Texto Desse Fim de Semana

Autor: Jairo Ferreira Machado

Por conta do meu livro, parei os meus contos, mas já que botei o boi na estrada, vou atrás, o meu cavalo a passos lentos, e é bem isso mesmo que eu gosto, devagar, vagar pelos caminhos dessa vida, estou só invejando o povo em-riba-dos-morros e eu olhando cá-de-baixo com olhar pedinte de peregrino, vagante do mesmo jeito sem sair do lugar, minhas mãos é que trabalham em vez dos pés, bom para cérebro, péssimo para o coração, a vida tem dessas aposiopeses… vez em quando, não sei se me entendes? um divagar aqui outro acolá, um muito no teclado outro pouco no caminho, e já estou morrendo de saudades de sair por aí… subir morros descer morros, conversar, tropeçar, trupicar, como diz o mineiro, mineiro gosta de retalhar as palavras, para ter que emendar depois, e emenda, depois de cinco dias de nuvens carregadas e chuva de fazer galinha enfiar os pintinhos debaixo das asas, veio um pé-de-vento uivante e carregou o nebuloso chapéu de cima de nós para os confins dos mares, e o dia amanheceu risonho na ilha, nem uma nuvenzinha para remédio, olhei assim para a minha mochila e ela me disse, vagabundo, ou fui eu mesmo que me falei, falei para esse cara aqui do teclado, arreda-se daí, pega o cajado e vai… mas digo para mim mesmo, eu tenho que acabar este texto, o povo está com saudades, e povo com saudades ou você o acode ou dá adeus à clientela, cavalo depois que come milho na cuia quer todo o dia, nem precisa você ir lá ao pasto, ele vem, isto é só um exemplo gente, não estou comparando com ninguém, e se há um sujeito de cascos nos pés aqui sou leu, burro, orelhas também de burro, deixando a vida passar lá fora, o sol, magnífico me chamando, vem, vem caminhar… amanhã vai comer feijoada e se não caminhou hoje, não vai caber pé-de-porco, orelha-de-porco, toucinho, costeleta… espero que tenha, farinha de mandioca, laranja, couve, se quiser eu pico, preciso contribuir com alguma coisa… já apimentei muito o meu livro, vão me jogar pedra amanhã, serei uma Madalena apedrejada, mas pimenta não pode faltar, vamos deixar de baboseiras, ninguém merece tanto num texto só… beijos a todos.