pela potente lanterna, marcado pelo colete sinalizador nos
conduziu em segurança, após alguns minutos de caminhada. Da
insensatez dessa manhã escura, uma lição. Só saia a rua com o dia
claro.
De todas as situações vividas a que mais invadiu a minha
alma foi sem dúvida a voz sentida, chamando pelo meu nome,
utilizando todas as letras na forma doce e pausada
Ana Lúcia
. Doce
voz de mulher! A princípio pensei que era uma brincadeira.
Segundos se passaram. Como não havia ninguémaomeu redor ou
até onde os meus olhos pudessem alcançar, pensei: 'é melhor não
buscar explicações'.
Experiência única naquele cenário de paredões de pedra
das quintas adormecidas no tempo. A surpresa não parou por aí.
Caminhei mais alguns metros e deparei-me comuma curva e mais
umparedão de pedra. Na esquina a mais oumenos dois metros de
altura uma placa encrustada com a seguinte frase: “Família
Coutinho”. Arrepiei!
O toque descompassado do coração acelerado pelo som
das passadas rmes na terra batida reete a mente a mil que viaja
por anos luz, numa rapidez incrível, percorre os caminhos da
infância até se deparar com o presente. Surge a conclusão
precipitada sem o crivo da reexão. É algo muito íntimo... Melhor
não buscar explicações. Concluo que tudo é uma lição e como já
mencionado por inúmeros depoimentos daqueles que percorrem
o Caminho: “OCaminho é tambémo encontro como inesperado”.
De todas as perguntas interiorizadas lançadas durante o meu
caminho, confesso que não tenho respostas mas me permito
repassar - apenas sinta e viva permitindo que a alma transcenda.
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Olhar Peregrino