Página 73 - Olhar Peregrino paginadaOK4

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h! Meu Caminho, cá estou outra vez, te buscando nas
memórias, todas mais do que vivas, fáceis de alcançar... porque
asmarcas que deixas não são quaisquer.
Lembras da ansiedade naquela véspera de partida?
Embora presente no recinto dos sonhos há tanto tempo, muito
desejado e às vezes contaminado pela dúvida de poder realizar-
te, provocavas, naquele momento, o frio do desao! Estava
iminente deixares o campo do sonho, para tornar-te uma
verdade.
Voei, anal.
E te alcancei eme alcançaste.
Estávamos juntos, conhecidos no sonho e estranhos na
Vida.
Bem cedinho, manhã ainda escura, tentando seguir os
passos rápidos dos companheiros, eu deixava para trás a meiga e
idosa Saint Jean Pied-de-Port, não sem o sentimento de que fora
muito breve, breve demais o tempo ali passado. Bem baixinho, lá
no íntimo de mim mesma, já me prometia um dia retornar: era a
paixão por ti, Caminho, que já sematerializava.
Não demorou muito para sentir teu abraço, através da
brisa fresca e da luminosidade que a tudo fazia brilhar, enquanto
alçava os Pirineus e imprimia em ti os primeiros passos. Foram
passos lentos... os passos permitidos ali pela ansiedade, e para
não deixar só outra peregrina que caminhava mais cansada do
que eu. Distanciaram-se os que iniciaram conosco o percurso, e
fomos cando sós naquele espaço mágico de aromas, imagens,
sentidos. Era de tal dimensão o inusitado, que quase duvidei
pudesse abrigar tanta emoção na alma.
A
Conversando contigo, Caminho
Elizete Ana Chissini de Castro