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No Caminho, observam-se casais de diferentes idades,
pais com lhos (crianças e adolescentes), famílias pequenas e
outras numerosas, professores e alunos, várias pessoas solitárias e
muitas em grupo. Encontramos a maioria dos peregrinos
utilizando os pés (santos pés), outros seguindo de bicicleta.
Encontra-se também muitos peregrinos pagadores de
promessa. Será inesquecível a imagem e as palavras de um deles,
homem franzino, magro, sem dinheiro e que por isso dormia ao
relento. Ele nos relatou que era espanhol e sua família (lha e neta)
morava na Espanha. Como pescador de bacalhau, foi trabalhar na
Noruega, lugar no qual seu barco naufragou durante uma
temporada de pesca, vitimando 16 pescadores.
Como único sobrevivente, conseguiu resistir horas com o
corpo imerso em águas geladas, até ser socorrido. Em meio à
provação, prometeu que, caso fosse salvo, visitaria todos os
santuários do mundo. Para comprovar sua história, guarda na
mochila uma pasta com reportagens sobre os fatos por ele
narrados. Aquele homem comove pela experiência e, mesmo na
solidão e com diculdades, pelo gesto inocente de agradecimento
e fé.
A noção de que cada um faz o Caminho a sua maneira
passa a ser compreendida na prática. A possibilidade de atingir o
objetivo nal – chegar a Santiago de Compostela – torna-se real se
houver exibilidade, mudança, aceitação das adversidades
encontradas e vividas. Dessa forma, todos os obstáculos podem
ser superados.
Mais que isso, reetir sobre o aprendizado vivenciado no
Caminho e tentar aplicá-lo no cotidiano é como torná-lo concreto
novamente, é percorrer um caminho de fé, de generosidade, de
solidariedade, de alegria, de coragem, de ânimo e abençoado por
São Tiago.
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Olhar Peregrino