Caminhada Rio dos Cedros/SC

28 e 29 de setembro de 2013

Primavera de 2013. Época dos despertares da natureza e de renovação.

Das caminhadas também.

E a família ACACSC se reúne em mais uma caminhada, desta vez em Rio dos Cedros, região do Médio Vale do Itajaí. Cidade com 10 mil habitantes, de origem italiana, fundada em 1875, tem sua população composta por descendentes de alemães, trentinos (tiroleses italianos) e búlgaros. O nome Cedros surgiu pela grande quantidade de cedros, madeira de lei existente nas margens do rio. Com economia que visa o turismo, agricultura e pecuária, Rio dos Cedros se concentra em proporcionar turismo rural e ecológico com a natureza a seu favor repleta de lagos, cachoeiras e montanhas. O município é o maior pólo produtor de artigos de vime em Santa Catarina.

Rio dos Cedros é muito conhecida por fazer parte do Cicloturismo do Circuito Vale Europeu, que abrange as cidades de Timbó, Pomerode, Indaial, Doutor Pedrinho, Benedito Novo e Rodeio. Atrai além dos ciclistas e outros esportistas, os amigos das caminhadas a pé, aqueles que caminham com sol, chuva, vento no rosto e alegria nas mochilas como aconteceu com os 42 participantes dessa caminhada. Um deles, o Beto, caminhou com munição etílica no seu cinturão nem um pouquinho bélico, pelo contrário, agregador, e de grande aconchego aos corpos molhados pela chuva.

O apoio logístico da incansável Mayalú foi acrescido com a atenção e o carinho do casal-guia Rubens e Isabel Buzzarello. Elogio unânime pela escolha do lugar.

Sábado, o primeiro dia da andança, partida da Pousada, com passagem pela feirinha da comunidade, pelo caminho ao lado do Lago do Pinhal e localidade de Pedra Branca, teve a companhia da chuva iniciada à hora do lanche na casa da Dona Helena que nos esperou com mesa posta, toalha branca, tudo arrumadinho sob as árvores do quintal da sua casa. Mesa bem farta, suco natural de amoras, café com leite quentinho, pães de queijo saidinhos na hora, broas e bolo. Os viajores compartilharam seus lanches na frugal refeição que substituía o almoço. Almoço pra quê?

Admiração do fogão a lenha sem boca, pelo casal Ângela e Joshua. Como? Tudo isto porque os caminhantes puderam adentrar na casa e enquanto esperavam a sua vez na fila para o banheiro (notaram a singularidade da taramela do dito cujo?) observavam o design do fogão.

Subimos e descemos, subimos e descemos … chuva e chuva … paisagem magnífica.

Mata ciliar, pastos e porteiras sem gado na fazenda que se atravessa, lagoas e vegetação abundante, eucaliptos anciãos.

Caminhada verde, ar puro, visual das águas prenhes das chuvas, das curvas dos rios e córregos, dos pássaros exibindo seus melhores cantos de amor, já que estamos na época de acasalamento, da brotação nas árvores podadas antes do frio, (a neve de 23 de julho de 2013 também apareceu na localidade do Rio Milanês), das flores (muitas hortênsias ainda não florescidas), mata e montanhas.

A chegada em casa, isto é, à Lindnerhof, em Altos Cedros, deu-se ao fim da tarde.

A pousada tem muita história. Foi construída na sede principal de uma serraria, mais tarde transformada em hotel. Hoje, um pouco da história dos Lindner pode ser revivida através dos maquinários da antiga serraria imortalizado no mobiliário da atual pousada (hof) em fotos e utensílios da família, ou mesmo no caminho das hortênsias, em cada floração. A arquitetura é um detalhe à parte – o ambiente interno do prédio principal mantém a mesma estrutura da antiga serraria construída em meados de 1950. Há uma boa biblioteca, mas são as lareiras, juntamente com seus móveis rústicos que remetem ao clima campestre do hotel, enquanto os janelões de vidro possibilitam uma vista incrível para a cachoeira, iluminada à noite. Bem romântica essa paisagem!

Interessante o sincretismo religioso neste lugar com origem alemã, manifestado na imagem de Iemanjá na grutinha perto do deck da cachoeira.

Noite regada a vinho tinto, clima de alegria e confraternização, ao som do gaiteiro contratado, conversas, cantos, danças e farta comilança. Teve até “limpeza da vesícula e fígado”, experiência sofrida e compartilhada pela Carlotinha.

Hora de dormir, caminhantes na Pousada, no Chalé e no Celeiro dos Pescadores onde o prestimoso José ígneo, quero dizer, Inácio, fez o fogo no forno de tijolos, salvador das botas e roupas encharcadas dos viajantes, adormecidos e amanhecidos quentinhos, mas um tantinho “defumados”.

Domingo, segundo dia. O ônibus parte da pousada e acontece o “Esqueceram de mim número 2”, desta vez o Cenoer açoriano e o homem do fogo, o José Inácio. O “Esqueceram de mim número 1” tinha sido com o Ruy, o fotógrafo. Após a descida da Serra de Altos Cedros, ui que curva, mas de linda paisagem, os caminheiros, feito passarinhos presos, são soltos estrada afora, à margem dos rio dos Cedros. Neblina passageira, sem chuva, contrariando o ditado do Valmor: “serração na serra, chuva na terra”, terreno plano, temperatura deliciosa, casas de enxaimel, tudo se somava ao visual da mata competindo com as águas do rio pedregoso que escorriam ora murmurando, ora não tão serenas ao lado do caminho traçado entre as comunidades do Rio Milanês (aquele da ponte parecida com a de Madison, de onde se iniciou o percurso do dia), Cedro Alto, Setembro, Gloria, Caravaggio e Dolorata.

Ao longo da estrada, ipês amarelo-ouro, antúrios despudorados, bambus, copos-de-leite, cedros, azaléas, amarílis de cores variadas, orquídeas-da-terra, buganvílias, olhinhos-de-boneca grudados nas árvores espiavam os caminhantes sorr(identes)!!! Todas as máquinas fotográficas e câmeras de celulares saíram a trabalho. Beleza de trabalho! Até o Justus tropeça e quase cai na ânsia da melhor foto daquelas maravilhas.

Jaboticabeiras, palmeiras-juçara (do palmito), ameixeiras, vergamoteiras, laranjeiras em flor, ai que cheiro bom! Eram muitos os canais de irrigação para as arrozeiras que se estendiam verdolengos à margem da estrada, povoados de quero-queros barulhentos e outras aves do banhado. Também o cheiro de silagem e estrume do gado se juntavam aos cheiros do campo, do capim gordura, enfim, cheiro de vida depois da chuva, rebrotada, em fervor primaveril.

Hora da chegada, em frente ao Hotel/Restaurante Joana Bella, busão e motorista pra lá de experiente esperavam o grupo, rumo ao almoço em Timbó, no restaurante Thapyóka, onde as iguarias e o chope, ou cerveja artesanal? hein Valdemar? assinalavam o término da jornada apenas física porque possivelmente ela continuará na lembrança dos corações-caminhantes.

Por: Lígia Maria Knabben Becker


Fotos: Ruy Eduardo Barrios Pratini


Fotos: Mario Cesar Peres


Fotos: Ana Zen


Fotos: Rudi Zen


Fotos: Josué de Souza Boppré

Detalhes do Evento