Vivência do Meditar Caminhando

12 de abril de 2014

Aos pés da Serra do Tabuleiro, Santo Amaro da Imperatriz, um sábado de outono com promessas de chuva, 26 corações andantes abrem as comportas da vontade, boa disposição e alegria para juntos experimentarem a vivência do Meditar Caminhando.

A chegada ao Centro de Vida Alma Verde, na Várzea do Braço foi um somatório de exclamações entusiastas em virtude da exuberância da natureza naquele recanto verde, com o rio à entrada, flores, ervas para chá, pitangueiras, pés de goiaba e caqui oferecendo suas frutas maduras, pássaros esvoaçantes, um encanto de lugar. Feitas as acomodações e apresentação da proprietária e seu espaço, dos participantes da vivência, um trabalho de desbloqueio e consciência corporal teve a finalidade de dar início à caminhada por uma trilha no meio do mato até à cachoeira.

A ideia era o de sentir-se caminhando, estar no momento presente, no aqui-agora.

O plano era o de caminhar tendo consciência dos pés, pernas, de todo o corpo, sem pressa e em silêncio. Prestar atenção à respiração e tomar consciência dela, o que já seria um tipo de meditação andando. Quando se atinge esse objetivo pode ser acessado o verdadeiro Ser, o interior.

Uma chuva forte veio ao encontro do grupo de caminhantes logo no início da trilha, deixando lama sobre o tapete de folhas secas pelo chão. Muitos, descalços, aproveitaram o maior contato possível com o elemento terra e também com a água da chuva, maravilhosa, plena no seu papel nutridor e de limpeza da Mãe Terra. De repente, um tronco enorme de árvore com muitos galhos caído no chão da trilha bloqueava a passagem, mas com tranquilidade e confiança o grupo o ultrapassou.

E não são cheios de troncos-obstáculos os caminhos da nossa vida?

A chuva, cansada de chover, retirou-se e a chegada à cachoeira foi sem sua companhia.

Paisagem de encher os olhos e corações! Um panorama das águas descendo em cascatas formando piscinas naturais entre a mata e ao longe as montanhas a espiarem aqueles seres em harmonia com a natureza banhando-se nas águas puras com roupas e tudo.

Grande alegria! Gosto de comunhão!

O mesmo processo da caminhada em quietude deu-se na volta até o Centro de Vivências novamente.
Após a necessária troca das roupas molhadas, do chazinho quentinho de alfavaca-cravo, o grupo aninhou-se nos colchonetes e almofadas da sala de vivências. Música suave para meditação, alguns movimentos de Tai Chi, dança e até para um bom cochilo com direito a roncos meditativos.

O almoço vegetariano, com variados pratos preparado em fogão a lenha foi superlativo! Suco natural de fruta composto à mesa enfeitada de flores colhidas no jardim da casa, verduras da horta orgânica e temperos de ervas do quintal somaram-se aos adjetivos de satisfação dos esfomeados seres.

Muita confraternização e perfeita interação dos caminhantes durante o almoço que perdurou o tempo todo nas atividades seguintes, como a de caminhar em grupo de mãos dadas, sorrindo, gosto de infância, depois com os olhos fechados, alternando-se os pares, visando desenvolver o companheirismo, a confiança em si e no outro.

Deu-se o encerramento, com a nova saudação peregrina, o aperto de mão levado ao coração e o rico feedback da experiência vivenciada no dia, com a proposta de continuação em futuras caminhadas a todo aquele buscador de si mesmo.

O breve lanche seguido da foto dos alegres participantes à beira-rio, selava o término do Meditar Caminhando.

Que possamos sempre lembrar de trazer luz em nossos caminhos, “luz” equivalente simbólico da consciência e “caminhar” como ir deixando algo para trás, o que corresponde à ideia de ir conscientemente, ou seguir o “caminho consciente”, a essência da vida.

Um amoroso e fraterno abraço peregrino, de coração a coração.

Ligia Maria Knabben Becker


Fotos: Catarina Rüdiger

Detalhes do Evento