Caminho da Ilha – 2023 – Maria Cirlene Cordioli

catarinense dos amigos do Caminho de Santiago de Compostela, tem como principal objetivo, divulgar e preparar caminhantes / peregrinos, para o Caminho de Santiago. Com seus 24 anos de existência a ACACSC, teve o caminho da ilha como sendo o primeiro mais longo e isso é motivo de orgulho e alegria realiza-lo todos os anos, não medindo esforços para que tudo ocorra bem.

Assim no dia 04/11 , ás 7:00 hrs da manhã, foram chegando os caminhantes: mochilas, cajados, botas, chapéus, todos trajados adequadamente para a caminhada.

Os participantes originários de vários estados Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro, prometiam uma grande mescla de culturas, costumes, crenças, valores, tradições e experiências de caminhadas. Se inter-relacionariam num compartilhamento harmonioso que espantosamente nortearam nossa jornada.

O convívio permeado de muita alegria, não apenas permitiu como também fortaleceu estes aspectos e criou verdadeiros laços de amizade ao longo dos dias.

Este ano tivemos um mês de outubro extremamente chuvoso, olhávamos para o céu e só haviam nuvens, trovoadas, vendavais, até tornados e enchentes que nos deixavam ansiosos, porém sempre confiantes: o caminho vai acontecer!

Como um passe de mágica, a fé não “faio”, uma benção ou um prêmio?

Então sábado dia 04/11, o dia amanheceu radiante com céu azul, o sol brilhou cedo, forte e cheio de luz que nos iluminou, nos tornando fortes, confiantes e radiantes. Enchendo cada um de nós com muita energia, teríamos um lindo caminho a percorrer. Nos encontramos então no ponto e hora marcada como foi combinado, aos pés da nossa figueira, cada qual com sua camiseta com as cores do nosso estado.

Organizada a logística, mochilas despachadas nos carros de apoio abraçamos nossa figueira, com carinho e gratidão, ansiosos e emocionados, numa mescla de sentimentos, rezamos de mãos dadas o Pai Nosso e Ave Maria rogando por proteção neste desafio que se iniciava.

-“Bora”, Caminhar é preciso! Alegria, coragem e muita energia!

Os dois grupos partem juntos, irão percorrer os mesmos quilômetros em sentidos opostos. 23 partiram rumo ao Norte, com Sergio e Zilene como guias e 21, rumo ao Sul cujos as guias eram Cirlene e Selma. Salientamos a participação de Maria Zilda, idealizadora e promotora do primeiro caminho da Ilha, a quem devemos nossa eterna gratidão pela coragem e pelo rico legado que nos contemplou.

Como sequência da motivação vem a vivência, o aprendizado, que esta oportunidade se eternizaria. Entrar num grupo é dar e receber numa constância permanente.

Em grupos já definidos, fizemos nossa primeira apresentação: nomes, origem e sorteio dos “anjos” protetores de cada um. Assim como a “Ordem do Dia” sendo um pequeno descritivo da caminhada. Sutilmente estabelecemos um acordo de convivência, a fim de que todos pudessem se organizar e aproveitar o máximo que essa vivência tinha a oferecer.

Guiar não é apenas mostrar o caminho, é apresentá-los com todas as nuances que faz parte de uma caminhada em grupo.

Rotina:
– Café da manhã;
– Despacho das mochilas;
– Alongamentos;
– Ordem do dia: pequeno descritivo das características geográficas e culturais do trecho a ser percorrido. Tais como, grau de dificuldade, quilometragem, sugestão de roupas e outras detalhes relevantes. Mensagem do dia, a cargo de um dos participantes. Oração de mãos dadas e “Buen Camino”!

O tempo de caminhada varia de 6 à 8 horas, o grau de dificuldade também
varia muito. Os costões, as praias, as trilhas com lama, fechadas, escorregadias, riachos, determinavam para maior ou menos velocidade, caracterizando uma peregrinação, muito mais que uma caminhada, um convite a escutar a natureza, de como ela se apresenta e responde as agressões que muitas vezes esta sujeita.

Tudo isso foi motivo de reflexões, para que expressões de admiração, decepção, medos, cansaço, mau humor, emergissem em cada um expressados das mais variadas formas.

Em paralelo a solidariedade e a felicidade do compartilhamento, a alegria da própria superação de obstáculos e dificuldades, tornavam o grupo mais fortalecido, cada um com um aprendizado cujas leituras do contexto possibilitava visões diferentes e não menos enriquecedoras.

Farei uma breve narrativa das etapas percorridas pelos dois grupos, sendo que de direções inversas.

 

– Praça XV > Ribeirão da Ilha – 20 Km aproximadamente.                                                    

Características urbanas, travessia do aterro da Baía Sul com sua colônia de pescadores passando por bairros e base aérea.

Esta etapa termina / inicia na igreja nossa senhora da Lapa na Freguesia do Ribeirão da Ilha, de colonização açoriana com seus casarios, que também é referência pelo cultivo de ostras e mariscos e pela rica culinária com base nos frutos do mar.

O pastel de camarão e uma caipirinha é tudo de bom, um verdadeiro manjar dos deuses.

 

– Ribeirão da Ilha > Caieira da Barra do Sul > Pântano do Sul – 20 Km aproximadamente.

Extremo Sul da Ilha, Caieira da Barra do Sul e final da rodovia Baldicero Filomeno, é a maior rodovia do Estado de Santa Catarina, também é o final da rodovia e acesso de veículos.

As Águas Claras fazem parte do canal formado pela ilha e continente.

Leva o nome de Caieira por ter produzido cal oriundo da torrefação e moagem de conchas marinhas.

Ponto de partida, início da trilha que nos levaria a praia dos Naufragados. Esta trilha no meio da mata nos convida a contemplação. Escutar os pássaros, nos divertir com os saguis e se encantar com a beleza das flores em especial das bromélias, tornando um atrativo a todos naturalistas e estabelecendo um estreito vínculo do homem com a natureza.

Como a ressaca fortíssima impediu a passagem pela trilha do farol, seguimos direto à praia neste dia totalmente tomada pelas ondas quebrando nos costões. Uma beleza rara de ser apreciada.

O nome Naufragados, deriva de um navio que em 1753, ali naufragou com uma tripulação de 250 açorianos com destino ao Rio Grande do Sul. Os sobreviventes ali se refugiaram e muitos ali se fixaram de forma permanente. Em 1883 foi inaugurado o farol, para auxiliar as embarcações que por ali navegavam.

No século uma fortaleza foi construída na ilha de Araçatuba, defendendo a ilha da pirataria e de invasores.

Desta praia também avistamos as Ilhas Três Irmãs, Moleques do Sul, corais e a Ponta do Papagaio.

O acesso à praia dos Naufragados só é possível por trilhas ou por barcos. Para tomarmos a trilha que nos levaria ao Pântano do Sul, tivemos que contar as ondas e atravessar correndo, foi um momento de adrenalina pura!

Na trilha novamente passamos pelo pastinho, uma linda formação rochosa, com vistas deslumbrantes para as ilhas três irmãs. As ondas quebrando nas rochas, a espuma branca, o céu e mar de um azul que se encontravam, novamente ofereceu um dos mais belos cenários da natureza.

Um local perfeito para sentarmos, contemplarmos e é claro lanchar.

Chegamos à praia do Saquinho, canto e encanto para os apreciadores da aventura e da natureza. Várias cachoeiras convidam a um banho nas águas puras que vem das montanhas.

Seguindo por trilha chegamos à praia da Solidão, cobiçada pela beleza e sossego, essa praia se inicia as rodovias dando acesso para os carros.

Enfatizamos que percorrer entre a Caieira da Barra do Sul e a praia da Solidão, sem acesso de veículos é um mergulho nos cantos e encantos da natureza, por ser uma área de preservação por lei tanto suas encostas, morros e cachoeiras estão sob o manto da mata Atlântica.

O Pântano do Sul e os seus 3 kms e meio, sem nenhuma divisão geográfica engloba três balneários: Costa de dentro, Açores e Pântano do Sul com sua peculiar vila dos pescadores.

A forte ressaca, batendo de encontro às dunas impediu que caminhássemos pela praia. Tomamos um ônibus de linha que nos conduziu a pousada.

 

– Pântano do Sul > Armação – 22 km aproximadamente.

No Pântano do Sul existe uma vila de pescadores repleta de restaurantes com a gastronomia típica açoriana, preserva uma certa nostalgia da história. É o ponto de partida dos barcos pesqueiros e também dos grandes lanços da pesca da tainha o que ocorre entre maio até julho. A festa da tainha é um período muito esperado e comemorado pelos pescadores nativos e manezinho. Neste período só se fala na tainha e por este motivo é uma das mais tradicionais colônias de pescadores da Ilha de Santa Catarina.

Iniciamos nosso percurso do dia na entrada da trilha que leva a Lagoinha do Leste.

O céu muito azul prometia grandes visões e lindos panoramas da natureza. Esta trilha tem como característica ser bem traçada, pois é muito percorrida pelo surfistas que apreciam as ondas abertas da Lagoinha.

A trilha é puxada, com uma bela subida para aquecer e um pouco de lama decorrente da chuvarada, para trazer mais aventura ao percurso, nesse momento o auxílio do cajado fora fundamental e assim o grupo seguia feliz e encantado com o desafio.

Logo encararíamos a costa leste da Ilha.

Ao avistar a praia pela vista da trilha, o mar apresentou-se deslumbrante encontrando o céu no azul infinito. Que lindo! Também avistamos a pedra da Coroa, toda majestosa lá no alto do morro convidando para uma visita, não dessa vez, esse passeio ficará para uma próxima.

Ao chegar na praia encontramos um tronco trazido pela ressaca, um perfeito lugar para nos sentarmos e para um lanche rápido. Foi o suficiente para descansar um pouco e seguir em frente, ainda teríamos um longo e desafiante caminho pela frente e um belo morro com elevado grau de dificuldade, porém nada que intimidasse nossos bravos caminhantes.

As ondas quebrando nas encostas, formavam espumas brancas o que oferecia cenas irresistíveis para fotos, muitas fotos, e finalmente chegamos ao topo do morro. Um lugar afrodisíaco os casais não se pouparam para trocas de carinho e beijos cinematográficos, um momento lindo!

Um fotógrafo sensível e atento não deixou de captar uma linda cena de amor.

A Lagoinha do Leste, está em sua amplitude do alto do morro, está situada entre dois costumes e em meio a uma exuberante mata Atlântica, preservando a beleza, o ar puro e selvagem dos tempos de uma natureza virgem, ainda inexplorada.

Percorreram os encantos do alto do morro da Lagoinha até a praia do Matadeiro é pisar pé a pé, pedra a pedra e apreciar tanta beleza que não tem espaço para dificuldades e cansaço. Queremos mais!

A praia do Matadeiro por volta de 1785 foi palco de abates de baleias, principal atividade econômica na época. Atualmente é frequentada por surfistas e apreciadores da natureza. Ali no agradável bar-restaurante e comemoramos o final de nossa etapa do dia, com mix de frutos do mar e uma cervejinha para acompanhar.

A pousada Santana na armação nos acolheu com muito carinho, nos colocou à disposição suas dependências para fazermos um jantar compartilhado e integrativo, o famoso churrasco brasileiro.

Logo apareceram os encantados voluntários para comprar a carne, bebidas e a nossa mentora Maria Zilda nos presenteou com a melhor das maioneses e salada. Assim seguiu nossa tarde das 16 às 22, foram momentos de pura alegria, solidariedade, estreitamento de amizade e até rolou um bazar de calças especiais para caminhar. Um momento de encantos!

Saciada a fome, deixamos tudo em perfeita ordem, limpamos e arrumamos com a colaboração e muito entusiasmo de todos os participantes.

Agora é dormir cedo, pois uma das regras acordadas entre os participantes e estar pronto nos horários combinados.

 

– Armação > Campeche – 12 km aproximadamente.

Para este dia teríamos vários tipos de percursos, principalmente aquelas alternativas necessárias pelas fortes ondas que impediram fazer todo o trecho pelas praias.

Após nosso ritual de alongamento, ordem do dia, mensagem e oração. Caminhamos até a igreja datada de 1812, constituída com a utilização de óleo de baleia foto os barcos pesqueiros defronte a Ponta da praia da Armação, formava um cartão postal típico do local.

O calçadão do Pântano do Sul permite uma linda caminhada à beira-mar cerca de 3 km, saindo na SC da entrada ao parque da lagoa do Peri.

A lagoa do Peri, é a maior lagoa de água doce, Otávio da Costa catarinense e formada por um conjunto de pequenos mananciais hídricos que nascem nas encostas, formando a lagoa que abastece todo o sul da ilha.

O parque municipal da lagoa do Peri, e tem uma rica reserva biológica com uma diversidade em fauna e flora. O projeto lontra, busca preservar esta espécie em extinção.

Na travessia do parque, fomos atacados por um verdadeiro enxame de mosquitos, que devido ao acúmulo de água empossada pela chuvas proliferaram em abundância. Foi um “Deus nos acuda”.

No morro das Pedras, novamente tivemos que desviar o caminho pelas ruas que costeiam o mar. Pela praia estava inviável continuar a caminhada.

Pelas ruas urbanas chegamos à avenida pequeno Príncipe.

Na hora do lanche, optamos por um restaurante em frente ao mar. A cerveja e o pastel de camarão, já estavam eleitos como o cardápio preferido de todos os participantes.

Ao continuar a caminhada seguimos pela praia, agora com vasta extensão de areia e um vento contrário e tornou esse trecho bastante difícil.

Avistamos as fitas amarelas, indicando a entrada para ACEFAZ, o que foi uma alegria para todos, pois era lá que aconteceria o encontro entre os dois grupos Norte e Sul.

A travessia das dunas, com muitas Lagoas, lembrou os lençóis maranhenses e foi hora de tirar as botas ou molha-las, a água estava pelas canelas, foi uma experiência bem divertida.

A comemoração do encontro contou com a apresentação de um grupo folclórico de Boi de Mamão, formado por crianças que deram um show. Houve participação e integração do grupo com os caminhantes e brincadeiras, acarretando muita descontração e gargalhadas.

 

– Campeche > Barra da lagoa – 20 km aproximadamente.

Da ACEFAZ ao canto da lagoa, seguimos costeando a lagoa, Avenida das Rendeiras, que é muito simbólica pelo reduto de rendeiras que ali teciam suas rendas, infelizmente hoje já não temos mais.

Neste percurso nossos caminhantes puderam apreciar toda a lagoa famosa, ternura de rasa, poema ao luar, como canta nosso poeta sininho no canto de Amor à Ilha.

O trecho da Joaquina até a ponta do Gravatá estava interditada, devido a chuvarada.

Por uma trilha no extremo da lagoa, cruzamos a SC e fomos até a ponta do Gravatá. Desfrutamos de lindas encostas e a ponta do Gravatá é considerada uma das pontas mais bonitas da Ilha que ao chegar lá todos concordaram.

Bater uma foto na pedra do urso foi o pedido da vez!

Cruzamos a praia Mole, Galheta encontramos a trilha rumo a barra do canto da lagoa.

Ao chegarmos ao alto da boa vista um breve descanso e contemplação dos 360⁰ de vista que local oferece. Beleza pura!

Paisagem a perder de vista, envolta pelo céu azul, de encontro ao mar também azul o leste da Ilha e suas praias, também a lagoa da Conceição, as dunas que vão até a Joaquina e o canal que une a lagoa ao mar. Um lugar místico passivo de contemplação e reflexão.

O parque municipal da praia da Galheta, é uma área de preservação permanente, acesso se dá somente por trilhas.

Na praia da Galheta o nudismo é permitido.

A lagoa da Conceição foi habitada por sambaquieiros, índios Carijós, que influenciaram fortemente a cultura local, através do cultivo da mandioca, o uso de plantas fibrosas para a confecção de redes de pesca e pelo feitio de canoas escavadas em troncos de garapuvu.

A UFSC tem o núcleo de estudos açorianos cujo o objetivo é dar continuidade as tradições como a renda de bilro, as histórias de bruxas, benzedeiras, lobisomens e boitatás que ainda fazem parte da vida dos nativos.

O boi de mamão, terno de reis, ratoeira, cantoria do divino, pau de fita, são algumas manifestações artísticas culturais preservadas.

Enfim mais uma etapa vencida. O farol da Barra surge, passamos a ponte do canal e chegamos a barra da lagoa local de forte e cultura açoriana, considerada o maior núcleo pesqueiro da Ilha, mantém viva as raízes culturais como a produção de tarrafas e rendas.

A ponte pênsil liga uma margem a outra do canal da Barra. Atravessá-la quando se chega por trilha é uma emoção, além de ser uma atração da praia.

Jantamos uma deliciosa sequência de frutos do mar, prato típico da Ilha que acompanhado de um vinho tornou-se um jantar maravilhoso.

 

– Barra da Lagoa > Ingleses – 22 Km aproximadamente.

Feito nosso ritual pela manhã, fomos até o canal da barra com o mar, batemos a foto oficial e seguimos caminhando pela praia até a entrada do parque do Rio Vermelho.

No parque encontramos setas que sinalizavam a trilha, tudo perfeito se não fosse o ataque cruel dos mosquitos, contra os quais recorremos a galhas para espanta-los.

A travessia foi tranquila, apesar dos mosquitos e surpresa… Ferreira e Rudi nos aguardavam com um belo mix de frutas e sanduíches, sucos e água. Um espetáculo!

Descansados, descontraídos, hidratados e alimentados, seguimos estrada afora até o início da nova trilha, Costão do Santinho.

O Costão do Santinho, é o final do mar Leste e seus lindos costões, que nessa edição do caminho da Ilha esteve sempre estupendo, de rara beleza. Este trecho é de dificuldade média a alta. Foi preciso recorrer a cordas para superar alguns obstáculos também as mãos solidárias se fizeram presentes.

Paulo teve algumas dificuldades e Maria Zilda, conhecedora da trilha optou em não fazê-la. Seguiu com Ferreira para o hotel.

Chegando ao Santinho, Ricardo veio ao nosso encontro, já tinha reservado no restaurante ponte para comemorar com cerveja e claro aquele pastel de camarão!

Relaxados, atravessamos a praia, as dunas e finalmente chegamos a praia dos ingleses. Com a maré baixa nos foi permitido uma tranquila caminhada pela praia até o hotel Tatuíra.

Jantar previamente reservado no restaurante do Zé, após uma refeição satisfatória, vamos dormir cedo. Afinal, estamos na penúltima etapa do caminho e é a mais extensa tornando o grau de dificuldade elevado.

 

– Ingleses > Daniela – 31 km aproximadamente.

Esta etapa percorremos o caminho brasileiro de Santiago de Compostela, do final para o início: santuário sagrado coração de Jesus (Ingleses), até a igreja nossa senhora de Guadalupe (Canasvieiras). Foi dado aos caminhantes uma creden
cial do caminho.

Saímos cedo, fizemos nosso ritual da manhã em uma pracinha no início do caminho.

Começamos nossa caminhada pela trilha das Feiticeiras, além do grau de dificuldade alto foi bem difícil superar os mosquitos.

Maria Zilda fez questão de fazer a trilha contando com o apoio solidariedade dos companheiros. Anjos da guarda incansáveis a acompanharam lentamente.

Maria Zilda em prol de não causar transtornos ao grupo no cumprimento da etapa, preferiu voltar ao hotel e nos aguardar.

A trilha do morro do Rapa, é a mais extensa porém, a mais suave e foi vencida sem maiores dificuldades. Parada no Belvedere, onde se avista o morro das Aranhas, toda praia dos Ingleses, as dunas e a praia do Santinho, que formou uma linda paisagem.

Neste trecho encontramos o grupo de Criciúma, que estavam percorrendo o trecho em sentido oposto. Já conhecidos, foi uma festa encontrá-los.

Lagoinha do Norte seguimos em frente até a Ponta das Canas nosso local para lanche e repouso.

A maré baixa foi um merecido presente da natureza. Permitindo que fossemos caminhando sempre pela praia até Canasvieiras, um breve desvio, novamente pela praia percorremos até o forte de São José da Ponta grossa, ao todo foram 16 km de praias. Apertamos o passo, porém devido adiantada a hora no final de Jurerê – Forte, interrompemos o caminho e retornamos ao hotel.

Sendo nosso penúltimo dia juntos, nosso último jantar foi precedido de uma avaliação verbal, quando todos tiveram a oportunidade de se manifestarem expressando seus sentimentos que tiveram durante a caminhada. Foi bem significativa avaliação e surgiram algumas sugestões que buscaremos implanta-las.

Foi feita uma eleição, secreta, para escolher o “amigo do caminho” a ser revelado no encerramento, no sábado.

O jantar foi muito comemorado, pois é o último jantar juntos, comemoramos também o aniversário de Paulo e Ana, assim como o aprendizado, as amizades novas e também as resgatadas. De fato foi uma experiência incrível de muita superação. Nosso jantar foi regado a espumantes, vinhos e uma bela paella, por fim uma bem-vinda torta, todos estavam vibrando com muita alegria.

 

– Daniela > Praça XV – 20 Km aproximadamente.

O trecho Jurerê – Daniela, por questão de tempo não percorremos a pé, ficará para o ano que vem.

Fizemos uma trilha que sai da Foz do Rio Ratones até a ponta do Sambaqui, entrada para o canal da Ilha.

No nosso último ritual, belas mensagens foram compartilhadas. Regina convidou o grupo para cantar Jesus Cristo, foi uma emoção geral.

Ponta do Sambaqui, final da estrada interrompida pela foz do Rio Ratones, tiramos fotos com gosto de fim de caminhada, tínhamos mais alguns km a percorrer.

Atravessamos as comunidades de Cultura e tradições açorianas do mesmo período das comunidades do Sul da Ilha, por volta de 1750.

Rica em gastronomia casas típicas açorianas e um certo ar de nostalgia, com mar calmo, barcos e Canoas se misturavam com lanchas e veleiros, ao fundo a paisagem da nossa cidade com suas pontes monumentais.

Fizemos uma parada em santo Antônio para descanso e lanche. E dessa vez a pedida foi caldo de cana e uma coxinha da Ana Maria Braga.

Em ônibus de linha viemos até a Beira mar Norte e seguimos a pé percorrendo nossa pista de caminhada.

Uma das últimas fotos sob a ponte Hercílio Luz.

Passamos pelo mercado que fechava as portas, alfândega e parte da Conselheiro Mafra, nosso centro histórico.

Enfim, nossa velha Figueira nos aguardava. O outro grupo também acabaram de chegar. Fora um momento em que muitas emoções foram expressas com abraços, choros e muitos sorrisos, uma verdadeira manifestação de sentimentos dos mais diversos por essa linda experiência vivida passo a passo. Na escadaria da catedral a última foto de todos juntos.

Todos estavam de parabéns, ACACSC, como promotora do evento, os participantes para imersão e vivência nestes 8 dias de muita motivação, aprendizados e um acúmulo de lições que levaríamos nas mochilas, já cheias de saudades e gratidão.

Juntos crescemos muito!

 

ACACSC
Presidente: Sérgio;
Vice-presidente: Cirlene;
Tesoureiro: Zilene;
Secretário: Selma.

 

 

 

 

 

catarinense dos amigos do Caminho de Santiago de Compostela, tem como principal objetivo, divulgar e preparar caminhantes / peregrinos, para o Caminho de Santiago. Com seus 24 anos de existência a ACACSC, teve o caminho da ilha como sendo o primeiro mais longo e isso é motivo de orgulho e alegria realiza-lo todos os anos, não medindo esforços para que tudo ocorra bem.

Assim no dia 04/11 , ás 7:00 hrs da manhã, foram chegando os caminhantes: mochilas, cajados, botas, chapéus, todos trajados adequadamente para a caminhada.

Os participantes originários de vários estados Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro, prometiam uma grande mescla de culturas, costumes, crenças, valores, tradições e experiências de caminhadas. Se inter-relacionariam num compartilhamento harmonioso que espantosamente nortearam nossa jornada.

O convívio permeado de muita alegria, não apenas permitiu como também fortaleceu estes aspectos e criou verdadeiros laços de amizade ao longo dos dias.

Este ano tivemos um mês de outubro extremamente chuvoso, olhávamos para o céu e só haviam nuvens, trovoadas, vendavais, até tornados e enchentes que nos deixavam ansiosos, porém sempre confiantes: o caminho vai acontecer!

Como um passe de mágica, a fé não “faio”, uma benção ou um prêmio?

Então sábado dia 04/11, o dia amanheceu radiante com céu azul, o sol brilhou cedo, forte e cheio de luz que nos iluminou, nos tornando fortes, confiantes e radiantes. Enchendo cada um de nós com muita energia, teríamos um lindo caminho a percorrer. Nos encontramos então no ponto e hora marcada como foi combinado, aos pés da nossa figueira, cada qual com sua camiseta com as cores do nosso estado.

Organizada a logística, mochilas despachadas nos carros de apoio abraçamos nossa figueira, com carinho e gratidão, ansiosos e emocionados, numa mescla de sentimentos, rezamos de mãos dadas o Pai Nosso e Ave Maria rogando por proteção neste desafio que se iniciava.

-“Bora”, Caminhar é preciso! Alegria, coragem e muita energia!

Os dois grupos partem juntos, irão percorrer os mesmos quilômetros em sentidos opostos. 23 partiram rumo ao Norte, com Sergio e Zilene como guias e 21, rumo ao Sul cujos as guias eram Cirlene e Selma. Salientamos a participação de Maria Zilda, idealizadora e promotora do primeiro caminho da Ilha, a quem devemos nossa eterna gratidão pela coragem e pelo rico legado que nos contemplou.

Como sequência da motivação vem a vivência, o aprendizado, que esta oportunidade se eternizaria. Entrar num grupo é dar e receber numa constância permanente.

Em grupos já definidos, fizemos nossa primeira apresentação: nomes, origem e sorteio dos “anjos” protetores de cada um. Assim como a “Ordem do Dia” sendo um pequeno descritivo da caminhada. Sutilmente estabelecemos um acordo de convivência, a fim de que todos pudessem se organizar e aproveitar o máximo que essa vivência tinha a oferecer.

Guiar não é apenas mostrar o caminho, é apresentá-los com todas as nuances que faz parte de uma caminhada em grupo.

Rotina:
– Café da manhã;
– Despacho das mochilas;
– Alongamentos;
– Ordem do dia: pequeno descritivo das características geográficas e culturais do trecho a ser percorrido. Tais como, grau de dificuldade, quilometragem, sugestão de roupas e outras detalhes relevantes. Mensagem do dia, a cargo de um dos participantes. Oração de mãos dadas e “Buen Camino”!

O tempo de caminhada varia de 6 à 8 horas, o grau de dificuldade também
varia muito. Os costões, as praias, as trilhas com lama, fechadas, escorregadias, riachos, determinavam para maior ou menos velocidade, caracterizando uma peregrinação, muito mais que uma caminhada, um convite a escutar a natureza, de como ela se apresenta e responde as agressões que muitas vezes esta sujeita.

Tudo isso foi motivo de reflexões, para que expressões de admiração, decepção, medos, cansaço, mau humor, emergissem em cada um expressados das mais variadas formas.

Em paralelo a solidariedade e a felicidade do compartilhamento, a alegria da própria superação de obstáculos e dificuldades, tornavam o grupo mais fortalecido, cada um com um aprendizado cujas leituras do contexto possibilitava visões diferentes e não menos enriquecedoras.

Farei uma breve narrativa das etapas percorridas pelos dois grupos, sendo que de direções inversas.

 

– Praça XV > Ribeirão da Ilha – 20 Km aproximadamente.                                                    

Características urbanas, travessia do aterro da Baía Sul com sua colônia de pescadores passando por bairros e base aérea.

Esta etapa termina / inicia na igreja nossa senhora da Lapa na Freguesia do Ribeirão da Ilha, de colonização açoriana com seus casarios, que também é referência pelo cultivo de ostras e mariscos e pela rica culinária com base nos frutos do mar.

O pastel de camarão e uma caipirinha é tudo de bom, um verdadeiro manjar dos deuses.

 

– Ribeirão da Ilha > Caieira da Barra do Sul > Pântano do Sul – 20 Km aproximadamente.

Extremo Sul da Ilha, Caieira da Barra do Sul e final da rodovia Baldicero Filomeno, é a maior rodovia do Estado de Santa Catarina, também é o final da rodovia e acesso de veículos.

As Águas Claras fazem parte do canal formado pela ilha e continente.

Leva o nome de Caieira por ter produzido cal oriundo da torrefação e moagem de conchas marinhas.

Ponto de partida, início da trilha que nos levaria a praia dos Naufragados. Esta trilha no meio da mata nos convida a contemplação. Escutar os pássaros, nos divertir com os saguis e se encantar com a beleza das flores em especial das bromélias, tornando um atrativo a todos naturalistas e estabelecendo um estreito vínculo do homem com a natureza.

Como a ressaca fortíssima impediu a passagem pela trilha do farol, seguimos direto à praia neste dia totalmente tomada pelas ondas quebrando nos costões. Uma beleza rara de ser apreciada.

O nome Naufragados, deriva de um navio que em 1753, ali naufragou com uma tripulação de 250 açorianos com destino ao Rio Grande do Sul. Os sobreviventes ali se refugiaram e muitos ali se fixaram de forma permanente. Em 1883 foi inaugurado o farol, para auxiliar as embarcações que por ali navegavam.

No século uma fortaleza foi construída na ilha de Araçatuba, defendendo a ilha da pirataria e de invasores.

Desta praia também avistamos as Ilhas Três Irmãs, Moleques do Sul, corais e a Ponta do Papagaio.

O acesso à praia dos Naufragados só é possível por trilhas ou por barcos. Para tomarmos a trilha que nos levaria ao Pântano do Sul, tivemos que contar as ondas e atravessar correndo, foi um momento de adrenalina pura!

Na trilha novamente passamos pelo pastinho, uma linda formação rochosa, com vistas deslumbrantes para as ilhas três irmãs. As ondas quebrando nas rochas, a espuma branca, o céu e mar de um azul que se encontravam, novamente ofereceu um dos mais belos cenários da natureza.

Um local perfeito para sentarmos, contemplarmos e é claro lanchar.

Chegamos à praia do Saquinho, canto e encanto para os apreciadores da aventura e da natureza. Várias cachoeiras convidam a um banho nas águas puras que vem das montanhas.

Seguindo por trilha chegamos à praia da Solidão, cobiçada pela beleza e sossego, essa praia se inicia as rodovias dando acesso para os carros.

Enfatizamos que percorrer entre a Caieira da Barra do Sul e a praia da Solidão, sem acesso de veículos é um mergulho nos cantos e encantos da natureza, por ser uma área de preservação por lei tanto suas encostas, morros e cachoeiras estão sob o manto da mata Atlântica.

O Pântano do Sul e os seus 3 kms e meio, sem nenhuma divisão geográfica engloba três balneários: Costa de dentro, Açores e Pântano do Sul com sua peculiar vila dos pescadores.

A forte ressaca, batendo de encontro às dunas impediu que caminhássemos pela praia. Tomamos um ônibus de linha que nos conduziu a pousada.

 

– Pântano do Sul > Armação – 22 km aproximadamente.

No Pântano do Sul existe uma vila de pescadores repleta de restaurantes com a gastronomia típica açoriana, preserva uma certa nostalgia da história. É o ponto de partida dos barcos pesqueiros e também dos grandes lanços da pesca da tainha o que ocorre entre maio até julho. A festa da tainha é um período muito esperado e comemorado pelos pescadores nativos e manezinho. Neste período só se fala na tainha e por este motivo é uma das mais tradicionais colônias de pescadores da Ilha de Santa Catarina.

Iniciamos nosso percurso do dia na entrada da trilha que leva a Lagoinha do Leste.

O céu muito azul prometia grandes visões e lindos panoramas da natureza. Esta trilha tem como característica ser bem traçada, pois é muito percorrida pelo surfistas que apreciam as ondas abertas da Lagoinha.

A trilha é puxada, com uma bela subida para aquecer e um pouco de lama decorrente da chuvarada, para trazer mais aventura ao percurso, nesse momento o auxílio do cajado fora fundamental e assim o grupo seguia feliz e encantado com o desafio.

Logo encararíamos a costa leste da Ilha.

Ao avistar a praia pela vista da trilha, o mar apresentou-se deslumbrante encontrando o céu no azul infinito. Que lindo! Também avistamos a pedra da Coroa, toda majestosa lá no alto do morro convidando para uma visita, não dessa vez, esse passeio ficará para uma próxima.

Ao chegar na praia encontramos um tronco trazido pela ressaca, um perfeito lugar para nos sentarmos e para um lanche rápido. Foi o suficiente para descansar um pouco e seguir em frente, ainda teríamos um longo e desafiante caminho pela frente e um belo morro com elevado grau de dificuldade, porém nada que intimidasse nossos bravos caminhantes.

As ondas quebrando nas encostas, formavam espumas brancas o que oferecia cenas irresistíveis para fotos, muitas fotos, e finalmente chegamos ao topo do morro. Um lugar afrodisíaco os casais não se pouparam para trocas de carinho e beijos cinematográficos, um momento lindo!

Um fotógrafo sensível e atento não deixou de captar uma linda cena de amor.

A Lagoinha do Leste, está em sua amplitude do alto do morro, está situada entre dois costumes e em meio a uma exuberante mata Atlântica, preservando a beleza, o ar puro e selvagem dos tempos de uma natureza virgem, ainda inexplorada.

Percorreram os encantos do alto do morro da Lagoinha até a praia do Matadeiro é pisar pé a pé, pedra a pedra e apreciar tanta beleza que não tem espaço para dificuldades e cansaço. Queremos mais!

A praia do Matadeiro por volta de 1785 foi palco de abates de baleias, principal atividade econômica na época. Atualmente é frequentada por surfistas e apreciadores da natureza. Ali no agradável bar-restaurante e comemoramos o final de nossa etapa do dia, com mix de frutos do mar e uma cervejinha para acompanhar.

A pousada Santana na armação nos acolheu com muito carinho, nos colocou à disposição suas dependências para fazermos um jantar compartilhado e integrativo, o famoso churrasco brasileiro.

Logo apareceram os encantados voluntários para comprar a carne, bebidas e a nossa mentora Maria Zilda nos presenteou com a melhor das maioneses e salada. Assim seguiu nossa tarde das 16 às 22, foram momentos de pura alegria, solidariedade, estreitamento de amizade e até rolou um bazar de calças especiais para caminhar. Um momento de encantos!

Saciada a fome, deixamos tudo em perfeita ordem, limpamos e arrumamos com a colaboração e muito entusiasmo de todos os participantes.

Agora é dormir cedo, pois uma das regras acordadas entre os participantes e estar pronto nos horários combinados.

 

– Armação > Campeche – 12 km aproximadamente.

Para este dia teríamos vários tipos de percursos, principalmente aquelas alternativas necessárias pelas fortes ondas que impediram fazer todo o trecho pelas praias.

Após nosso ritual de alongamento, ordem do dia, mensagem e oração. Caminhamos até a igreja datada de 1812, constituída com a utilização de óleo de baleia foto os barcos pesqueiros defronte a Ponta da praia da Armação, formava um cartão postal típico do local.

O calçadão do Pântano do Sul permite uma linda caminhada à beira-mar cerca de 3 km, saindo na SC da entrada ao parque da lagoa do Peri.

A lagoa do Peri, é a maior lagoa de água doce, Otávio da Costa catarinense e formada por um conjunto de pequenos mananciais hídricos que nascem nas encostas, formando a lagoa que abastece todo o sul da ilha.

O parque municipal da lagoa do Peri, e tem uma rica reserva biológica com uma diversidade em fauna e flora. O projeto lontra, busca preservar esta espécie em extinção.

Na travessia do parque, fomos atacados por um verdadeiro enxame de mosquitos, que devido ao acúmulo de água empossada pela chuvas proliferaram em abundância. Foi um “Deus nos acuda”.

No morro das Pedras, novamente tivemos que desviar o caminho pelas ruas que costeiam o mar. Pela praia estava inviável continuar a caminhada.

Pelas ruas urbanas chegamos à avenida pequeno Príncipe.

Na hora do lanche, optamos por um restaurante em frente ao mar. A cerveja e o pastel de camarão, já estavam eleitos como o cardápio preferido de todos os participantes.

Ao continuar a caminhada seguimos pela praia, agora com vasta extensão de areia e um vento contrário e tornou esse trecho bastante difícil.

Avistamos as fitas amarelas, indicando a entrada para ACEFAZ, o que foi uma alegria para todos, pois era lá que aconteceria o encontro entre os dois grupos Norte e Sul.

A travessia das dunas, com muitas Lagoas, lembrou os lençóis maranhenses e foi hora de tirar as botas ou molha-las, a água estava pelas canelas, foi uma experiência bem divertida.

A comemoração do encontro contou com a apresentação de um grupo folclórico de Boi de Mamão, formado por crianças que deram um show. Houve participação e integração do grupo com os caminhantes e brincadeiras, acarretando muita descontração e gargalhadas.

 

– Campeche > Barra da lagoa – 20 km aproximadamente.

Da ACEFAZ ao canto da lagoa, seguimos costeando a lagoa, Avenida das Rendeiras, que é muito simbólica pelo reduto de rendeiras que ali teciam suas rendas, infelizmente hoje já não temos mais.

Neste percurso nossos caminhantes puderam apreciar toda a lagoa famosa, ternura de rasa, poema ao luar, como canta nosso poeta sininho no canto de Amor à Ilha.

O trecho da Joaquina até a ponta do Gravatá estava interditada, devido a chuvarada.

Por uma trilha no extremo da lagoa, cruzamos a SC e fomos até a ponta do Gravatá. Desfrutamos de lindas encostas e a ponta do Gravatá é considerada uma das pontas mais bonitas da Ilha que ao chegar lá todos concordaram.

Bater uma foto na pedra do urso foi o pedido da vez!

Cruzamos a praia Mole, Galheta encontramos a trilha rumo a barra do canto da lagoa.

Ao chegarmos ao alto da boa vista um breve descanso e contemplação dos 360⁰ de vista que local oferece. Beleza pura!

Paisagem a perder de vista, envolta pelo céu azul, de encontro ao mar também azul o leste da Ilha e suas praias, também a lagoa da Conceição, as dunas que vão até a Joaquina e o canal que une a lagoa ao mar. Um lugar místico passivo de contemplação e reflexão.

O parque municipal da praia da Galheta, é uma área de preservação permanente, acesso se dá somente por trilhas.

Na praia da Galheta o nudismo é permitido.

A lagoa da Conceição foi habitada por sambaquieiros, índios Carijós, que influenciaram fortemente a cultura local, através do cultivo da mandioca, o uso de plantas fibrosas para a confecção de redes de pesca e pelo feitio de canoas escavadas em troncos de garapuvu.

A UFSC tem o núcleo de estudos açorianos cujo o objetivo é dar continuidade as tradições como a renda de bilro, as histórias de bruxas, benzedeiras, lobisomens e boitatás que ainda fazem parte da vida dos nativos.

O boi de mamão, terno de reis, ratoeira, cantoria do divino, pau de fita, são algumas manifestações artísticas culturais preservadas.

Enfim mais uma etapa vencida. O farol da Barra surge, passamos a ponte do canal e chegamos a barra da lagoa local de forte e cultura açoriana, considerada o maior núcleo pesqueiro da Ilha, mantém viva as raízes culturais como a produção de tarrafas e rendas.

A ponte pênsil liga uma margem a outra do canal da Barra. Atravessá-la quando se chega por trilha é uma emoção, além de ser uma atração da praia.

Jantamos uma deliciosa sequência de frutos do mar, prato típico da Ilha que acompanhado de um vinho tornou-se um jantar maravilhoso.

 

– Barra da Lagoa > Ingleses – 22 Km aproximadamente.

Feito nosso ritual pela manhã, fomos até o canal da barra com o mar, batemos a foto oficial e seguimos caminhando pela praia até a entrada do parque do Rio Vermelho.

No parque encontramos setas que sinalizavam a trilha, tudo perfeito se não fosse o ataque cruel dos mosquitos, contra os quais recorremos a galhas para espanta-los.

A travessia foi tranquila, apesar dos mosquitos e surpresa… Ferreira e Rudi nos aguardavam com um belo mix de frutas e sanduíches, sucos e água. Um espetáculo!

Descansados, descontraídos, hidratados e alimentados, seguimos estrada afora até o início da nova trilha, Costão do Santinho.

O Costão do Santinho, é o final do mar Leste e seus lindos costões, que nessa edição do caminho da Ilha esteve sempre estupendo, de rara beleza. Este trecho é de dificuldade média a alta. Foi preciso recorrer a cordas para superar alguns obstáculos também as mãos solidárias se fizeram presentes.

Paulo teve algumas dificuldades e Maria Zilda, conhecedora da trilha optou em não fazê-la. Seguiu com Ferreira para o hotel.

Chegando ao Santinho, Ricardo veio ao nosso encontro, já tinha reservado no restaurante ponte para comemorar com cerveja e claro aquele pastel de camarão!

Relaxados, atravessamos a praia, as dunas e finalmente chegamos a praia dos ingleses. Com a maré baixa nos foi permitido uma tranquila caminhada pela praia até o hotel Tatuíra.

Jantar previamente reservado no restaurante do Zé, após uma refeição satisfatória, vamos dormir cedo. Afinal, estamos na penúltima etapa do caminho e é a mais extensa tornando o grau de dificuldade elevado.

 

– Ingleses > Daniela – 31 km aproximadamente.

Esta etapa percorremos o caminho brasileiro de Santiago de Compostela, do final para o início: santuário sagrado coração de Jesus (Ingleses), até a igreja nossa senhora de Guadalupe (Canasvieiras). Foi dado aos caminhantes uma creden
cial do caminho.

Saímos cedo, fizemos nosso ritual da manhã em uma pracinha no início do caminho.

Começamos nossa caminhada pela trilha das Feiticeiras, além do grau de dificuldade alto foi bem difícil superar os mosquitos.

Maria Zilda fez questão de fazer a trilha contando com o apoio solidariedade dos companheiros. Anjos da guarda incansáveis a acompanharam lentamente.

Maria Zilda em prol de não causar transtornos ao grupo no cumprimento da etapa, preferiu voltar ao hotel e nos aguardar.

A trilha do morro do Rapa, é a mais extensa porém, a mais suave e foi vencida sem maiores dificuldades. Parada no Belvedere, onde se avista o morro das Aranhas, toda praia dos Ingleses, as dunas e a praia do Santinho, que formou uma linda paisagem.

Neste trecho encontramos o grupo de Criciúma, que estavam percorrendo o trecho em sentido oposto. Já conhecidos, foi uma festa encontrá-los.

Lagoinha do Norte seguimos em frente até a Ponta das Canas nosso local para lanche e repouso.

A maré baixa foi um merecido presente da natureza. Permitindo que fossemos caminhando sempre pela praia até Canasvieiras, um breve desvio, novamente pela praia percorremos até o forte de São José da Ponta grossa, ao todo foram 16 km de praias. Apertamos o passo, porém devido adiantada a hora no final de Jurerê – Forte, interrompemos o caminho e retornamos ao hotel.

Sendo nosso penúltimo dia juntos, nosso último jantar foi precedido de uma avaliação verbal, quando todos tiveram a oportunidade de se manifestarem expressando seus sentimentos que tiveram durante a caminhada. Foi bem significativa avaliação e surgiram algumas sugestões que buscaremos implanta-las.

Foi feita uma eleição, secreta, para escolher o “amigo do caminho” a ser revelado no encerramento, no sábado.

O jantar foi muito comemorado, pois é o último jantar juntos, comemoramos também o aniversário de Paulo e Ana, assim como o aprendizado, as amizades novas e também as resgatadas. De fato foi uma experiência incrível de muita superação. Nosso jantar foi regado a espumantes, vinhos e uma bela paella, por fim uma bem-vinda torta, todos estavam vibrando com muita alegria.

 

– Daniela > Praça XV – 20 Km aproximadamente.

O trecho Jurerê – Daniela, por questão de tempo não percorremos a pé, ficará para o ano que vem.

Fizemos uma trilha que sai da Foz do Rio Ratones até a ponta do Sambaqui, entrada para o canal da Ilha.

No nosso último ritual, belas mensagens foram compartilhadas. Regina convidou o grupo para cantar Jesus Cristo, foi uma emoção geral.

Ponta do Sambaqui, final da estrada interrompida pela foz do Rio Ratones, tiramos fotos com gosto de fim de caminhada, tínhamos mais alguns km a percorrer.

Atravessamos as comunidades de Cultura e tradições açorianas do mesmo período das comunidades do Sul da Ilha, por volta de 1750.

Rica em gastronomia casas típicas açorianas e um certo ar de nostalgia, com mar calmo, barcos e Canoas se misturavam com lanchas e veleiros, ao fundo a paisagem da nossa cidade com suas pontes monumentais.

Fizemos uma parada em santo Antônio para descanso e lanche. E dessa vez a pedida foi caldo de cana e uma coxinha da Ana Maria Braga.

Em ônibus de linha viemos até a Beira mar Norte e seguimos a pé percorrendo nossa pista de caminhada.

Uma das últimas fotos sob a ponte Hercílio Luz.

Passamos pelo mercado que fechava as portas, alfândega e parte da Conselheiro Mafra, nosso centro histórico.

Enfim, nossa velha Figueira nos aguardava. O outro grupo também acabaram de chegar. Fora um momento em que muitas emoções foram expressas com abraços, choros e muitos sorrisos, uma verdadeira manifestação de sentimentos dos mais diversos por essa linda experiência vivida passo a passo. Na escadaria da catedral a última foto de todos juntos.

Todos estavam de parabéns, ACACSC, como promotora do evento, os participantes para imersão e vivência nestes 8 dias de muita motivação, aprendizados e um acúmulo de lições que levaríamos nas mochilas, já cheias de saudades e gratidão.

Juntos crescemos muito!

 

ACACSC
Presidente: Sérgio;
Vice-presidente: Cirlene;
Tesoureiro: Zilene;
Secretário: Selma.