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Pegamos as Compostelas - certicado de cumprimento da
jornada - e passeamos durante dois dias, comendo, peixes,
lagostas e outros frutos do mar. Apreciamos a apresentação de
uma orquestra de autas, em plena rua. Vimos o
botafumero
em
ação, durante a missa. Fui ao Museu do povo Galego e encontrei
fotos parecidas comas daminha família.
De ônibus, fomos a Finisterre, enquantoMaria, José e Eldio
foram caminhando. A costa daquela região é recortada
profundamente pelomar raso e a isto dá-se o nome de “
rias
".
Ao encontrarmo-nos novamente em Santiago alguns dias
depois, decidimos cruzar a Espanha até Pamplona por via
terrestre. Eldio terminou seu tempo conosco. Gastamos um dia
inteiro indo de trem, o que valeu muito a pena. Vimos trechos da
Espanha que não iríamos ver caminhando
Depois de Pamplona seguimos para Saint Jean-Pier-de-
Port, cidademedieval francesa, na fronteira da Espanha. Tombada
como Patrimônio Histórico da Humanidade, foi disputada pelos
dois países. Dormimos num albergue privado, instalado num
casarão muito antigo, cuja alta escada rangia como se fosse
desabar. No dia seguinte, seguimos para Orisson, dando início à
subida dos Pirineus.
E assim o Caminho Francês foi se descortinando para nós
muito belo, frondoso e verde e ainda com ores por todo lado,
apesar de já ser outono. EmOrisson, jantamos numa enorme mesa
compessoas que iríamos encontrar durante todo o Caminho. Com
algumas travamos um relacionamento que iria além de
companheirismo. Para Edgard e eu, uma dessas pessoas era
Catarina, senhora belga, ainda jovem, casada e mãe de quatro
crianças. Ela estava sozinha e nos preocupamos com ela. Quando
não a encontrávamos, pedíamos informações sobre ela.
Ali no Caminho Francês, a experiência de José eMaria, que
já o conheciam, se estabeleceu. Eles tomavam decisões sobre as
etapas e Edgard e eu sentíamos segurança. Em alguns trechos
muito longos, meu azedume se fazia presente, mas foi contornado
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