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Foto do escritorMaria Zilene Cardozo

CAMINHO ENCOSTAS DA SERRA CATARINENSE

RELATO DO CAMINHO ENCOSTAS DA SERRA CATARINENSE

 

13/08 até 20/08/2022.

Iniciamos a nossa aventura no dia 13/08/2022, embarcando num ônibus de turismo para Orleans, com intuito de relembrar a cidade, antes conhecida apenas na correria do trabalho, quando participava como palestrante do Congresso Internacional, sobre Educação e Inovação. Chegamos em torno do meio-dia em Orleans, almoçamos, no Taos Gastrobar, depois demos uma volta no centro da cidade, tiramos fotos na igreja matriz, com todo o grupo e em seguida fomos visitar o Museu ao ar livre, Princesa Isabel, onde tivemos a grata satisfação de ter o Funcionário Welliton, com toda sua competência e carinho, nos mostrou, como os italianos, chegando em Santa Catarina, tiveram que construir tudo, derrubar árvores com machado, fazer seus próprios instrumentos e maquinários. “Ar Livre”, porque, todo o acervo é apresentado num ambiente natural e ecológico, demonstrando o cotidiano de uma comunidade, em uma determinada época, residência, igreja, moinhos, galpões, indústrias artesanais, conservando um ambiente de contemplação e estudo. Esse é um memorial em homenagem aos imigrantes italianos, que chegaram ao sul do Brasil, em 30 de agosto de 1980, e foi inaugurado, com objetivo de documentar o modo de vida dos imigrantes, suas histórias, preservando toda a ambientação da época, servindo de fontes concretas para pesquisa e divulgação da cultura material de diversas etnias, mantendo-o em perfeito funcionamento, vimos muitas peças funcionarem. Deixo aqui o agradecimento e registro de todo o trabalho da Unibave (Centtro Universitário Barriga Verde) realizado, para o funcionamento desse museu.

No final do dia, fomos para o Hotel Real Nob, descansar para enfrentar a caminhada no dia seguinte. Nessa caminhada, ficamos todo o tempo no mesmo hotel, facilitando a sistemática do faz e refaz das mochilas, malas, no entanto, deixamos de conhecer outras pousadas ou hotéis, iniciando a caminhada no local, onde terminávamos. Por isso, todas as manhãs, depois do café, saíamos de ônibus, para iniciarmos, onde tínhamos terminado a caminhada do dia anterior. Foi muito bom, também. 

A expectativa dessa caminhada era grande, pois conhecia toda a encosta da Serra Catarinense, passando pelas rodovias (SCs e BRs), de carro, no entanto, toda a curiosidade era caminhar por estradas de chão batido, estradas rurais, por esse belo interior de Santa Catarina. E ainda a expectativa de conhecer novas pessoas, pessoas de diferentes lugares, diferentes modos de viver, e passar a conviver com essa diversidade, num ambiente alegre e harmonioso, fortalecendo as antigas amizades e cultivando novas amizades.

E a nossa turma foi espetacular, cada um com seu ritmo, que é natural, no entanto o café, o lanche unia todos os peregrinos, saboreando as delícias e amenizando o cansaço. Aos poucos, a convivência a caminhada e os jogos, praticados a noite, nos proporcionava uma maior proximidade e conhecimento das pessoas, que o caminho, nos deu a oportunidade de convivência. Além de enaltecer nossas meninas dos aquecimentos, também, tínhamos muitas cantoras e contadores de piadas, nossas fotógrafas, sempre ao final do dia, nossos olhos se enchiam das belezas que muitas vezes, escapavam da nossa observância, mas o olhar delas, captavam, todas as nuances, da beleza natural. Agradecimento especial ao José e Maria que tão bem representaram a ACACSC, como também nosso Presidente, José Luiz Ferreira, que mesmo não caminhando conosco, estava presente, diariamente com recados e orientações pelo whatsApp. Agradecer também a Santuá Turismo, por realizar e idealizar esse belíssimo caminho, nas Encostas da Serra Catarinense, onde atravessamos rios e trilhas, passamos por lindas comunidades rurais, todas cultivadas e todo o caminho com grande variedade de flores maravilhosas. Mas o que mais me surpreendeu, foi a ausência de pessoas nessas comunidades, aliás todas cultivadas, mas encontramos poucas pessoas, nessas lavouras, tão bem cuidadas. E a Santuá Turismo, tem nomes, que não podemos deixar de agradecer, pois todos foram gentis, pacientes e conhecedores dos lugares e suas histórias. E como não, mencionar e agradecer o idealizador desse caminho, Sr.  Walace Croceta, com toda sua simplicidade, competência, perspicácia, que tão bem soube mostrar e idealizar todos os caminhos. Artur, incansável com a água, nossos deliciosos lanches e sempre nos acompanhando, disposto a nos ajudar sempre; Robinho, sempre disponível e atento nas estradas, visando a segurança de todos; Gabriel, o pouco tempo que ficou conosco, serviu para reconhecermos sua simpatia e competência; Léo, nosso amado guia, tudo de bom, competência, conhecimento de toda a área caminhada e visitada, isso tudo misturado com grande paixão e carinho e ainda liderou tão bem, todos os caminhos e caminhantes. Pelo esforço de todos mencionados acima, foi possível passar por essa linda experiência. Muito obrigada!

 

2º Dia – 14/08/22 – 22km

Tomamos o café da manhã, fizemos um aquecimento, sob o comando da Marize e parabenizamos os pais ali presentes, pelo seu dia. Em seguida saímos do hotel em Orleans, caminhando pelo interior, passando pelo bairro São Gerônimo, um caminho maravilhoso, estrada de chão, o clima estava agradável, passamos por uma cachoeira, na margem da estrada, próxima a uma serraria antiga e da propriedade da família Menegazzo, aproveitamos todo esse visual, pois o dia estava propício, para admirar toda essa beleza natural, que o caminho nos proporcionava. Fomos até a Cachaça do Conde, passando antes na Queijaria Formaggio Campannone, onde tivemos a oportunidade de conhecer o processo de produção e saborearmos 4 tipos de queijos, deliciosos.

E dali enfrentamos mais uns 3 kms de caminhada, pois o sol, não deu trégua, estava muito calor. Mas o caminho com sol, subidas e descidas, tudo isso foi compensado, com uma bela mesa de frios, pães, roscas, aliás alimentos produzidos por eles mesmos, deliciosos, além do carinho e atenção que nos receberam, que faz toda a diferença. A degustação e conhecer todo o processo de fabricação da Cachaça do Conde, nos surpreendeu bastante, pois, em 2014 deu-se origem a esse projeto empreendedor com Henrique Perin Orben, juntamente com o sócio, Clodoaldo de Souza, resolveram se qualificar e investir no ramo da Cachaça. É produzida em Orleans, na localidade de Barracão, com sabor inigualável, o produto já é conhecido por diversas regiões e faz sucesso em feiras e eventos. Com uma técnica diferenciada, a empresa que iniciou produzindo 15 mil litros da bebida por ano, atualmente produz cerca de 40 mil litros e já é produto conhecido pelo estado, pela sua qualidade e sabor. O processo de fabricação é minucioso e feito com cuidado, que inicia ainda na roça com a colheita da cana, até os últimos detalhes técnicos. Conforme Orben, nenhum tipo de produto químico é utilizado no processo, além do fermento especialmente desenvolvido para a função. “É uma produção legitimamente artesanal. Nossa técnica é diferenciada e faz com que o resultado seja mais satisfatório”.

E depois de todo esse agrado e conhecimento, partimos para a Vinícola Bianco, degustação e conhecimento do processo de fabricação do Vinho Bianco, vinícola também localizada no bairro Barracão em Orleans, são vinhos elaborados com uvas selecionadas, de sabor e aroma característicos das terras situadas na cidade das Colinas. Fundada em 2013. Seus sócios administradores: Daniel Orben Bianco e Antonio Orben Bianco É uma empresa familiar e a fórmula veio com os imigrantes que faziam vinhos para o sustento. Todos com espírito jovem, vinhos e enólogos, e já ostentam maturidade. Os vinhos Bianco de Orleans merecem destaque. Têm qualidade, as garrafas, o ambiente, a propriedade as terras e o humor atrás do rosto sério daqueles italianos.

E assim terminamos o dia, voltamos para o hotel, com a alma e a mochila cheia de belezas naturais, bom-humor, sorrisos, carinho e gratidão àquelas pessoas tão especiais que nos receberam especialmente para mostrar suas produções e conhecimentos da queijaria, da cachaçaria e da vinícola.

3º Dia – 15/08/22 – 20km

Fomos de ônibus até a Cachaça do Conde, saindo do hotel depois do café da manhã as 7:30, e a partir daí iniciamos a caminhada, depois do aquecimento coordenado pela Regina. Esse dia, passamos por lugares maravilhosos, estrada rural muito bonita, aliás a maioria dos trechos caminhados, estavam muito floridos, a natureza foi bondosa nesse nosso estado, cada canto, preservando sua beleza singular, não obstante o calor nos castigou, a temperatura estava acima dos 30 graus e o relevo bastante irregular, muitas subidas e descidas, o que nos proporcionava muito cansaço. Fomos até Capivaras do Meio, em Grão Pará, na igreja, onde esperamos todos, para de ônibus ir até o Café Bar do Arcanjo, experimentar um enorme e delicioso pastel. Mas o dia não terminaria com essas belezas até então vistas e apreciadas, tinha mais coisas a admirar. Fomos na belíssima Cachoeira do Olivio, em Grão Pará, sem palavras para definir aquele canto, de um lado um paredão de pedras e no outro a enorme queda d’agua, formando uma linda cachoeira. Quando retornamos para Orleans, passamos nas Esculturas do Paredão, feitas e planejadas pelo escultor Orleanense José Fernandes, o “Zé Diabo”. Tendo a participação e a mão do Pe. João Leonir Dall´Alba na concretização dessas esculturas. Foram feitas no paredão de passagem da estrada de ferro margeando o Rio Tubarão, no centro da cidade. Foram gravados naquela encosta, belíssimos painéis representativos de passagens bíblicas. Trata-se de um conjunto de muita beleza e arte com visitação permanente de bom número de viajantes, estudantes e turistas. Hoje elas estão muito prejudicadas pelo tempo e o Poder Público tem que se atentar, para uma maior preservação, por se tratar de uma obra que projeta Orleans no cenário cultural, turístico nacional e sul-americano.  Depois de tantas coisas maravilhosas que vimos, depois de um dia cheio de emoções, pois não foi fácil esse dia, voltamos mais fortalecidos para o hotel, onde tivemos uma reunião para resolver a agenda do outro dia. Porque, inicialmente estava previsto, a ida até o Pé da Serra do Corvo Branco, que não seria possível, por estar impedido a passagem na referida serra. Foi escolhido, no final da reunião, que faríamos o caminho, no Parque Estadual da Serra Furada.

4º Dia – 16/08/22 – 10km

Saímos do hotel as 7:30h de ônibus até a entrada do Parque Estadual da Serra Furada. Iniciamos nosso belo dia, com aquecimento coordenado pela Ana, sempre muito bom, e fomos agraciados com técnicas diferenciadas, pois cada dia, era uma peregrina a nos aquecer. Só temos a agradecer nossas amigas da educação física. Esse dia estava propicio para caminhar, clima agradável, chuvoso. Mais ou menos 8:30h, iniciamos a nossa caminhada, no meio da floresta, tinha uma trilha e por ela conseguimos avaliar a importância da conservação e proteção integral à natureza. Esse parque está situado no sudeste do estado de Santa Catarina e ocupa parte do território dos municípios de Orleans e Grão-Pará, criada em 20 de junho de 1980, por meio do Decreto nº 11.233, só assim essa paisagem exuberante das encostas da Serra Catarinense, está protegida. Passamos pela exuberante cachoeira da Piava, nos proporcionando um ruído musical, o cair das águas, formando esse visual estonteante. É por demais emocionante andar no meio dessa mata, não tenho palavras para expressar a beleza e a importância desse manancial para a vida de todos nós, ainda mais se estiver na companhia de um grande defensor, conhecedor, competente e apaixonado por esse pedacinho de terra com um dos biomas mais biodiversos e ameaçados do planeta, que é a Mata Atlântica, Léo Matei Baschirotto, cadastrado como  Guia de Turista, sob o número  36.219.273/0001-79. No Parque há um vasto campo para o desenvolvimento de estudos e pesquisas que contribuem para o conhecimento da biodiversidade local e estudos de alternativas para o desenvolvimento sustentável da comunidade do entorno, conferindo à área, grande interesse científico. Tire seu tempo e faça essa trilha, pois com palavras, não sei dizer e expressar a beleza, a emoção de estar lá dentro, fazendo parte daquele mundo que deveria ter, todo nosso cuidado, e sentir a liberdade sem poluição, sonora, visual, mas dependemos dessas pessoas como o Léo, para defender e preservar de todos os predadores humanos, tendo-o como inspiração (leodasmontanhas). Depois desse visual todo e sensações indescritíveis, voltamos para o hotel e em seguida fomos conhecer e saborear as delícias do Big Jack Pub Bar, chopp e cervejas artesanais extremamente bem elaborados e um excelente cardápio de carnes assadas na hora, hamburger artesanal e comidas de boteco. Nesse clima de alegria, terminamos o dia.

5º Dia – 17/08/22 – 24km

Depois do café da manhã no hotel, fomos até Grão Pará, de ônibus, fizemos nosso aquecimento matinal sob a coordenação da Ana, que agradecemos, pois ficamos bem aquecidos para iniciarmos nossa caminhada e relembrando a necessidade de alongarmos depois. Fomos até Chapadão Orleans. O dia estava maravilhoso, para apreciar as montanhas que nos cercavam com suas belezas, temperatura alta, caminho florido, as azaléias estavam maravilhosas e por todos os lugares, além delas, muitas orquídeas e uma diversidade muito grandes de outras flores. Seguimos a estrada rural, que não tinha fim, a maioria dos peregrinos terminaram o caminho, de ônibus, ficamos apenas em 5 para chegar na Pousada Aconchego Pé da Serra Família Sellinger, caminhando, mas nada nos assustava, enfrentamos todo o trecho com muita alegria e companheirismo, para saborearmos o delicioso almoço preparado por essa família. Antes de chegar na Família Sellinger, passamos pela APOLSCA – Associação Cultural de Descendentes Poloneses da Encosta da Serra Catarinense. Essa associação tem por objetivo reunir descendentes de poloneses e demais simpatizantes para vivenciar confraternizações de eventos de tradição polonesa, bem como a promoção da cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico. A sementinha dessa associação foi lançada na terra em março de 2007 pelas mãos dos Prof. Celso de Oliveira Souza, que na época surgiu como ProApolsca – Programa de Reconhecimento e Revitalização da Cultura Polonesa da Comunidade de Chapadão, tendo como primeiro desafio, encontrar uma instituição universitária na Polônia interessada no ProApolsca, para que o projeto pudesse sair do papel. Então em junho de 2007 o Prof. Celso de Oliveira Souza, que na época era Reitor da Instituição Febave – Unibave, juntamente com a Prof. Marlene Zwierewicz, visitaram a universidade de Adam Mickiewicz em Poznán  na Polônia, para estudo de um intercâmbio que poderia beneficiar a comunidade de Chapadão e descendentes poloneses de outras comunidades. E foi essa visita que possibilitou o primeiro contato com a professora Grazyna Jadwiszczak, profissional que segue trabalhando com a Língua Portuguesa na Universidade Adam Mickiewicz, e que mantém contato como a APOLSCA até os dias atuais. Então, após esse primeiro contato, em novembro de 2008 aconteceu à primeira visita da professora Grazyna à comunidade de Chapadão. Foi desta forma que as portas se abriram para manter a Cultura Polonesa ainda mais viva, e o convênio Brasil – Polônia aconteceu. Seu lema: fé, cultura e tradição. E seu copadroeiro o Santo João Paulo II, nascido Karol Józef Wojtyla em Wadowice, Polônia, um verdadeiro polonês que deixou semeado nos corações dos poloneses muito amor e uma lembrança que jamais será esquecida, uma medalha de prata com sua face estampada, entregue nas mãos do Padre Santos Spricigo “in memorian”, quando fez sua primeira visita ao Brasil na cidade de Curitiba, nos dias 05 e 06 de julho de 1980, para que chegasse aos poloneses do Chapadão. (Informações obtidas no site da APOLSCA) E assim ao cair da noite, voltamos para o hotel, todos cansados, mas com a mochila cheia de encantamentos pela beleza florida e bons momentos que passamos com os amigos peregrinos, como também, Arthur, Walace e Léo que não mediram esforços para o nosso bem-estar.

6º Dia – 18/08/22 – 23km

Saímos depois do café da manhã, de ônibus até Brusque do Sul, com o tempo bastante instável, previsão de chuvas, no entanto acreditávamos que iriamos terminar a caminhada sem chuvas, mas não, já no aquecimento, tivemos que nos recolher de baixo do telhado de uma escola. E nesse dia, a nossa coordenadora do aquecimento foi a Cirlene, excelente, mantendo a qualidade dos anteriores, no entanto, bastante introspectivo, nesse ritmo gostoso, iniciamos a caminhada. Estrada rural, desfrutamos belas e variadas paisagens, pois a economia de Orleans é baseada no setor agrícola, principalmente na produção de fumo, passamos por muitas terras com essa plantação. Possui indústrias e embalagens plásticas, molduras, implementos agrícolas e carrocerias, além de grande produção de madeira beneficiada. Orleans, de acordo com os dados divulgados da AMREC, (Associação dos Municípios da Região Carbonífera), apontam que o município superou todos os demais da região carbonífera, quando o assunto é crescimento econômico. O dia estava com nebulosidade intensa, pouca luminosidade, muito frio e vento, de cortar o coração. Mas conseguimos chegar até Três Barras, antes da chuva, para o encontro de todos os peregrinos e saborearmos o lanche e continuar a caminhada, rumo a Cabriúva. A expectativa era grande, pois além da torcida, para a abertura do tempo, para visualizar a pedra furada, também que a chuva desse uma trégua, pois estávamos já molhados e o corpo gelando. Caminhamos também, nesse dia, no Parque Nacional de São Joaquim. Esse parque foi criado em 1961, com o objetivo de proteger os remanescentes da mata de araucárias, protegendo também as matas nebulares e os campos de altitude e uma parte de florestas das encostas. Essa riqueza de vegetação de tipos de diferentes que compõe o bioma da mata atlântica aqui na Serra Catarinense é que traz a importância do parque para preservação e proteção da natureza.  O caminho, uma bela paisagem, passamos por duas porteiras, na ida, abertas e na volta tivemos que pular todas as duas, muitas arvores, pastagens, regatos e muitas pedras soltas que vieram das montanhas, em detrimento às intensas chuvas, que atingiram todo o Estado na enchente de maio de 2022, causando muitos transtornos e destruição em Orleans. Cada riacho que tínhamos que atravessar, era uma demonstração de solidariedade, companheirismo dos peregrinos, os mais fortes, ajudando, dando as mãos, aos que necessitavam de ajuda, ou que tinham medo de cair (meu caso). Mas, atravessamos todos os regatos, com muita competência e ajuda do Léo e dos peregrinos mais corajosos. Só agradecimento! Chegando no local, de onde se vê a Pedra Furada, nada aconteceu, pois a chuva caía contínua e intensamente e as nuvens não deram trégua para qualquer visualização, o visual só na cabeça de cada peregrino. A vontade era tão grande, que na minha cabeça, visualizava no lugar apontado pelo Léo, a grande preciosidade, a pedra furada. E a chuva aumentando, por isso só registramos a nossa presença nesse pedacinho de terra e voltamos. O pior de tudo era passar pelos regatos novamente, com maior correnteza, devido as fortes chuvas, no entanto com a ajuda de todos, passamos tranquilos, já experientes. E caminhamos até onde foi possível chegar um carro 4X4, para nos pegar, mas esse carro nunca chegava, pois teve que fazer mais que uma viagem. Chegando todos os peregrinos em Três Barras, tomamos o rumo para o hotel, de ônibus e depois do banho, para esquentar um pouco, tomamos as deliciosas sopas, cardápio da noite. E o nosso dia termina, com esse buffet de sopas, no restaurante do hotel, tendo o tempero da alegria, do cansaço, e de toda a solidariedade dos peregrinos.

 

 

7º Dia – 19/08/22 – 24,5km

Fizemos um trecho de ônibus, até Curral Falso, depois do café da manhã. Antes de iniciarmos a caminhada, fizemos o aquecimento coordenado pela Marize e Arlete. Depois disso, seguimos o caminho até a cachoeira do Cechinel, Rio Hipólito, admirando as belezas naturais, com muitas flores lindíssimas. No entanto, não imaginávamos, o que estava por vir, muitas e muitas subidas e descidas, mas como sempre, nada nos assustava, enfrentamos todo o trecho com muita alegria e companheirismo. Caminhamos e caminhamos por entre as estradas rurais, poucos transeuntes, no entanto as plantações, na sua maioria fumo, crescendo com todo vigor. Nesse caminho, encontramos muitos carros e na poeira, nos perdíamos, para depois de baixada, poder contemplar a beleza, atentos aos nossos olhares. O calor, nesse dia, não deu trégua, muitos peregrinos, não conseguiram chegar caminhando, até o restaurante Redivo, em Guatá, no município de Lauro Müller. Nosso objetivo, era chegar na SC 390, pois sabíamos que estaríamos perto do restaurante e final da caminhada desse dia. E realmente quando ouvimos o barulho dos carros, logo chegamos na SC 390 e qual nossa surpresa, uns 400m, estava o restaurante, além da fome, mas feliz ainda, pelo fim do compromisso de caminhar. Reconhecemos que o caminho estava muito íngreme, causando um cansaço em todos, sem contar que os primeiros alvores, estava muito frio e depois o calor tomou conta, esquentando bastante. Almoçamos e depois de ônibus, fomos visitar, experimentar e sentir as belezas da Serra do Rio do Rastro. Não foi a primeira, nem a segunda vez, mas muitas vezes, passei por ali, mas o sentimento de admiração, não foi menor, que da primeira vez. Ainda mais que estávamos com peregrinos, que não conheciam essa obra de arte, natural e terminada pelo Homem. Nesse dia, as laterais da serra, estavam cobertas de gelo, paisagem maravilhosa, inesquecível. Ficamos uns 40m, para apreciação e admiração de toda a estrada, vista de cima para baixo. Sempre vale a pena dar uma parada e enaltecer toda essa beleza.

Com a alma lavada de tantos lugares maravilhosos, voltamos para o hotel, com a mochila cheia de lembranças, com pessoas que gostam de aventurar, de trilhar, de caminhar, viver e sentir a natureza em harmonia com o nosso modo de viver. Essa noite, tínhamos o compromisso de arrumar a mala, para sairmos e caminharmos os últimos kms, pois, a volta, para a nossa casa, nossa cidade, estava próxima. Amo caminhar, principalmente em lugares, como esses que conhecemos e caminhamos, mas voltar para a nossa casa é muito melhor. E a hora estava chegando.

8º Dia – 20/08/22 – 12km

Nosso último dia de caminhada, malas, mochilas prontas, todas no ônibus, rumo ao Bairro da Ponte Preta em Orleans, para cumprirmos a quilometragem prevista 168 Km, no roteiro organizado Pela Santuá Turismo, juntamente com a ACACSC, já mencionado anteriormente nossos agradecimentos. Antes de iniciarmos a caminhada, fomos visitar a Gruta Nossa Senhora de Lurdes, do Rio Amaral, em Lauro Muller, lugar muito tranquilo e lindo, valeu a passagem por ali, para agradecer toda a harmonia que envolveu a nossa caminhada. Fizemos o aquecimento e quem quisesse falar, poderia fazer uso da palavra, antes das orações, que aliás era feito todos os dias, depois do aquecimento. Sinceramente a paisagem desse caminho estava estonteante, uma beleza inenarrável, todo o caminho até Ponte Preta, fomos margeando primeiro o Rio Oratório, depois se une com o Rio Tubarão e por último, chegando, com o Rio Laranjeiras, formando uma paisagem mais linda que outra. Foi um caminho tranquilo, sem muitas subidas e descidas, como nos dias anteriores e as nossas mochilas estavam cheias de gratidão, carinho, paz, amor, novas amizades e esperança de dias melhores para toda a humanidade, porque a caminhada nos proporciona tudo isso e valoriza o que é importante, para sermos felizes. E ainda serve para fortalecer o coração, juntar famílias e ter qualidade de vida. Terminada a caminhada, de ônibus, fomos até o Espaço Nonna Maria, onde o almoço foi servido, passando por lugares maravilhosos, tornou-se um lugar singular, um restaurante com toda a natureza preservada, boa infraestrutura e comida muito gostosa, tendo todos os pratos, o tempero da alegria, do cansaço e do carinho. E assim brindamos novas e antigas amizades e brindamos toda a beleza natural, que o nosso estado possui. Depois houve a entrega dos certificados, para cada peregrino, por Gabriel, Artur, Léo e Robinho, mas uma vez, nossa gratidão por todos, evidenciada pelos aplausos e carinho que todos receberam. Com os aplausos terminamos, nesse restaurante, o Caminho das Encostas da Serra Catarinense. E nunca esquecer, que é com a alegria, resiliência, que se faz o caminho. E o retorno a Florianópolis, se deu com muita cantoria no ônibus e com saudade do nosso lar, no entanto, a saudade do grupo, já apresentava sinais, que iríamos ter.

 

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