E Porque Não Caminhas Com As Flores?

Autor: Lígia Maria Knabben Becker
Novembro de 2007

Inverno, dia de sol, andanças. Rancho Queimado. Um olhar sobre as flores do caminho.

Vem o devaneio…as flores dançam, sorriem, sussurram segredos,sonhos, evolam aromas,exibem suas cores, formas e texturas, admiráveis seres que se oferecem medicamentosas às almas humanas , em beleza e graça na alegria, na paixão, no conforto à dor , companheiras de muitas caminhadas.Suas vibrações correspondem às diversas características da personalidade humana, mas em estado puro, daí suas essências terem o dom de trabalhar conflitos possibilitando a integração das emoções positivas e negativas à personalidade.Também não somos reconhecidos por nossas vibrações?

Na efemeridade do tempo vegetal florescem, vicejam, murcham e morrem em harmonia com as naturais leis do Universo. A desarmonia somente chega nas demasiadamente humanas mãos dos (i) responsáveis pelo equilíbrio do nosso Planeta que se esquecem daqueles dotados de vida orgânica apenas, mas nem por isso menos sensíveis.

A esplendorosa acácia-mimosa explodindo em flores (um tanto adiantada para esta época do ano) manda perfumoso recado aos caminhantes sobre a maneira como exalamos nosso perfume natural, sem máscaras ou seja, vibrando no bem. Segreda que as essências das plantas, seus óleos, podem ter efeitos sobre a energia do nosso corpo e sua freqüência que acaba se alterando pela memória energética trazida pelo óleo da planta.

Brancos, magníficos copos-de-leite à beira do caminho, num banhado, chamavam a atenção pelo majestoso porte. Diziam-se temerosos pela ausência das abelhas em algumas regiões porque elas são dos mais sensíveis seres na Natureza e por isso as primeiras a detectar os prenúncios das alterações no meio ambiente e até de cataclismos.

Ah! O desamor! Causa gigante dos desvarios e do medo, sussurra a delicada rosa. Se deixarmos o amor fluir, o medo desaparece. O amor não é singular, se eu não amar e respeitar a mim mesmo pra começar como poderei amar o outro incluindo aqui o meu vizinho, meu irmão, minha família, a Natureza, as plantas, as flores?

Não foi à toa esse ensinamento já que a rosa é a flor do amor!A lenda conta que ela foi criada por Clóris, uma deusa grega das flores, a partir do corpo sem vida de uma ninfa que ela encontrou no bosque certo dia. Pediu a ajuda de Afrodite, a deusa do amor, que deu à flor a beleza; Dionísio, o deus do vinho, ofereceu o néctar para proporcionar-lhe o perfume doce; e as três Graças lhe deram o encanto, esplendor e alegria.

Depois Zéfiro, o vento oeste, afastou as nuvens com seu sopro para que Apolo, o deus-sol pudesse brilhar e fazer a planta florescer. E, desta forma, a rosa nasceu e foi coroada a rainha das flores.

As plantas sentem. E como sentem ! Mestras das nossas sensações são capazes de desbloquear conflitos na ajuda amorosa da integração das emoções positivas e negativas à personalidade, princípio básico dos florais.

Olha aqui, você caminhante, disse o gerânio balançando-se todo. Já olhou hoje nos olhos do companheiro que caminha ao seu lado? Se precisar, mostre-lhe as flores do caminho, -conte-lhe histórias: que os gerânios adquiriram sua cor graças a Maomé que deixou sua roupa pra secar sobre um canteiro de malva; as flores enrubesceram de orgulho e nunca mais perderam a cor, passando desde então a ser conhecidas como gerânios.

Azáleas também quiseram compartilhar lúcidas idéias transformando o silêncio em reflexão profunda. Perceberam vocês, diziam elas, que a virtude do nosso século é a intelectualidade e o grande defeito é a indiferença moral? Que quando os indivíduos se transformam a sociedade também se transforma e que esta só progredirá quando a moral e o intelecto se equivalerem?

Imponente, a flor da bromélia manda seu recado expressando seu sentimento de adoração ao Criador, em espírito e verdade – simplesmente se abre em adoração!

As flores dos pessegueiros, gestando os frutos, cantavam hinos na linguagem das abelhas e beija-flores a quem se ofereciam despudoradamente seguindo o determinismo do reino vegetal, diferindo do livre-arbítrio hominal.

Envolta em lilases vestes as magníficas magnólias espiam os passantes, mestras na arte do bem-viver e falam sobre os caminhos…São tantos! Mas, diziam elas, o caminho passa pelo autoconhecimento, pela aceitação das nossas capacidades e limitações , pela confiança em si mesmo,aceitação e confiança no outro, pelo reconhecimento do amor divino. Somos todos da mesma Luz! Do mesmo Amor!

Então, por que não caminhar com as flores?