especicações a
respeito do caminhante, como de onde ele vem ou que língua fala,
mas irmana, faz todos os peregrinos iguais, pois com mesmo
objetivo: chegar a Santiago.
Ao caminhar, o peregrino reforça sua fé, observa a
natureza, supera as diculdades do Caminho relacionando-as
com as da própria vida; aprende que o exercício da caminhada
integra o homem consigo mesmo, com seus semelhantes em geral
e com a natureza. Ser peregrino é perceber que isso tudo é possível
desde que se possa permitir.
Para facilitar o trajeto até Compostela, no decorrer dos 830
quilômetros, os peregrinos podem orientar-se por setas amarelas
lá posicionadas. Seguro de não perder-se, é importante fazer a rota
sem pressa, vivenciando os detalhes de cada dia, permitindo que
aore amística doCaminho e revelem-se os sinais espirituais.
Senti a presença imaterial de B. durante dias e, por isso,
concentrei as orações nele. Ainda no Brasil, antes da viagem a
Compostela, havia deixado uma vela para que a mãe de B.
acendesse em um dos dias nos quais estaríamos em peregrinação.
Ao ser informada, por telefone, que a vela havia sido acesa, foi
como se B. tivesse se transformado em um anjo e rumado para seu
lugar na eternidade.
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Olhar Peregrino