Caminhada Pedra Branca

Foto: Maria Pesavento Pereira

31 de maio de 2014

Pedra Branca

Acordei… Olhei pela janela e o dia estava nublado confirmando a previsão para este sábado que antecede o domingo de Pentecostes. Mesmo com tempo assim não me intimido a ir ao encontro combinado para mais uma caminhada organizada pela Associação Catarinense dos Amigos do Caminho de Santiago de Compostela rumo à Pedra Branca, no município de Palhoça. Confiro a minha mochila e lá vou eu rapidinho ao encontro do grupo. Mentalizo para não chover!

Ao chegar ao terminal de Florianópolis, lugar combinado para partida, em cima da hora, percebo um grupo sorridente, animado e com pessoas que nunca havia visto nestes anos de Associação. Ao olhar um a um rapidamente, no meu jeito de observar, senti de imediato a harmonia do grupo recepcionados já nesta primeira hora pela Presidente e Vice da Associação Catarina Rüdiger e Lígia Becker. Estávamos em 30 pessoas se não me engano. O trajeto de ônibus até o início da trilha durou apenas 45 minutos. Ao chegarmos acontece o círculo e fomos cumprimentados já no início do caminho pelo latido inquieto de três cachorrinhos e depois por um bem maior que logo se acomoda.

Círculo realizado, palavras são mencionadas e ao olhar para todos na forma relâmpago confirmo a minha percepção inicial e chego à conclusão que neste encontro havia algo diferente. Podia-se sentir a harmonia que permeava o grupo, a solidariedade e a interação é confirmada no abraço e aperto de mão peregrino. Esses verbos acompanharam toda trilha até atingirmos a Pedra Branca, recepcionados pela bandeira brasileira e a bandeira branca da paz no mesmo mastro, tremuladas pelo vento nordeste.

O trajeto foi realizado em parte no silêncio de cada um, no tempo de cada um, aos poucos a trilha ora com trechos estreitos, ora largos podia-se ouvir os pássaros, sentir o cheiro que era inalado pelo capim melado, percebo os cipós pendurados, as malhas de bambus majestosas, as bromélias e as esguias árvores de mamonas que se diferenciam na vegetação.

A subida durou duas horas e no trajeto encontramos diferentes tribos, jovens, crianças e uma turma de trilheiros. De vez enquanto o som de uma moto anuncia mais um amante de trilha motorizada. Todos com o mesmo objetivo desfrutar de seus hobbies e ter contato na grande Florianópolis com a natureza pródiga que conduz a uma das vistas mais belas de toda a extensão da Ilha de Santa Catarina e dos municípios que compõem esta parte da região metropolitana.

A descida foi mais rápida e chegamos ao terminal por volta das 14 horas e finalizamos com um pequeno grupo na Kibelândia para saudar a amizade.

Ana Lúcia Coutinho



ORAÇÃO NA PEDRA BRANCA

Quando uma criatura humana decide experimentar um encontro com a Natureza é provável que também possa dar uma espiadinha para dentro de si mesma.

E aconteceu. Uma porta foi aberta.

Um grupo de caminhantes, desafio, vontade: subir o Morro da Pedra Branca.

A metáfora da vida instalada em um não tão simples percurso, com pedras pelo caminho, passagens estreitas, lama e subida forte a acelerar corações ansiosos pela ascensão ao topo do Morro, meta a ser atingida em um pálido domingo de outono de matizes acinzentados mas pontilhados pelas vibrantes cores de bromélias e orquídeas ao longo da trilha.

A beleza exuberante da Mata Atlântica, seu cheiro, seu verde, seus sons, sua luz!

A medida que o trajeto era percorrido, ora em silêncio, ora em barulho, internamente a interação com a Mãe Terra chegava de mansinho e tomava lugar dentro dos seres caminhantes, afinal o contato com o vento, a água das nascentes, o barro, a madeira dos troncos majestosos os acarinhavam e se ofereciam , dóceis, a sua passagem. Revelavam também uma trilha luminosa dentro de cada ser, aquela que os impulsionava sempre para adiante e para cima, para a ascensão, para a Luz.

Simplesmente vivendo o momento da caminhada, das breves paradas, projetando alegria, em comunhão com a Natureza e com o próximo, era experimentar a paz e a beleza do viver.

Era uma oração!

A oração feita com o coração, sem palavras, apenas em vibrações amorosas com finalidade de elevação! Simplesmente estando felizes, a caminho do topo, do iluminar-se.

Ser feliz, mesmo em mínimos momentos, pode ser uma das mais belas orações que se pode oferecer.

Cada um, de acordo com sua sensibilidade, chega a esse estado de ser porque não se pode dissociar o interior do exterior, portanto, a paz no mundo pode começar com essa caminhada de paz interior que é um ato sagrado, energia gigantesca que religará os seres entre si, elevando a alma e consciência humanas.

O poder que se coloca nesses momentos intensos é uma oração. Mesmo que dure um minuto, o que sair do coração pode transformar muito.

Enfim, a chegada ao cume.

Duas bandeiras tremulavam, uma ao lado da outra: o Pavilhão Nacional e a Bandeira Branca da Paz.

Paz em nosso País, em nosso Estado, na nossa cidade, dentro de nós! A Paz!

Ao longe, a paisagem magnífica dos morros, dos aglomerados das casas e prédios, das praias, do mar sempre mágico, maravilhoso…

O frêmito da emoção do chegar foi somado à alegria do estar todos juntos como em um reencontro de almas que se fundem em uma só mesmo no meio de diferentes grupos , dos Trilheiros e dos Mórmons, não importando as diferenças , todos irmanados na conquista da elevação, a chegada ao destino final, à Pedra Branca, à Luz!

Lígia Maria Knabben Becker


Fotos: Maria Pesavento Pereira


Fotos: Josué Boppré


Fotos: Catarina Maria Rüdiger


Detalhes do Evento