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de quatro quilômetros entre a entrada de Compostela e sua igreja
principal, que guarda o corpo de São Tiago, pareceu ser uma das
distâncias mais longas. Numa espécie de experiência mística, era
como se o próprio Santo nos estivesse apresentado Compostela,
dizendo: Vá comcalma! Desfrute bemestamaravilha!
A primeira reação foi sentarmos em frente à Catedral para
contemplar o grande templo e esperar que os sentidos tivessem
certeza de que o cenário visto era real. Estar em Santiago e circular
por ela é sinônimo de observar a chegada de muitos peregrinos e
outros aspectos que somente um lugar assim permite. Após um
merecido descanso, pode-se tirarmelhor proveito disso tudo.
No altar-mor da Catedral, está a imagem de São Tiago,
representado em grande porte, defronte a milhares de peregrinos
que fazem la gigantesca para venerar e abraçar o que lembra o
Santo. Trata-se de emoção à or da pele para quemacredita que ali
está a representação material de alguém que esteve muito
próximo a Jesus. Na cripta da igreja, estão os restos mortais do
Apóstolo. Colocar a mão na sepultura dele e participar de uma
missa naquele local, com mais quatro pessoas, foi algo muito
especial, somado ao ritual do
botafumero
, um incensário gigante de
prata utilizado nos anos santos, aos domingos e outras cerimônias
solenes, balançado de umextremo a outro da navemenor.
Caminhar pela Catedral pode ser comparado ao passeio
por um grande museu, quando não deve existir pressa. Convém,
uma vez mais, estar atento à arquitetura e arte secular postas a
serviço da fé. A emoção e o espírito de agradecimento foram tão
fortes que o coração já acalentava o desejo de voltar, a
possibilidade de umretorno àquele local.
Por ser um Ano Santo, os horários das celebrações
principais constavam num grande mural para orientação dos
peregrinos e visitantes, possibilitando-os participar dos
momentos de oração litúrgica e comunitária naquele ambiente de
rica espiritualidade. Também nessas cerimônias, os peregrinos,
mais do que pedir, costumam render ação de graças por ter
conseguido chegar.
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Olhar Peregrino