Caminho Vale da Neve, Snow Valley

24 e 25 de agosto de 2013

Sábado, as sete horas da manhã, o grupo encontra-se no Terminal Florianópolis e parte às 7:10, para São Joaquim e Bom Jardim da Serra, duas cidades que compõem, junto a outras, o belo roteiro do Vale da Neve. Num micro ônibus, sob a desconfiança (pelo menos da minha), da previsão do tempo para aquela região, prevista pelos meios de comunicação.

A meteorologia anuncia chuva e muito frio. O final de semana no quesito qualidade do tempo, realmente não é promissor. Mas, peregrino que é peregrino não se intimida com situações adversas. Parte determinado, tanto para uma caminha de final de semana, quanto para uma de longa distância. A situação mesmo adversa, naquele momento, não faz o grupo desistir!

Após a primeira parada, na BR 101, para dar uma esquentadinha, o costumeiro cafezinho. Continuamos a viagem e chegamos por volta das 11 horas ao Restaurante “Vale da Neve” e, fomos recebidos pelos nossos amigos, Rosângela, Estanis e Quirino. Rosângela, dotada da hospitalidade que lhe é peculiar, já havia providenciado o almoço ali mesmo e, um guia que nos conduziria a “Trilha das Cascatas e dos Xaxins”.
Enquanto aguardávamos, todos apreciavam a paisagem do Vale, naquele momento, encoberta por uma névoa que nos dava as boas vindas e insistia em ficar. No espaço aconchegante, o café quentinho sobre o fogão a lenha estava à disposição dos que por ali passam e nos aquecia, enquanto alguns colegas do grupo não resistiam a lojinha. Outros, continuavam a observar a paisagem e os equipamentos existentes disposto no Snow Valley Adventure Park.

A Tirolesa, o Arborismo e o Pêndulo da Torre não cessava as suas atividades. Mas nenhum dos nossos amigos teve a coragem de se aventurar, até porque, acredito, aquele tipo de aventura não era parte do roteiro proposto. Na animação do espaço encontrava-se outra “tribo” composta por um grupo de estudantes adolescentes do norte do estado catarinense. Alegres e corajosos entravam na brincadeira sem a menor preocupação climática.

Entre os jovens percebe-se algo. A comunicação entre eles era realizada em inglês. Mais tarde entendemos a razão desse comportamento. É que o Snow Valle, Adventure Park, fundado por um americano, preocupado com a extinção da fauna e da flora na região, oferece a modalidade intercâmbio na língua inglesa, para jovens que desejam aprimorar o idioma e praticar o turismo de observação e de aventura. Esse tipo de serviço foi uma das formas encontradas pelo idealizador com o objetivo de agregar valor as atividades na manutenção e divulgação do parque, explicava mais tarde o nosso guia, que entre uma palavra e outra, também solta o inglês.

Enquanto aguardávamos o momento para realizarmos a trilha, pensava, observando o Vale. O Brasil realmente reúne riquezas culturais e belezas naturais únicas, tão próximas de nós e, que, na maioria das vezes, não percebemos. Esta, por exemplo, está apenas a três horas da capital catarinense. Exuberante, serpenteia o vale expondo uma floresta de xaxins gigantes e inúmeras araucárias centenárias com suas imensas copas que ultrapassam umas às outras. Outras espécies raras também fazem parte desse universo.

A trilha compreende 1,6 a 4 Km, integrada pelos pontilhões de madeiras. Ao adentrarmos a ela nos deparamos com o som das cascatas, com inúmeras espécies que compõem o cenário. Brincos de Princesas, as avencas e os musgos formam pequenas esculturas. Outros cenários naturais também podem ser presenciados como a rocha milenar que é embelezada pela cortina de água formada pela chuva nos dá a impressão que estamos revivendo a cena do filme “Cantando na Chuva”.

No percurso, pés enterrados nas folhas secas, úmidas e escorregadias, obriga o grupo a utilizar as cordas dispostas para facilitar a travessia dos trechos. Agachar, vez por outra, também faz parte. Cruzar os imensos xaxins entrelaçados mexem com o imaginário local. Afirma o guia que o mais famoso, forma um casal enamorado e, sobre eles, nascem os filhos, compondo uma grande família. Quanta imaginação e criatividade! Mediante descrição o grupo não resiste ao fato curioso e, cada um à sua maneira, documenta o que os olhos presenciam. Com imagens como esta e por todo o seu conjunto o parque se constitui num verdadeiro celeiro para a preservação do patrimônio natural e paisagístico catarinense.

No retorno da trilha, o almoço estava a espera. Comida caseira de excelente qualidade e muito farta, fecha a manhã. Após essa etapa, fomos conduzidos pela Rosângela até a Fazenda “Lagoa Dourada” a 17 km do restaurante do Adventure Park, em Bom Jardim da Serra. Os homens resolveram chegar ao local caminhando e nem a qualidade do tempo e o caminho lamacento, desencorajou-os. Chegaram felizes!

O pequeno vale, cortinado pelas araucárias, com o seu chalé de pedra e madeira na cor amarela com suas imensas janelas de vidro para a lagoa, com uma pequena ilha ao centro, banquinho e uma canoa de fibra disponível para passeio, compõem o cenário que nos abrigaria aquela noite. O ar romântico do espaço encanta a todos. Fomos recebidos pelo simpático caseiro e pelo amável casal, Joe e Izildinha Canadas Linder, proprietários e amigos de Rosângela e Stanis.

O espaço agradável e aconchegante, acolhe a todos. A grande lareira de ferro sempre acesa e o fogão a lenha com sua chapa brilhante, aquecem o lugar. Sobre ele os bules de café fresco e bem passado sempre a nossa disposição. A grande mesa agrega a todos e permite as rodas de conversas a moda antiga que se estende até a hora do jantar.

Domingo pela manhã, a chuva não dá trégua e a névoa paira no ar mudando a paisagem. Os planos mudam. O cânyon ficará para uma próxima oportunidade. Impossível vê-lo e apreciá-lo naquelas condições. Por esse motivo curtimos por mais tempo o casal amigo.

Como o tempo não deu trégua as 12 horas partimos para o Restaurante Carvalho, em São Joaquim. No retorno para casa o grupo decide passar na Gruta Nossa Senhora de Lourdes, em Urubici, por sugestão do Guido Niheus. O local mágico é proporcionado pela força da natureza. Imponderado pela comunidade transforma-se num lugar de oração e de pagamento de promessas comprovados por inúmeros ex-votos colocadas nos espaços da cortina de pedra. Simbolicamente a força da queda d’água que cai límpida numa altura considerada, proporciona aos olhos do visitante um cenário de rara beleza.

Finalizando o passeio, a chegada em Florianópolis por volta das 19:30, fomos recebidos pelo famoso vento sul!

Por: Ana Lúcia Coutinho


Fotos: Catarina Rüdiger

Detalhes do Evento