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Também os árabes deixaram profundas marcas no sul da
Espanha, seja na arquitetura, nas artes, na música ou na dança. E o
próprio povo ainda temtraços herdados do caldeamento étnico.
Por que essa digressão, que pouco tem a ver com o
Caminho de Santiago de Compostela? Porque, a meu ver, a
Espanha é uma espécie de museu a céu aberto: por todas as partes
há vestígios culturais que se dispõem a contar a história deste país
de inuências tãomúltiplas.
Pretendendo voltar ao Caminho, e inuenciado por minha
paixão pela História, optei por lançar-me à Via de la Plata. Esta é,
sem dúvida, uma opção que encanta aos peregrinos que
percorrem a Espanha de sul a norte, seja saindo de Granada, de
Córdoba oude Sevilha.
Assim como se pode iniciar essa rota de várias cidades,
também é possível terminá-la de várias formas. Uma delas inicia
emMérida e conduz o peregrino a Astorga, onde ele continua pelo
Caminho Francês até Santiago de Compostela. Há ainda a opção
do Caminho do Levante, que inicia em Valência, ao leste, e que -
passando por Toledo e Ávila, cidades de grande valor histórico -
incorpora-se àVia de la Plata emZamora.
Por ser uma rota menos frequentada, com deciência de
sinalização e de albergues, alguns trajetos excessivamente longos
e muitas vezes sem serviços essenciais ao peregrino, é
imprescindível ter-se em mãos um guia conável e informações
atualizadas. Por isso, z uma visita à Associação dos Amigos do
Caminho de Santiago de Sevilha, de onde iniciei minha
peregrinação de 1.000 quilômetros.
Sevilha é uma cidade agradável e acolhedora. Sua catedral
é uma das maiores da cristandade e foi construída sobre uma
mesquita, da qual se conserva a torre - a
Giralda
- , de arquitetura
mourisca, assim como o Real Alcázar, palácio árabe que se
conserva original, ao lado do palácio cristão.
Se eu fosse ater-me aoGuia, faria o caminho em trinta e sete
etapas, contudo, houve vezes que juntei duas etapas, outras vezes
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Olhar Peregrino