Há uma metáfora que diz que “nunca alguém consegue banhar-se nas mesmas águas de um rio”.
Assim também acontece com as caminhadas da ACACSC, cada uma com suas características próprias e acontecimentos inimagináveis, surpreendentes e marcantes, mesmo para os que estejam repetindo o percurso.
Primeiramente, é justo que todos agradeçam o empenho do Presidente Sérgio e sua equipe de auxiliares – por ele mesmo lembrado em suas palavras iniciais – citando a secretária XXX (participante ativa durante todo o programa) e o secretário Itamar (que só trabalhou na preparação).
Se tudo correu maravilhosamente bem é porque houve muito trabalho anterior de programação, logística, contatos e agendamentos que garantiram o sucesso do evento que passamos a descrever.
1 – PARTICIPANTES
O grupo contou com 44 participantes.
2 – TRANSPORTE
Foi utilizado um ônibus da empresa Alexandre, bastante confortável e que garantiu o acesso até as proximidades dos principais pontos urbanos ou fora de estrada.
A condução foi feita pelo motorista Jair que demonstrou habilidade profissional e gentileza no atendimento com os passageiros.
3 – A VIAGEM DE IDA
Partimos do Terminal Rodoviário de Florianópolis às 14:00h.
Antes da partida, o motorista Jair apresentou-se e deu as principais recomendações de segurança (uso obrigatório do cinto) e disponibilidades de conforto – ar condicionado, geladeira com água, copos e toalete.
O percurso seguido pode ser visto no site: https://maps.app.goo.gl/Vc4Rpk1mLMYR2ftq7
O Sérgio tomou a palavra e deu alguns esclarecimentos da programação a ser seguida.
Convidou a todos que rezassem um Pai Nosso e uma Ave Maria pedindo que tivéssemos uma boa viagem.
Percorridos alguns quilômetros, o Sérgio quebrou a monotonia – evitando que a maioria dormisse – e anunciou que a Nilza estava oferecendo um delicioso licor de butiá para revigorar os ânimos.
O Ubatan então aproveitou a oportunidade e anunciou que a Marlene também havia trazido uma cachacinha por considerar uma boa oportunidade para usar o produto. Tratava-se de uma cachaça da região de Valença RJ, mais precisamente de Vilarejo – a cidade dos cancioneiros – que têm por tradição saírem às ruas em serenatas. O precioso líquido vinha sendo guardado cuidadosamente, esperando uma oportunidade como essa. Só em Floripa essa cachaça ficou envelhecida por sete anos, devidamente armazenada sob a proteção de temperatura e luminosidade.
O Sergio fingindo um mal entendido disse que ia guardar o presente com carinho, mas não resistiu aos protestos imediatos do grupo e entregou o produto para a Nilza que na oportunidade conveniente, conseguiu servir 47 taças (uma pequena prova do precioso líquido para cada um). Realmente era para provar e cantar como os seresteiros.
Às 15:09 h passamos por Itapema e às 16:07 h chegamos ao destino.
4 – HOSPEDAGEM
Ficamos hospedados no Hotel Caiuá Blumenau, “o mais novo e moderno Hotel da cidade, localizado no coração de Blumenau.”, como está anunciado no folder.
O hotel tem 118 apartamentos com quartos confortáveis e bem mobiliados para duas ou quatro pessoas.
O café da manhã foi muito bom e com mais de 80 itens – capaz de satisfazer os mais exigentes comilões.
Outros ambientes como academia e salões para reuniões não foram visitados por nós.
O nome indígena chamou a atenção do Ubatan que procurou saber o significado e descobriu que em tupi-guarani significa Mato Ralo.
Fomos recepcionados por uma equipe de profissionais extremamente eficiente e cortês, disposta a ajudar no que precisássemos.
A recepcionista local entretanto foi a jovem Rosângela – nascida e criada na cidade e conhecedora de detalhes inobserváveis ao visitante.
Ela nos deu as boas-vindas e as explicações essenciais para que compreendêssemos a história e desenvolvimento que levou Blumenau a conquistar um elevado Indice de Desenvolvimento Urbano para Longevidade (IDL).
Sem dar maiores detalhes, o Sergio recomendou que tomássemos banho e descansássemos até o horário de saída do ônibus que nos levaria para o jantar.
5 – O JANTAR NO “CHOPERIA E RESTAURANTE VILA GERMÂNICA”
Local aprazível, prédio em estilo germânico, com muita madeira e vidro; salão amplo; bufete com muitos itens disponíveis e todos com boa aparência; música ao vivo e chamava a atenção o “copinho de chope de 1 litro”. Aos fundos do restaurante havia uma área comercial com lojas de souvenires, bebidas regionais, bombons e outros bares e restaurantes. Foi ótimo para fazer a digestão caminhando, apreciando as ofertas e o público alegre e descontraído. Todos satisfeitos, retornamos para o hotel ansiosos para continuar a boa cama experimentada na soneca da tarde e que certamente nos garantiria o descanso para a caminhada mais extensa da programação.
6 – A CAMINHADA NO PARQUE MORRO DO SPITZKOPF (Ponta)
No dia 25/05/24 – Sábado, o café estava servido a partir das 06:00 h e o pessoal começou a chegar com a indumentária que lhe parecia conveniente para entrar em combate.
Foi comprovada a promessa contida no folder do hotel “café com mais de 80 itens”, pena que a maioria parecia ter pressa para terminar os preparativos individuais para a caminhada mais desafiadora do programa.
O ônibus partiu no horário previsto e nos levou até o sopé do morro que nos desafiava.
Fomos recebidos por uma jovem que passou as recomendações de procedimento – ressaltando o cuidado de não levar nada e nada deixar na região, para preservar o ecossistema local.
Cada participante recebeu sua pulseira de identificação e teve sua mochila revistada por um fiscal encarregado de impedir a entrada de itens proibidos – incluindo bebida alcoólica.
A dona da propriedade, uma senhora idosa, lúcida e saudável, moradora local, aproximou-se do grupo e carente de conversar, contou o que pode sobre como era morar naquele lugar isolado que oferecia uma natureza exuberante e bela, mas exigia cuidados, principalmente com animais e insetos.
Só sobre as cobras, havia uma relação das mais perigosas habitantes do local, como: Jaracuçu ; a Jararáca; e a Coral-verdadeira .
Todos identificados e revistados, iniciamos a caminhada em direção ao platô elevado – ponto culminante do morro com 865 m, dos quais subimos cerca de 230 m percorrendo cerca de 2,5 km.
Durante cerca de 2/3 do percurso o caminho foi tranquilo, com o piso de pedras regulares, ladeado pela mata nativa e ouvindo o murmúrio do rio que parecia indicar o caminho.
O terço final entretanto tinha um aclive mais intenso e o piso tornou-se irregular, com sulcos provocados pela erosão obrigando o caminhante a escolher com cuidado onde pisar.
No percurso cruzamos com pequenos grupos que já faziam o caminho de volta e sempre diziam “estão chegando, falta pouco”.
Como tantas coisas na vida, o sacrifício foi compensado com o deslumbre da vista descortinada de vários pontos do platô.
Era como se a natureza tivesse estendido um tapete verde, ondulado e com pequenas manchas marcadas pelas cidades mais distantes.
Se a subida foi difícil, comprovamos a impropriedade do ditado que diz: “Para baixo, todo santo ajuda”.
A descida foi tão difícil e arriscada quanto a subida.
Felizmente o grupo inteiro retornou ao bendito ônibus estropiado, faminto e enlameado, mas com o sabor da vitória de ter vencido mais um desafio significativo.
Seguimos direto para o Restaurante Recanto Silvestre, a beira do Ribeirão Garcia, de águas cristalinas.
O ambiente era simples, com mesas para 8 pessoas e bancos longitudinais.
A comida estava servida e coberta com toalha de plástico. Um jovem funcionário apresentou-se para anotar pedidos de bebidas, mas não autorizou que se tocasse na comida.
Alguns mais curiosos descobriram que havia um recipiente com feijão e muito caldo.
Como não havia as tacinhas habituais para o “caldinho” o pessoal começou a utilizar as tulipas que estavam sobre as mesas.
Quando uma das cozinheiras viu o que estava acontecendo, chamou a atenção que “aquele era o feijão para o almoço e não haveria mais para reposição”.
O pessoal não se importou com a advertência e preferiu forrar logo o estômago e minimizar o incômodo da fome.
Passados mais alguns longos minutos, surgiram outras cozinheiras trazendo pratos quentes e retiraram o véu que profanava o que era desejado por todos.
Mais uma vez se confirmava a metáfora de que a fome é o melhor tempero. Mesmo que a qualidade dos pratos não fosse das melhores, todos comeram bastante.
Na volta ao hotel, o Sergio colocou em votação a oportunidade de comer o bolo de aniversário acompanhado de pro-seco. Essa oferta já havia sido transferida e corria o risco de faltar nova oportunidade, e o bolo voltaria para Floripa.
Todos concordaram em não perder a oportunidade, lembrando do velho ditado “é melhor dois marimbondos voando que um na mão”.
Assim o evento foi realizado com o brilhantismo esperado.
Possivelmente, só o Ubatan dispensou o verdadeiro prêmio – bem merecido pela vitória do grupo -, por três razões justas: (i) ele não digere bem o bolo pela falta do estômago; (ii) o pro-seco infringiria sua abstinência alcoólica em curso há mais de cinco anos; e (iii) a dor no joelho – que iniciou na descida do platô, voltou a incomodar.
A Marlene, muito mais jovem e resistente, representou o casal com seu charme e simplicidade.
Ao retornar ao quarto encontrou o marido se contorcendo de dor e chegou a pensar em pedir socorro à recepção para leva-lo a um pronto socorro.
Diante da recusa do marido teimoso, ela travestiu-se de caminhante para enfermeira e com amor, carinho, analgésico e pomada, fez seu paciente dormir.
7 – A CAMINHADA PELA CIDADE DE BLUMENAU
No dia 26/05/2024 – Domingo – o café da manhã repetiu-se com o alto nível de qualidade do dia anterior.
O Sergio lembrou a todos que havia um compromisso agendado com a historiadora Sueli Petry, que nos acompanharia no tour pela cidade.
Ao se apresentar ao grupo disse ela disse ter nascido e crescido em Blumenau, que seus ancestrais eram germânicos e embora tenha se formado na área de ciências históricas, descobriu mais tarde que o que ela realmente amava era trabalhar como guia turística, onde quer que fosse solicitada.
Mais uma vez ficou demonstrado para o grupo que aquilo que se faz com amor, é bem sucedido e dá bons resultados.
O circuito por ela programado e executado, foi sabiamente escolhido cabendo de forma justa no tempo disponível e dando aos visitantes a oportunidade de conhecer as razões de Blumenau ser como é.
O primeiro ponto de parada foi na A Praça da Locomotiva, oficialmente chamada de Praça Victor Konder, é um ponto turístico e histórico importante. O ponto é notável por abrigar uma locomotiva a vapor (Locomotiva Macuca), fabricada em 1908, utilizada no transporte de cargas e passageiros na Estrada de Ferro Santa Catarina, que se tornou um símbolo da história ferroviária e do desenvolvimento econômico da cidade.
O segundo ponto de parada foi para mostrar o prédio da Prefeitura da cidade, com 10.500 m2, inaugurado em 1982.
Seu estilo enxaimel foi inspirado nas casas do período colonial.
Seguiu-se então para o Teatro Carlos Gomes, localizado na Rua XV de Novembro, no coração da cidade. A primeira parte do atual prédio (compreendendo a estrutura externa, salão de festas e restaurante) foi inaugurada em 1939. Nesse ano a Sociedade Teatral Frohsinn alterou definitivamente seu nome para Sociedade Dramático Musical Carlos Gomes.
Seguimos então pela Rua XV de Novembro, onde se pode apreciar a arquitetura dos prédios tombados, no estilo Fachwerk – nome alemão para enxaimel, da época dos colonizadores.
A imagem da fachada dos prédios é reproduzida no chão (calçadas e rua) como se fora o reflexo num espelho d’água.
Nos feriados e fins de semanas, a rua é tomada de barracas oferecendo os mais variados itens como alimentos, bijuterias, utilidades domésticas, ornamentos, brinquedos, etc.
A rua torna-se uma passarela com famílias transitando, muitas delas com crianças.
A seguir, visitamos a Catedral São Paulo Apóstolo,.
Obra moderna e imponente, contrastando com os tradicionais de estilos gótico ou barroco.
Com um pé direito alto e abóboda em losangos, sustentada por belas colunas esbeltas e imponentes.
Nas laterais possui vitrais belíssimos.
Um destaque à sua entrada é uma torre alta, com um grande relógio que pode ser visto de vários pontos da cidade. A obra foi concluída em 1958.
A seguir, visitamos o Parque das Gatas que está intimamente ligado ao trabalho de preservação da natureza empreendido por Edith Gaertner, conhecida como "A Filha de Blumenau".. O parque abriga diversas espécies vegetais e animais que podem ser apreciadas pelos visitantes ao percorre-lo pelas inúmeras trilhas disponíveis. Em certa região do mesmo estão enterrados vários gatos com as referidas lápides.
Saindo do parque, visitamos o Museu de Blumenau, oficialmente conhecido como Museu da Família Colonial.
Ele oferece uma visão detalhada da história e cultura dos imigrantes alemães que fundaram e desenvolveram a região.
Possui uma coleção rica de objetos, móveis, utensílios domésticos vestimentas e documentos do cotidiano dos colonizadores.
O Ubatan ficou com receio de entrar e não o deixarem sair, devido ao rigor da vistoria de entrada e exigência de deixar as mochilas em um banco.
Terminada a visita, seguimos para o Restaurante Tapyoca, a beira do Rio Itajaí Açu, onde desfrutamos de um rico bufete e comemos ouvindo o murmúrio alegre do rio que parecia desejar uma boa viagem para todos.
Terminado o almoço, retornamos ao ônibus e iniciamos o retorno a Floripa.
Certamente todos relembravam os momentos agradáveis vivenciados com o grupo nesse evento inigualável.
Cada um terá guardado seus momentos marcantes que ficarão indeléveis para o resto de suas vidas.
A “Caminhada de Blumenau 2024” fica mais uma vez registrada como um feito grandioso da ACACSC, sob a presidência do Sergio e sua equipe de colaboradores.
Obs.
O Ubatan, autor deste relatório, pede desculpas por erros e omissões que tenha cometido e aceita críticas e correções que venham a melhorar essas lembranças.
Comments