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peregrinos. Passando pela vila de Borres, o Caminho apresenta
duas alternativas: uma, para a rota dos Hospitales (antigos
hospitais de peregrinos) e, outro, à esquerda, para Pola de
Allande.
A opção foi a rota de Hospitales, mais bonita e antiga, mas
pouco recomendada pelos guias por não ter provisão de água e
alimentos e ser isolada. Seguimos pelo caminho em aclive, de
subidas fortes, compensado pela beleza da montanha, commuitas
ores, geradores eólicos, gado e a presença histórica das ruínas de
antigos hospitais peregrinos, como os de Fonfaraón e Valparaiso.
O clima ameno atenuava as diculdades. Assimque chegamos ao
alto de La Marta, um senhor espanhol nos orientou para seguir
uma trilha à direita, que disse ser o Caminhomais antigo e que nos
evitaria uma descida brusca, com muitas pedras. No início havia
sinalização, que depois desapareceram, e nos perdemos e tivemos
que reencontrar o caminho após três quilômetros de atraso. Junto
conosco estavamo italianoValentino e o tcheco Steve.
Passamos por uma antiga mina de ouro romana, Xuan
Rata, e chegamos a Montefurado, um pequeno povoado de casas
de pedra. O calor era grande e a água estava acabando e neste
povoado, onde o guia dizia haver água, nada encontramos. Por
sorte apareceu um bombeiro que controlava o fogo em uma mata
próxima e nos deu uma garrafa grande de água. Passamos por
Lagos, sem nenhuma opção de hospedagem, e em Berducello,
dormimos emuma casa rural, após uma caminhada de trinta e três
quilômetros. Fizemos o ritual de beber sidra, realizado desde
Oviedo, servida em pequena quantidade e despejada do alto no
copo. É bebida típica nasAstúrias!
O quinto dia foi marcado por uma descida muito longa,
inclinada e cheia de pedras. Por isso, apesar de curto - vinte
quilômetros -, o percurso foi duro. Chegamos até o embalse de
Salime, uma represa construída na metade do século XX e que
inundou a antiga cidade de Salime e atravessamos para o outro
lado. Finalmente chegamos a Grandas de Salime, em um sábado e
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Gladys Rosane Thomé Vieira