Página 87 - Olhar Peregrino paginadaOK4

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umcertomomento da vida, percebi que eu fora construído
de acordo com um projeto que teve a participação de muitos,
porém do qual eu próprio pouco havia participado. Consciente
disso, andei desde há muitos anos por muitos caminhos em busca
de denição e de desenvolvimento de um projeto de reconstrução
em que eu fosse o principal agente. Sempre atento para não
enredar-me novamente em projetos de outros, numa primeira
etapa passei a desconstruir-me, eliminando tudo aquilo que não
era meu em mim. E a demolição ainda não terminou. No entanto,
meu projeto de reconstrução está em andamento, embora ainda -
felizmente - não de todo denido.
Uma parte desse projeto que eu estava descontruindo
dizia respeito à religião: parecia natural que eu seguisse as
mesmas crenças de meus pais. Pois bem, em minha juventude
deixei de acreditar numa divindade e por muitos anos z uma
faxina mental para livrar-me de crenças, dogmas e crendices. A
partir de então, eu já não tinha mais que rezar a um ser superior
para honrar, agradecer ou suplicar por favores. Em contrapartida,
tornei-me responsável por minhas aspirações e decisões; e isso me
fez um bem imenso, mesmo quando sentia fraquejar por falta de
apoio.
Mas, a vida dá voltas.
Dizemque quando o discípulo está pronto, surge omestre.
Não no meu caso. Exatamente porque eu não estava pronto, meu
mestre irrompeu violentamente em minha vida e me fez alterar
meu rumo, oumelhor, minha falta de rumo. Quem era? Seu nome:
Luiz Augusto, lho prematuro que um aneurisma cerebral não
permitiu que vivessemais de trinta e duas horas.
N
Após muitos caminhos, o Caminho
Inácio Stoffel