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Queria sentir, viver, fazer meu próprio caminho, criar
minhas próprias pegadas, fazer minha própria história, à medida
que acontecesse.
No nal de abril 2002, parti para iniciar minha jornada
Compostelana. Na viagem até lá, lavei a alma, tanto chorei, de
emoção. Difícil acreditar que o sonho, estava se realizando.
Enm, pé na estrada. Lá estava eu, pela primeira vez fora
do país, e sozinha, com os sentidos aguçados, o coração feliz e a
alma serena, trilhando entre construções e pontes medievais;
plantações de cevada; rebanhos de ovelhas, plantações de
papoulas e muitas outras ores e cruzando com pequenas
populações de idosos - povo gentil e acolhedor -, às vezes,
população alguma, entre os vários
pueblos
percorridos. Estava
vivenciando diferentes culturas, histórias e paisagens.
Cruzei com peregrinos de varias nacionalidades, com os
quais eu me comunicava, na maiorias das vezes, através de gestos
emímicas, e conseguíamos nos fazer entender.
Esta, foi uma das primeiras lições doCaminho, entre tantas
outras, ou seja, é possível chegar ao outro, quando estamos
abertos, disponíveis, amorosos e, principalmente, quando somos
transparentes e verdadeiros.
Estar no Caminho de Santiago de Compostela, em todo o
seu percurso, foi marcante e indescritível. Não há palavras para
expressar os sentimentos vividos. Épreciso lá estar.
Muitos foram os fatos e situações marcantes, entre elas,
algumas que citarei, a seguir.
Instalada no albergue de Estella, minha alegria se ampliou
ao ver adentrar no mesmo, o Cláudio (Capitão Malagueta) e a
Mara, por acaso. Além da companhia, fui presenteada com um
delicioso jantar preparado pela Mara e com a severa orientação de
como me alimentar corretamente, na continuidade do meu
caminho. Foi umcarinhoso puxão de orelha.
No trecho entre Estella e Los Arcos, eu caminhava por uma
belíssima e extensa plantação de cevada, que me pareceu sem m,
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Olhar Peregrino