Página 71 - Olhar Peregrino paginadaOK4

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udo começou muito antes de eu percorrer o Caminho de
Santiago de Compostela, durante a minha preparação.
Aconselhada por peregrinos mais experientes e pelo próprio bom
senso, dediquei atenção especial às botas que seriam minhas
companheiras durante a peregrinação.
Assim, adquiri as melhores botas cerca de quatro meses
antes da viagem, em maio de 2005. Para amaciá-las, andei em
Jaconé (RJ), Vitória (ES) e São Luis (MA), dentre outros percursos
preparatórios. Logo caram confortáveis, embora eu confesse
que machuquei uma unha no início. Nada grave. Eu achei justo,
pois, acima de tudo, são a segurança e a saúde dos pés que estão
em jogo.
Enm, quando comecei o Caminho as botas já estavam
devidamente amaciadas. No início, foi tudo muito bem, e com
cada pé pesando cerca de 500 gramas, quei com as “batatinhas”
das pernas durinhas. Mas, na última metade do percurso, comecei
a sentir dores no pé esquerdo.
Conheci um peregrino, que fazia os últimos 100
quilômetros do Caminho junto com o pai, um senhor de quase 80
anos. Ele me contou uma história de uma francesa que teve que
desistir da peregrinação devido à dor nos pés. Ela tinha tido
fratura por stress. Fiquei um pouco assustada com a história, mas
aguentei a dor e continuei rme.
No último dia de caminhada, a dor estava insuportável.
Cheguei a ter febre, mas ninguémtinha sequer umantitérmico.
Após chegar em Santiago, comprei roupas novas, mas
mantive minhas papetes, então a única forma de caminhar com
ummínimo de conforto.
T
Fiz as pazes com minhas botas
Uma história de reconciliação
Ecilda Pessoa de Lima