Página 63 - Olhar Peregrino paginadaOK4

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serviam de fronha, durante o dia secava o suor do rosto e quando
molhadas refrescavama cabeça, pescoço e os braços.
Nosso pequeno grupo se organizava a cada dia. Hora para
levantar bem cedo, ainda no escuro. Se não era possível fazer o
desjejum no albergue, íamos para um bar previamente escolhido
por Maria no dia anterior. Ela se informava da hora da abertura e
também procurava a saída da cidade. O sol nos encontrava
caminhando já há muito tempo. Usamos lanternas algumas vezes.
Era verão e o sol castigava à tarde.
Antes de chegar a Redondela, carreguei por seis
quilômetros uma torta de bacalhau, adquirida numa padaria.
Mais uma loucura somada a outras.
“Quem chega a Redondela vai a Compostela”. O albergue
de Redondela ocupa um sobrado do século XVI no centro da
cidade e está rodeado de bares e restaurantes. Uma festa de
casamento aconteceu naquele sábado de setembro de 2011 e foi até
o amanhecer. Impossível dormir.
Conhecemos muitos peregrinos, e dois deles, italianos, nos
brindaram com um delicioso risoto com cogumelos que colheram
pelo caminho. Franco e Julians nos informaram que todos os
cogumelos são comestíveis, alguns apenas por uma vez.
Outro casal maravilhou-nos, quando nos entregou os
roteiros elaborados por Maria e Edgard, que foram perdidos por
Maria naquele dia, e tão importantes para nós. Nos encontramos
por acaso no
hall
do hotel, quando dávamos entrada. Foi muita
coincidência.
Vimos Santiago do alto de uma colina, mas até chegarmos na
praça da Catedral, caminhamos pela periferia de uma cidade
comum. O triunfo no rosto das pessoas foi o que mais me
impressionou. Muitos choravam e se abraçavam, reconhecendo
caminhantes que haviam encontrado durante todos aqueles dias e
que apenas se cumprimentavam ou nem isto. Muitos se dirigiam
para aCatedral assimcomo chegaram: sujos e empoeirados.
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Deuci Luiza Stefanelli Fernandes