Autor: Jairo Ferreira Machado
Não se perguntou se queria ir
Foi-se pelas gerais afora
Caminhar o Caminho Real
Casa Grande, Lagoa Dourada
As botas pisando o chão, Prados, Tiradentes
São João Del Rey, rei também
Nos baixadões, nas subidas, nas descidas
Um escorregão aqui outro acolá
Caquende, Carrancas, Capela do Saco
No chão dos seus olhos
O ouro se faz diamante
Traituba, pousada do Dutra
Aranhas, artimanhas, morcegos voam
No caminho, caminhões à revelia, cortesia
Cruzilia, encruzilhadas, pinguelas, córregos
Águas minerais, Caxambu, São Lourenço
Todos os santos vêm ajudar
Às vezes os totens atrapalham
E nos manda pra outro lugar
Bois, cães sentinelas, Minas Gerais
Lá vai a seriema morro acima
Tagarelam além as maritacas
Pousados sobre as estacas das cercas
Piam alegres os gaviões
Gorjeiam cá os galos do campo
Santana do Capivari, Passa-Quatro
Nos trilhos da Maria-Fumaça
De brincadeira, lá vamos todos nós
Entoando uma cantoria
Serra da Mantiqueira ficando pra trás
Túnel do sofrimento, escuridão
Lembranças dos tempos idos
Muitos homens ali morridos, Passa-Vinte
Guaratinguetá, Guará
Templo do Frei Galvão, benção
Santuário de Nossa Senhora Aparecida
Agradecimentos, oração
O vale do rio Paraíba lá distante
Na Fazenda São Francisco
Cansados, fazemos pousada
Às margens da floresta encantada
Deliciamos abençoada sopa
Serra da Bocaina, roça, enxada, cabo
Cunha, no pico do morro
Pobres de nós, ricos de nós: Sotaque Mineiro
Música ao vivo, vinho, pinhão
Já imaginando Paraty aquém-mar
No mar de nossos olhos
A Serra do Mar, pedregulhos, rochas
Mistérios, beija-flores entre flores mil
Iridescentes elas vão e vem
Riachos, cachoeiras, ladeira abaixo
Canta longe a Araponga-macho
De cá o outro responde o cio
Pousada quatro ventos
Brisa do mar, barco furta-cor
Lá vamos nós mar afora
Os pés já sem as botas
Descansando da lida
As mochilas enfim recolhidas
Para algum outro destino
As lembranças batendo no coração...
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