Página 81 - Olhar Peregrino paginadaOK4

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Sabendo que o oitavo dia seria longo - trinta e dois
quilômetros - e com diculdade de obter água e comida, saímos
cedo e abastecidos. O trajeto não foi difícil, sem subidas ou
descidas fortes. Apanhamos algumas ameixas brancas e peras à
beira do caminho. Passamos por Villavade, Castroverde, Gondar,
chegando a Lugo pela porta de São Pedro. A cidade surpreende
por suas muralhas romanas do século III, muito bem conservadas.
Um fato marcante nesta cidade, naquele dia 03 de setembro, foi
comemorarmos trinta e seis anos de casados, com nossos amigos
de caminhada, de várias nacionalidades. Inesquecível!
Na etapa do dia nove, os quilômetros iniciais foram todos
pela autoestrada e seguimos pelas localidades de São Vicente de
Burgo, SanRomán, Ferreira, Ponte Romana, chegando ao albergue
de As Seixas. O albergue era novo e bem estruturado, mas com
poucos locais para comer ao redor. Esta etapa foi marcada por
poucos serviços, com paisagem uniforme e monótona e muito
asfalto, totalizando trinta e cinco quilômetros.
O décimo dia foi o primeiro que caminhamos com chuva,
mas não muito forte. Após pouco mais de duas horas de
caminhada tomamos café em um bar, cuja proprietária era
brasileira, de Goiânia, e que cou feliz em conversar conosco.
Passamos por Vilouriz e Vilamor até encontrar o Caminho Francês
em Melide. Como havíamos combinado, fomos comer polvo no
Ezequiel. Todos chegaram: os italianos, os espanhóis, as duas
meninas da Finlândia, os tchecos e o venezuelano. Sentimos com
esta chegada ao Caminho Francês, a grande diferença do que
vivenciamos no Caminho Primitivo: paz, linda natureza, poucos
peregrinos, pouco comércio.
Visitamos a capela de São Roque e a seu lado um cruzeiro
considerado o mais antigo da Galícia. Na saída de Melide
encontramos um grupo de jovens portugueses com seu professor.
Eles eram de uma escola do Porto e haviam saído de Portomarin.
Após totalizar vinte e seis quilômetros, chegamos ao albergue
municipal de Ribadiso, simples e muito grande, repleto de
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Gladys Rosane Thomé Vieira